10 de mar. de 2016

O Estado, Vargas e Grande Sertão Veredas.Pra quê? Deixa : bobo com bobo – um dia, algum estala e aprende: esperta. Só que, às vezes, por mais auxiliar, deus espalha, no meio, um pingado de pimenta... gsv


Pra quê? Deixa : bobo com bobo – um dia, algum estala e aprende: esperta. Só que, às vezes, por mais auxiliar, deus espalha, no meio, um pingado de pimenta... gsv












Se um dia houver um Estado ótimo, quer dizer no limite de sua eficácia e eficiência, seria péssima noticia para os seus concidadãos, concernente à liberdade. O brado é, por um lado: Menos Estado, por outro: Estado Eficaz e Eficiente.
As perguntas que proponho e tento responder são estas: Liberdade (menos estado) é ruim para quem? Bom (estado eficiente e eficaz) para quem?

Desde a proclamação da República Federativa do Brasil, jamais tivemos um estado de fato. Pode-se dizer que a primeira tentativa se deu com Getúlio Vargas em e partindo de 1930. O Golpe de Vargas sendo possível justo pela fraqueza do Estado Central. A fragilidade do Estado está solidificada nas Campanhas de Canudos, na existência de Lampião e seus congeneres, em Pe Cícero tomando o governo do Ceará, e o tamanho do caixa da “União” que não assomava aos 5% do PIB e por fim a guerra do Paraguay, no qual sendo necessária a união com Uruguai e Argentina e o endividamento descomunal com Inglaterra. Não havia Estado.
A existência, eficiência e eficácia estavam presentes no período do Brasil colônia. Período no qual conseguiu guerrear e manter seu território, manter sob a égide de sua força descomunal o regime escravocrata. Não que as forças da ordem fossem braços do Estado, mas sim dos Senhores de então, que agiam em nome próprio e do Estado. Quando os escravagistas colaboram e participam das ordens vindas de Portugal para que se extinguisse todo e qualquer Quilombo, tratava-se na verdade de um desejo partilhado com os dos Senhores de Engenho, Barões do Café etc, sendo assim uma autorização à carnificina e não uma ordem. Isso é prova inconteste de quem era o Estado, a quem ele servia, e esses o servindo numa mão dupla.
No XIX o Brasil era federativo. Isso nos diz que havia certa autonomia nos estados federados. Que também tinha muito pouco poder. Os Coronéis eram coronéis de verdade, tinham seus pequenos exércitos, que eram os seus agregados, aos quais se somavam os Jagunços, para um entrevero e outro. Adrede cito aqui GSV de JGRosa na fala do tio de Riobaldo.“Ah, a vida vera é outra, do cidadão do sertão. Política! Tudo política, e potentes chefias. A pena, que aqui já é terra avinda concorde, roncice de paz, e sou homem particular. Mas, adiante, por aí arriba, ainda fazendeiro graúdo se reina mandador – todos donos de agregados valentes, turmas de cabras do trabuco e na carabina escopetada! “ Os Jagunços zanzavam entre uma luta e outra em busca do ódio alheio para vingá-lo pelo outro. Formavam junto com grupos de Coronéis pequenas regiões que se protegiam de forma quase autónomas, um exemplo é a Sedição de Juazeiro, o poder era inclusive para se usar contra do próprio Estado central.
O Rio de Janeiro vivia, como capital desse proto Estado, com os 4% de impostos, o que não dava para ter uma força, e exercer seu poder de polícia, sobre todo o território. Não vem ao caso, neste momento, mas isso explica um pouco a vida carioca, até os dias de hoje. Voltando. Cada lei, praticamente, exige uma polícia. E o Estado vive de impostos, seja menos de 5% do PIB. A fraqueza fica explicita na guerra de Canudos. Traçando um paralelo, no Brasil Colônia, um dos tantos Bartolomeus que houveram no período, instado pelos proprietários e a Metrópole, com seus homens arrasaram com 20.000 vidas na região quilombola compreendida geograficamente toda a região da Serra da Canastra indo até Formiga em Minas Gerais, de Desemboque a Cristais, passando por Piumhi, Formiga até Campo Belo. Dada a imensa geografia, a organização e população neste episódio sangrento, notamos a força do Estado no Brasil colônia e a fragilidade do Brasil independente em Canudos.
A diferença está em que, no Brasil independente, a partir de determinado momento, as ordens da Capital, já não era do completo desejo dos proprietários, era uma tentativa positivista de “modernizar” o país. GSV “Aquela turma de cabras, tivesse sorte, podia impor caráter ao Governo ” E o Estado não tendo poder de implantar a Lei – seja o Estado – dado a força dos proprietários particulares. Se quisermos, podemos chamar esses proprietários de empresários, e suas propriedades de empresas. Isso fica claro na questão Escravocrata, e na questão da imigração europeia. O Estado, via Rio de Janeiro, queria distribuir terras aos imigrantes, o que não se deu devido a força dos proprietários de terra, com as exceções do sul. De tal modo que os imigrantes brancos, seguiram vivendo como escravos, nas mesmas senzalas e nos mesmos trabalhos que os negros. A ponto de países como Itália e Alemanha, proibirem seu povo de imigrar para o Brasil.
Há um episódio, narrado por um intelectual francês, ocorrido depois da Semana de Arte Moderna, aonde tal intelectual, saindo do salão da casa grande, onde se cantava, tocavam obras da vanguarda européia, se recitava poesia de vanguarda, e tomavam licores também europeus – diz ele que estavam presentes Mario de Andrade, Oswald de Andrade etc. - indo fumar na grande varanda, viu como vinham, à tardinha, os colonos da lavoura para seus casebres, acompanhados por grande número de capatazes, por se acaso, seja, o país ainda era escravocrata.


9 de mar. de 2016

Humildemente, NÓS! Talvez, no dia que começarmos a fazer história melhor do que lendas e mitologia. No dia que começarmos a usar o humilde pronome “nós”, na hora de contabilizar as culpas, então teremos diante de nós e nosso país algum porvir.

Humildemente, NÓS!

Talvez, no dia que começarmos a fazer história melhor do que  lendas e mitologia. No dia que começarmos a usar o humilde  pronome “nós”, na hora de contabilizar as culpas, então teremos diante de nós e nosso país algum porvir. 

Ateísmo, Machismo e Racismo Meus.

Não sei se não sou machista e tampouco se sou. É muito provável, apesar de todos os esforços, que seja, pois não tenho, em absoluto, ideia do que é não se-lo, completamente. Há muita coisa que queria ser, e muitas deixar de ser. Muitas estão alem da simples vontade. Por exemplo, queria ser ateu. Mas não é assim tão fácil. Nasci e logo fui batizado. Fui batizado com o nome da virgem. Com um segundo nome do padre milagreiro de Tambaú, quem me batizou. Fui crismado. Fui coroinha. Lia a bíblia antes de ir para a cama. Lia o novo testamento durante a celebração da missa. Mesmo culturalmente, fui domesticado a visitar igrejas, como representação cultural e de movimentos artísticos, Gótico, Barroco etc. As vi ás pencas em Salvador, Rio, Sampa, Barcelona e mundo afora. Algumas góticas, quais admirei suas rosáceas; catedrais com arcos rampantes sem contrafortes, arcos ogivais com intenções verticalistas, plantas planas na forma de cruz latina. Diz-se que é um agente didascálico... estava nesse caso, orientado pela leitura do Mistério das Catedrais de Fulcanelli.
Assim por mais que saiba da solidão humana na responsabilidade – isso é Nietzsche - não há como não dizer: Graças a Deus! Que seja num ato falho, que sai do fundo do oceânico inconsciente, porque não basta a vigilância, não sou, muito, por não saber o que é ser ateu. Penso, se ser ateu depende da negação de deus, é uma negação, que o supõe. O mesmo se dá com o racismo. É uma luta tremenda.
Não basta ter amigos, namoradas, colegas e inimigos negros. É necessário também que os veja como vejo qualquer outro amigo, namorada, colega e inimigo branco. Simplesmente como o outro. Mas não creio que os veja desta forma, como não vejo um japonês, chinês. Ao fim e ao cabo, os vejo partindo de como fui feito, moldado, daquela matéria que eu era, já que não sou, simplesmente, o que quero ser, sou muito o que fizeram de mim, nesse caminhar com dois passos adiante e logo um atrás, ou ao contrário.

Da mesma forma ocorre o meu machismo. Está no princípio, no colo materno, no lar patriarcal, e se estende por toda a família, até os primos mais longínquos, e permeia a sociedade. Inescapável. Nunca fui uma ilha. Sempre cozinho, lavo e passo, e até passava a roupa da ex quando era o caso, ela não sabia, não tão bem como eu, mas isso não muda nada, se disso me lembro como uma exceção, como um fato não corriqueiro. Muitos dos meus mais próximos, botam a culpa de minha separação, nesse meu pretenso não machismo. Eles querem dizer com isso, que algum machismo seja necessário, e nesse “eles” sujeito da frase anterior, há muito de 'elas', então me pergunto por que não coloquei o sujeito, 3ª do plural no feminino? Machismo?

26 de fev. de 2016

Amigo.

Amigo.

Amigo, para mim, verdadeiro amigo, amigo do peito, não é aquele das horas difíceis, que faz intercâmbio de ajudas, que me ouve os meus desgostos. Isso para mim é escambo, mercantilismo…. Amigo é aquele que gosto de contar a melhor piada, o meu melhor pensamento. Que gosto de conversar até fechar o bar, e sair procurando outro bar que nos aceite para mais uma história, e quando vemos o dia clareou… e dizemos em uníssono: será que a padoca abriu?

Ovo de Páscoa, o Ouro de Tolo do Pascácio.

Ovo de Páscoa, o Ouro de Tolo do Pascácio.



O preço que se paga por um ovo de chocolate, nem sempre de chocolate, sempre mais açúcar, sempre mais gorduras, sempre mais leites, dá a dimensão da nossa capacidade de influência no chamado mercado. Nenhuma, positivamente. Total, negativamente. Aqui, a famosa lei da escassez, seja, nada do que se produz é para todos. Se todos quiserem não haverá para toda gente. E nessa luta pelo equilíbrio do produzido versus sua procura, se faz o preço. O mercado, em outros países, é composto pela oferta e a procura. Mas não somos outros países. E o mercado aqui é o que se vê. Sobram ovos de Pascoa, todos os anos, tanto que se pode comprá-los por ''buon mercato'' como dizem os italianos, lá por “Corpus Christi”, com o risco de ranço, se fosse de chocolate. No entanto, chegamos ao super ou hiper, e o firmamento de ovos está lá. Toda gente a olhar para aquele céu. Umberto Eco faria grande proveito, no mercado da escrita, do semiótico dessa imagem, mas eu ainda busco eco e não economizo, dei tá dado. Pois o preço também, em equivalência a sua exposição ao alto, assim é praticado, nas nuvens. E nós, o consumidor? Compramos. Pagamos. O que pedirem? O que pedirem! No cartão, em 10x etc. Somos pascácios.

Atropelou-a Sobre a Faixa.

+ ou - 10h da manhã. 26/2/16

Estavam de mão dadas, esperaram o verde da Florêncio de Abreu. Veio o Verde. Ele mais apressado largou primeiro, ela veio puxada pela mão. Vamos, bem! O Honda Civic silencioso na Olavo Bilac. Viraria à esquerda. O verde veio para o Honda Civic prata. O Honda saiu como se fosse besta. Sendo máquina. Como máquina, pensa como besta. Como besta atropelou-a sobre a faixa. Parou como máquina. De dentro do Honda Civic prata saiu um senhor de cabelos prateados, incivilmente, ....”Mas estava verde para mim!”, No entanto, estava verde para eles.

Ilustres Senhores Engenheiros da Transerp. Está cada dia mais evidente, nossa incapacidade de governar os Hondas civicamente e outros possantes. Já que não temos no Palácio Rio Branco, nada, nem ninguém com visão para os problemas urbanos, digo: O Semáforo com Três Tempos é para isso. Um tempo para o pedestre. Porque é completamente sem juízo e sem equivalência, um ser de carne e ossos, disputar a travessia de uma rua com um Civic incívico. Porque não dá para confiar na consciência. Aliás foi por isso que os Norte-americanos o inventaram, para deixar claro, a cota de cada um. Agora, essa cota é com os Senhores. Civilmente.  

O Processo.

O Processo.


Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada.” GSV.


De repente, estamos a ler os jornais como se tivéssemos à mão: um Processo. Ouvindo, bovinamente, os telejornais, como se instruísse a Promotoria. E julgamos. Nada mais gostoso que ser juiz. Nos tiram dessa posição, quadrupede, nos vestem a toga. Batemos o martelo. Uma vez ao dia, mínimo. Há outros, os que nos arvoramos em ampliar o processo para outros dias, outros homens e outros mesmos crimes.