14 de jul. de 2016

O Domador de Elefantes.



        Na décima quinta página de um livro incerto, poderás ler, esta singular aventura ocorrida na Índia, com um domador de elefantes.
Traduzo como toda fidelidade necessária, incumbido de um budismo novo e ainda reticente, mas não tratarei de falsear as linhas do velho budista que a escreveu.
        No antigo sítio de Carvásti, para além do Ganges, o Rá Lauit mandou anunciar que precisava de um treinador de elefantes. Pois tinha um elefante bravio, que era seu predileto, mas queria que esse elefante estivesse mais próximo de seu palácio, e andasse pelos seus jardins e pátios.
        No dia seguinte apareceu, Sougraha, que se anunciou um perito nesse perigoso ofício. Claro que sei, ó Rá! Há três maneiras seguras de se domesticar um elefante bravio. A primeira é pelas argolas de prata... Está bem, está bem, Sougraha, amanhã depois da prece inicia teu trabalho.
        Quando deixava o palácio, um vaidoso Sougraha, ouviu um gracejo de um grupo de servos. O domador não se conteve, e colérico e impetuoso feriu um deles. Sougraha foi levado à presença do monarca. 
         - Que foi isso, meu amigo? Depois de um monte de desculpas esfarrapadas, assumiu que fora uma atitude irrefletida do impulso.
         - Como pretende, ó Sougraha! Domesticar um elefante, se não consegue conter a fera que te habita? Retire-se daqui, e quando se educar, quem sabe possa educar um outro.








Queda da Bastilha

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Uma das primeiras bobagens ditas por Pelé, e quando a disse era tida como um disparate, tolice, foi: O povo não sabe votar. Penso que é uma bobagem até este ainda fresco arrebol.   Hoje em dia, se tornou  verdade na boca de "grandes pensadores", "cientistas políticos" e outros desocupados como eu. O que fez de Pelé um pensador  adiante de seu
 tempo. Quem sabe as suas últimas truanices do Rei, não venham a se tornar teses, em papel couché!
O voto não traz –  nem tem esta pretensão –  grandes mudanças. Muda sim o viés da política, porque revolução não se faz com voto, e há quem duvide da guilhotina. Entretanto, o país tem deficiências, que alinhadas ultrapassam a muralha da China.
Saber votar! Creio piamente, que no esplendor da sabedoria de saber votar, votar será desnecessário.
O mesmo ocorre com o paladar, cujo verbo que diz do palato é também saber.  Este bacalhau sabe a sal. E treinado no sal, nosso paladar também não sabe triar, um gadus morhua, e se permite enganar com Lings, Saithes, Zarbos ou qualquer peixe seco e salgado, a não ser pelo preço e até nisso nos enganam.  Padecemos de analfabetismo funcional de paladar, senão, não produziríamos em larga escala um café tão miserável, embutidos nojentos, queijos indescritíveis, uns massudos outros chicletes e assim por diante.
E como não dizer do ouvido! Pardelhas, nosso ouvido musical... não  preciso me perder nesse tema... é pura degenerescência.
Quando soubermos escolher um queijo, é porque hão de haver queijos, músicas, treinadores de futebol, jogadores de futebol, as licitações farão sentido, pois existirão empresas qualificáveis tecnicamente, variedades de cafés, de torras, de misturas etc.
Se valer ainda a frase do Rei, ela vale para tudo, e não só os políticos ''levarem vantagens'', mas todos que vivemos da massa, da larga escala, do jornalismo pífio, do ruído que se quer musical, do humor escatológico...
Por fim, quem não sabe, compra rótulo... quase que os alemães me enganaram... mas me lembrei de uma piada que ouvi de um amigo ur ur, ao vê-los  frequentar cursos de lambada: “eles fazem curso de verão de espontaneidade”

A Aposta.


Sim, com certeza me refiro a uma outra coisa, mas agora não vem ao caso. Faltava um mês e ele estava angustiado. Faltava quinze dias e a agonia crescente. Finalmente, chegou o dia. Aquele dia de nervos aflorados, com a estranha sensação de calma. Um resto de coisas por fazer, feitas a uma velocidade irrepetível, e os feitos desnecessários. Fazia calor e estava cansado. A serpente a cada dia uma nova maçã. Impertérrito. O mito da caverna. O céu de incansável azul. Caverna ou Taberna. Não aposto nem um tostão. Tolstoi sua derrota. Cigarro de palha, café de coador e pinga de alambique. Cavalo em pelo. O Padre  seguido pelo sacristão, o infiel apontou a pistola, dizem que os tempos eram outros, uma questão de tentar a sorte, o Padre levantou a batina e de fato não vestia ceroulas. No risca faca, o último bar, embolsou o maço. Tirou o chapéu ao pálio e cavalgou pelo tapete de pó de café e serragem colorida...

13 de jul. de 2016

O Homem neutro.

     
                                                    O estratagema de Taklat

          O Califa Abd-el-Melik destituiu seu Grão-Vizir. Uma das filhas de uma de suas mulheres preferida, muito influenciada por Taklat, a bordadeira de tapetes, casada com o professor manco Mosab , que já fora um falcoeiro, levou ao Califa Abd-el-Melik a indicação de Taklat, seu marido Mosab . Mosab foi recebido no palácio pelo Califa Abd-el-Melik.
          Para formalizar a escolha, o Califa Abd-el-Melik pediu sinceridade nas respostas de duas singelas perguntas que lhe faria. Se tinha amigos, ao que Mosab disse que, incontáveis, de Alepo a Damasco, e grande parte da Pèrsia até Darahein. A outra, se tinha inimigos. Nenhum. Pela mesma geografia, só fiz amigos. Iallah!
          O Califa Abd-el-Melik, cofiando seu cavanhaque, declarou com reprovadora frieza sua sentença: Lamento muito, mas não poderá ser nomeado grão-vizir. Seria, realmente, absurdo, que o chefe do meu governo, o primeiro ministro do meu califado, fosse um homem neutro na vida, sem o menor traço de caráter, destituído de qualquer paixão politica, sem fibra, sem partido, aviltado pela fraqueza, falhas sentimentos. Todo aquele que possui uma parcela, diminuta que seja, de personalidade vê logo aparecer, ao seu lado, a sombra de um inimigo.
           Diante da tristeza do ingênuo Mosab, olhos no chão, sucumbido diante do desfecho, o Califa Abd-el-Melik ofereceu uma segunda chance: Volte aqui amanhã antes da terceira prece, com ao menos sete inimigos e te nomearei Grão-Vizir. E explicou: Ilustre Mosab, sou o Califa, sucessor de Morwâ, o glorioso. Pois bem, tenho inimigos cruéis, impiedosos dentro e fora de Damasco. Mesmo, Allah, que é Único, Onipotente, Misericordioso, tem os seus inimigos, os ateus e os hereges, e digo, irreconciliáveis.
          Cabisbaixo saiu Mosab, com seu manco caminhar, ia como se arrancasse do chão um perna ali fincada, para logo dar outro passo. Logo ao entrar no seu harém, contou a sua mulher Taklat, que logo estampou um largo sorriso. Com tudo planejado em seu pensamento, Taklat preparou o narguilé para Mosab, e pediu que lesse umas suratas, e o deixou, dizendo que voltaria com tudo solucionado. Ao voltar, Taklat expôs seu estratagema: Disse às minhas amigas que amanhã você será nomeado Grão-Vizir.
          No dia seguinte, na hora marcada, Mosab se apresenta no palácio ao Califa Abd-el-Melik de Damasco. “ouahyat-en-nebi “ exclamou o Califa, Vejo que Você conseguiu cumprir a tarefa. Hoje pela manhã muitos vizires e xeiques, durante a audiência, fizeram péssimas referencias ao teu nome e revelaram tremendas infâmias a teu respeito. Xeique Tufik Jaouad insinuou que Você tem cúmplices no Egito, e que a eles revelou segredos de Estado. Hassen Rahmi, o jurista, disse que o “taleb capenga, ex falcoeiro” - expressão dele – preparou sortilégios para matar pessoas da minha família. E a lista é muito longa de inveja, malquerenças, inimizades e ódios.
         O Califa avd-el-Metik, severo e hirto entre almofadas disse: Amanhã, na presença de todos eles, com todas as honras, tomará posse do cargo de grão-vizir. E com olhar malicioso, sempre conte com sábia e judiciosa colaboração de sua esposa Taklat.


12 de jul. de 2016

Hypokrisia x Hipocrisia

Escassez de verdadeiros hipócritas, aonde a hipocrisia é própria de fé robusta, que mesmo sob tortura não se abandona a  que se tem. Hoje sob qualquer pretexto se abandona um princípio por outro, o que é uma imitação de hipocrisia, quase atores, não posso dizer atores hipócritas, por superposição, já que há uma hypokrisía como a arte do ator.

Mentiras e Educação.

Estamos mentindo, obvio e ululo, mas para que?
De um lado a ''elevação cultural'' se quiserem, ''melhorar o mundo'', por outro, manter os impulsos ou instintos decadentes, ditos " naturais ",  em ambos intentos utilizamos o mesmo mecanismo, o da mentira santificada, a pia fraus. É  na educação aonde mentiras são beatificadas ou mesmo santificadas, para se poder antão dizer de ''cultura elevada'', o que não passa de  domesticação, no pior sentido que essa palavra possa ter, que é  enfraquecimento . Claro que há a domesticação que fortalece, mas aonde ela está?  Quem diz: Ei-la! Mente! Banalizando este  pensamento que é profundo,  a educação só tem servido para separar greges, rebanhos,  que no fundo são iguais onde uns sabem ler, mas não leem e outros que não sabem ler, por obvio, também não leem. Aqui tome ''ler'' por uma suma capacidade de interpretar a vida, de se auto enganar e se saber engambelador de si, saber que tirante esta mentira a verdade deve ser buscada a todo custo, mas que devemos saber que a verdade não é cientifica, a verdade pertence, em chãs palavras, a quem vence a queda-de-braço, mas para mantê-la seu detentor deve continuar forte, sempre e mais forte... Porque nada quando se tira o véu se mantém santificado, resta quem sabe uma aparência, e o poder de manter esta aparência.

"Volta atrás"

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Fazia parte dum partido político, aonde estava em trânsito, qual não tinha muitas afinidades, fora, a princípio, uma decisão precipitada pelo Romanée Conti.
Agora, me via escrevendo ao presidente da formação, que não pagaria minhas cotas, e dava alguma explicação sobre minha dissidência. A secretaria, pelo e-mail, me pergunta se não havia “volta atrás”. Pensei que podia ter dito: caminho de volta, ou marcha ré, mas isso de marcha ré não caia bem na boca de uma dirigente duma formação confessional.
Outro dia andava bolerando pelo YouTube, havia começado com o Bolero de Ravel, por uma reminiscência amorosa, alguém que "adorava" "transar" com esse fundo musical. De repente, me deparo com Lá media vuelta, um bolerão rancheiro mexicano, e eis que as coisas se parecem. O amante, um galinha, sem compromisso, diz a amada, que se não está contente com o romance que saia pelo mundo a conhecer gente, e que se, caso, encontre um outro, que a compreenda melhor, e que  a ame, então, bom proveito ( tire pa lante), sem problemas, porque darei meia volta e irei, como o sol quando morra a tarde.