Sabia que o dogma da presença real de Cristo na Hóstia
consagrada data de 1215? Eu não sabia. Quer dizer, o IV
Concilio de Letrão, foi quem decretou que a hóstia era
o corpo de Cristo. Até então, por treze séculos
era só um símbolo, não sua realíssima
carne. Nem havia que se confessar. Nem sabia que foi depois disso que
se esparramou pelo mundo, histórias de judeus, que de pois de
engolir uma hóstia, eram acometidos de todos os tormentos da
paixão. Em vez de dissolver, a hóstia sangrava e
sangrava, até que o sangue denunciasse o malfeitor, e
imediatamente era submetido a todos os castigos imagináveis e
inimagináveis para purgar seu sacrilégio.
12 de abr. de 2016
Á inocência não convém a Política.
A
inocência não convém, em Política.
Num
país longínquo derrubaram a presidenta da presidência.
Não era improvável que sucedera, mas não
queríamos crer, porque esse país tão longínquo,
como qualquer outro país longínquo, está à porta
de casa.
A
história, longe de se comportar dialeticamente, se move a
golpes e espasmos, e se faz notar novamente. A história,
ainda que não nos goste acreditar, é, sobretudo, isso:
O de repente.
Os
rins da história são propensos às cólicas;
é comum ao se expulsar a pedra, que se salpique de sangue.
Esses sujeitos que expulsaram a presidenta, não os
encontraremos nos ônibus que costumamos ir, mas são
nossos vizinhos, perseguem o poder com bombas atômicas. Mas,
nós aprendemos a pensar em outras coisas. Não que não
damos a menor bola, porque, certamente, Dilma não seja uma
pedra no rim, mas talvez nos tranquilize um pouco o bom aspecto
desse nosso vizinho, que não viaja com a gente de ônibus.
Faz
tempo que renunciamos a fazer política, exatamente desde que
nos fizeram acreditar nas mãos limpas. Os grandes países
têm interesses ideológicos para serem defendidos fora de
suas casas; a países como o nosso só permitem ter
interesses comerciais.
De
fato, o país dessa presidenta deposta a golpes nos rins, é
um país assim, que deveria se manter somente com seus
interesses comerciais; e para defender interesses comerciais basta
ter as mãos impolutas e assistir aos coquetéis que vai
gente com muita grana ( a grana sempre cheira bem, ainda que proceda
de bolsos tenebrosos).
Ouvirei
esta noticia no domingo, voltando de algum passeio, talvez já
a noitinha, porque à noite não se vê o que está
alem do nariz, talvez me encante, nesta noite, contemplar o próprio
nariz.
Radialistocracia.
Da Democracia sempre se disse: é uma bosta mas é boa. Nunca encontrei, nem razoável, as condições de nossa democracia. Um exemplo besta: Um cara que fica diariamente usando de um microfone de rádio "falando mal do político de plantão", por fim se lança candidato, sem partido, sem programa (mínimo sequer) de governo, resulta que é conhecido demais, e recebe os votos, em troca daquele seu " descer o pau " no prefeito. Temos exemplos gritantes em Ribeirão Preto e Campinas, de radialistas eleitos, sem ter a mínima noção de "Urbanidade", e o pior, ao fim e ao cabo, nem tapar os buracos das ruas, essa coisa singela, conseguem
Impeachment é um estupro, mas foi ela quem provocou, dizem que.
Um disparate. Quase dois anos impedida de governar, um estupro, mas foi ela que provocou, dizem que. Impedida de nomear ministro, numa clara interferência do Judiciário, aonde não lhe convém, na Política. Alguém pagará os pratos quebrados, trincados e sujos desta festa insana. Há dois anos, muito mais, concentrados em buscar um culpado pelo próprio fracasso empreendedor. De vaza em vaza vão amealhando milho para compor a foto final.
Para essa foto, que a Nobre imprensa redundará, muitos se ajoelharão ecumenicamente. E Hosana das alturas bendirá cada centavo a menos do teu soldo. Mamem!10 de abr. de 2016
Deiscência.
Deiscência.
A deiscência é a ironia do limite. Aquele momento, em que um acontecimento se veste de domingo, de ver deus, é a primavera.
É coisa botânica. É a maturação natural de uma planta que liberta seu pólen, semente. Abertura espontânea para aquilo que estava trancado.
A deiscência é a alegria do que amadurece, para transbordar.
Eckhardt (1260-1327) dizia:” a natureza é um todo deiscente, aonde o imanente é o transcendente, e ao se escutar o fundo rumor germinal da terra se depreende a equivalência da Sexta da Paixão com a Ressurreição.” Foi declarado herético.
Neste momento deiscente digo que está com meus propósitos, está como sou. Amadurece algo em mim fechado, e que se cair ao solo, bendirei a árvore humana que me produziu, porque sempre escapo do que quer me prender.
Como em Êxodo (3,14): Serei o que serei.
8 de abr. de 2016
Muitos Gemidos para um Rato ser Parido. .
Escrevia
Horácio há 2000 anos : “parturiente montes, nascetur
ridículus mus” ( as montanhas parem um rato ridículo).
Fazia referência a outra fábula, escrita 7 séculos
antes dele, por Esopo, (livre tradução)
“
Com
vários gestos horrorosos,/
os
montes ao parir deram sinais./
Consentiram
os homens temerosos
ver
nascer os abortos mais fatais./
Depois
que com uivos espantosos/
infundiram
pavor aos mortais,/
estes
montes que ao mundo estremeceram/
um
rato foi o que pariram”
Como
se o tempo não passasse, a fábula, que fala do fato de
que aqueles que mais ostentam, são os que menos fazem, volta a
massacrar, com muita atualidade.
Pequeno
recuo no tempo.. No portal do g1.globo.com de 27/10/2014, uma
pequena manchete “Dilma nega divisão do país....”
junto ao resultado das eleições.
Já
em 27 de outubro de 2014 começava a se parir este rato, que
vinha sendo engendrado há tempos, mas ali começa o
grande barulho, o grande ruído, a manutenção das
mentiras que já vinham sendo espalhadas, desde os campanários,
nos últimos anos, sem pudor, doravante, sem pudor; se obviava
a gestão de um nefasto golpe, impedindo o governo de governar.
Tenho
claro cá comigo, que os níveis de corrupção
generalizada e institucionalizada me são incompreensíveis
para uma república democrática. Os políticos
formaram bandos delitivos. Todos juntos, com seus roubos
sistemáticos, uns uivam que são os outros, apoiados por
instituições públicas e privadas, como se nada
tivessem, ou têm feito. Mas que no meio desse barulho, o que
está em jogo é o Estado de Bem Estar Social, que nunca
tínhamos tangenciado, e como meteoro anunciado, passaremos ao
largo do nosso planeta distributivo e social imaginário.
Com
suas vozes portentosas, com seu alto-falante global de campanário
de igreja matriz, anunciam os crimes alheios, primeiro escondendo os
próprios, mas escondendo acima de tudo o retrocesso, sem
juízo, dos direitos das classes trabalhadoras. Na fábula,
tanto barulho dá em vento, mas aqui, o que se vê são
perdas inestimáveis. A começar pela própria
democracia.
7 de abr. de 2016
Espelho no teto.
Dito,
digo, Benedito manejava teoria estética que contrariava a
ideia
dos estoicos. Para os estoicos a beleza era
impactante por sua simetria. Seu discípulo, Manezinho
Pernambuco, conta que Ditão, depois de provar com muitos
sabichões, mais bichões que sábios, ficou
fascinado com Antônio Saco, um homem que levava a vida levando
sacas de café, na estação da Gironda e aprendeu
com ele a amar, como busca eclética, a tal ponto, que
abandonou Stoa para acompanhar Cido III, o Grande, na sua viagem á
Pérsia, que tinha como finalidade, se familiarizar com os
vedras. Não consegue, porque Cido III foi morto, e ele teve
que se virar. O que acabou, por fim, por vingar, foi sua ideia
da arte como espelho; o que pode perfeitamente servir de metáfora
para traçar um paralelo com o re-design de nossas fantasias
sexuais com espelho no teto.
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