26 de jan. de 2016

Olha massa da mandioca, oh, Mãe! A massa.

Olha massa da mandioca, oh, Mãe! A massa.

As massas são indiferentes à liberdade individual, à liberdade de expressão; as massas amam a autoridade. E se sentem ofuscadas pelo brilho arrogante do poder, mas sentem-se insultadas pelos que não se deixam embalar por essas e outras. Na verdade, quando pedem opressão, ditadura, é que a única igualdade à que sentem o cheiro é o da opressão, já que oprimidos, querem a opressão estendida a todos. Desta forma mantêm a mão que descaradamente lhes rouba o pão com margarina.


25 de jan. de 2016

Listas.

Listas.
Pensei numa lista das desculpas dadas pelos funcionários quanto tive pizzaria, mas ela redunda em ou deixar a mãe doente e matá-la. Então li uma lista dos pretextos de trabalhadores egípcios que construíam as tumbas dos Faraós no Vale dos Reis:
Por que você não veio trabalhar ontem?
Mulher menstruando,
Picada de escorpião,
Fabricando cerveja,
Embalsamando o irmão,
Estava com o Escriba,
Libação do filho,
Amortalhando a mãe,


Listas.

Listas.
Pensei numa lista das desculpas dadas pelos funcionários quanto tive pizzaria, mas ela redunda em ou deixar a mãe doente e matá-la. Então li uma lista dos pretextos de trabalhadores egípcios que construíam as tumbas dos Faraós no Vale dos Reis, gravada numa pedra de 1600 A.C.

Por que você não veio trabalhar ontem?
Mulher menstruando,
Picada de escorpião,
Fabricando cerveja,
Embalsamando o irmão,
Estava com o Escriba,
Libação do filho,
Amortalhando a mãe,



“As reconciliações, tirante as exceções, só são possíveis quando não são necessárias”

Reconciliação.


Olha que maluco isso: “As reconciliações, tirante as exceções, só são possíveis quando não são necessárias”. Há união que se sustenta por teias secretas, por ligações de van der Waals, pontes de Hidrogênios, por metáforas, por dúvidas, por omissões e que quando se rompem todos as diferenças aparecem, e ai é absolutamente necessária a reconciliação, e isso é impossível, porque havia um equilíbrio meta estável, que é a cadeira equilibrada em duas pernas. Assim vale a premissa, só há reconciliação quando nada há de diferença.   

25 de janeiro. Blue Monday

25 de janeiro. Blue Monday


Dizem que é o dia mais triste do ano. Última segunda de janeiro. O natal já ficou para trás, longe, mas permanece o sentimento de se ter feito extravagâncias. Os dias são longos e quentes e úmidos, o ventilador refresca um lado enquanto o outro sua. As promessas de mudança feitas na passagem do ano. engolindo doze sementes de romã, parecem impossíveis, e os quilos a queimar aumentaram. Janeiro é uma subida. Antes da última curva, pude sentir na alma, que deixava  a praia ensolarada, na próxima curva o Carnaval,  que anima a continuar subindo a serra Janeira. Depois é o planalto, sempre o mesmo, canaviais, canaviais,canaviais, longe ainda estão as próximas férias, ainda assim passarei por eles, mas será no sentido oposto.  

24 de jan. de 2016

Pseudônimo.

Pseudônimo.

Dizem que Bloy dizia que quando queria saber das “news”, novas, notícias mais fresquinhas corria a ler o Apocalipse.
Creio que viemos ao mundo para forçar a porta da realidade, sem juízo crítico há quem se contenta com um buraco de fechadura. Não sei aonde começou nossa loucura. Mas é a missão. Em algum momento delegamos à Dona Morte a necessidade de arrumar a cama e outras tarefas não entrópicas. Hoje, depois de um sábado destinado ao sacramento do churrasco, decidi por comprar um frango assado, na hora que passava pela praça Bonfim. Paguei e fui recolher o assado. Estava já no fim um quid pró quod, de quem chegara primeiro, em vista de uma penosa mais avolumada. O assador de frango, quando os briguentos mal viravam as costas sacramentou: A vida é um pseudônimo. Não sei e não quero saber o que ele quis dizer, nem se ele sabe o significado do que disse. Sei que estou agradecido, não pelo frango, por seu excesso de sal… 

18 de jan. de 2016

Barcelona i Fiducia i Llull.

Barcelona i Fiducia i Llull.

Incerta feita, Alejo, para Alejandro, propunha: que palavras encontrávamos mais bonitas nas línguas com as quais nos deparávamos naquela Tubinga multi-étnica. Ele gostava de Madrugada, eu de Augenblick e Fiducia, mas Fiducia com a pronuncia de um italiano de Genova em Rimini, algo como fidúgia com gia num sussurro. Não se me lembram as outras, senão que, Barcelona. É muito equilibrada a palavra, e nada trivial sua fonética, mas há um ponto exato de sua acentuação, que é aonde se mistura a pimenta e a luz que caracteriza a atmosfera da cidade, e lá se diz: Barcelona es bona bona, quan la bossa sona! Muito catalão, o dito. Bossa é dinheiro, ou mesmo bolsa de dinheiro. Claro que é boa, se o bolso soa! Custa muito. E gastar dinheiro não é com eles. Mas se de quando em vez : 'es tira la casa per la finestra', joga-se a casa pela janela, ou para ir a Barcelona há que tenir la bossa foradada, seja furada, gasta-se, faz de Barcelona bona bona.
Assim aprendi muitas coisas, saboreando nomes, palavras, até que um dia me deparo com este nome de rua: Ramon Llull. Estes duplos 'l' em catalão tem som de 'lh' assim o nome soa: lhulh. E qual não é o pecado? Ramon llull foi também astrólogo, além do mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Mais que isso, ele conceituou um sexto sentido, o Afat, “ é aquela potência com a qual o animal manifesta com a voz a outro animal a sua concepção”. E alem disso é um certo gozo por falar determinadas palavras, ou todas.