17 de mar. de 2014

Prepotência x Potência.



Tenho por mania gostar de coisas que desconheço, gratuitamente. Assim, não sabendo da língua francesa, gosto dela, é um absurdo, mas o absurdo tem sido o pressuposto, que fundamenta muitas ações por estes rincões. O francês, antes que me perguntem, entra aqui na definição de prepotência. ''Impuissance mise action''. O mouro a cita em algum lugar, a propósito da impotência posta em ação. Que nada mais é, que o berro, o grito, a arrogância, o pedantismo institucional, privado, eclesial, pentecostal, ateu etc. Matéria de ontem, neste jornal, página A3, nos mostra o descalabro, que são as multas a servidores públicos no exercício de guiar. É a prepotência, disseminada e descarada na nossa sociedade, vai da 'mula-humana' a puxar carroças de recicláveis à ponta da agulha da pirâmide social. Como eu, todos, devemos melhorar, e muito, apesar de nosso leque de escolhas ser muito maior que o dos funcionários públicos, porque estes devem fazer, se e somente se a lei mandar, não é a mesma coisa que ''se permitir''. A nós cidadãos é permitido uma série de atividades que não estão delimitadas pela lei. Assim a lei não é a mesma para todos, porque para os poderes constituídos só lhes é permitido fazer o que dita a lei. Posso optar, por pressa, estacionar em local proibido, levar a multa, pagá-la, perder os pontos. O funcionário público simplesmente não tem esta escolha. Do mesmo modo, um policial que monta uma blitz a alguns metros de uma esquina, não pode exigir que eu passe por ele, se eu posso e quero e preciso virar à direita na esquina. Não pode parar a viatura ''de esgueio'' na via pública, ou ir pela calçada, afinal, não estamos em estado de sitio! Este é o nó da impotência quando se põe a agir. Não se sinaliza, não se organiza. Não digo sinalizar para que eu possa me prevenir dela, a blitz. Mas que me previna de um afunilamento, um abalroamento, por repentino, e por fim causar mais transtornos que os necessários.

Os transtornos necessários são a potência. Os transtornos ''a mais'' não cabem à potestade. Ora, se o tráfego é caótico, não devem, não podem, aqueles que só podem agir segundo a lei, infernizá-lo, pelo contrário, devem organizá-lo. Mas, como meu prepotente amigo Byron, quando numa pelada discutíamos uma bola-na-mão ou mão-na-bola, gritava, ''se é pra relaxar'', e logo chutava a bola para o quintal do Capitão Figueiredo, este a furava!! Foi-se aquele tempo, ficou esta sequela, a impuissance mise action.