Escrevia
Horácio há 2000 anos : “parturiente montes, nascetur
ridículus mus” ( as montanhas parem um rato ridículo).
Fazia referência a outra fábula, escrita 7 séculos
antes dele, por Esopo, (livre tradução)
“
Com
vários gestos horrorosos,/
os
montes ao parir deram sinais./
Consentiram
os homens temerosos
ver
nascer os abortos mais fatais./
Depois
que com uivos espantosos/
infundiram
pavor aos mortais,/
estes
montes que ao mundo estremeceram/
um
rato foi o que pariram”
Como
se o tempo não passasse, a fábula, que fala do fato de
que aqueles que mais ostentam, são os que menos fazem, volta a
massacrar, com muita atualidade.
Pequeno
recuo no tempo.. No portal do g1.globo.com de 27/10/2014, uma
pequena manchete “Dilma nega divisão do país....”
junto ao resultado das eleições.
Já
em 27 de outubro de 2014 começava a se parir este rato, que
vinha sendo engendrado há tempos, mas ali começa o
grande barulho, o grande ruído, a manutenção das
mentiras que já vinham sendo espalhadas, desde os campanários,
nos últimos anos, sem pudor, doravante, sem pudor; se obviava
a gestão de um nefasto golpe, impedindo o governo de governar.
Tenho
claro cá comigo, que os níveis de corrupção
generalizada e institucionalizada me são incompreensíveis
para uma república democrática. Os políticos
formaram bandos delitivos. Todos juntos, com seus roubos
sistemáticos, uns uivam que são os outros, apoiados por
instituições públicas e privadas, como se nada
tivessem, ou têm feito. Mas que no meio desse barulho, o que
está em jogo é o Estado de Bem Estar Social, que nunca
tínhamos tangenciado, e como meteoro anunciado, passaremos ao
largo do nosso planeta distributivo e social imaginário.
Com
suas vozes portentosas, com seu alto-falante global de campanário
de igreja matriz, anunciam os crimes alheios, primeiro escondendo os
próprios, mas escondendo acima de tudo o retrocesso, sem
juízo, dos direitos das classes trabalhadoras. Na fábula,
tanto barulho dá em vento, mas aqui, o que se vê são
perdas inestimáveis. A começar pela própria
democracia.