Me apresento?
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Pois, Dino Sauro. E digo: Desde que fechei minha videolocadora ganho
a vida descarregando e pirateando filmes e shows de música sertaneja
universitária para vender pela cidade. Meu amigo Artur Dias Ciénaga
vende muito lá na baixada, perto do mercadão. Artur se especializou
em vender música com flauta andina… acho que pelo sotaque. Vou ao
que interessa, acabo de passar por uma experiência horrível no
banheiro.
Estava
só experimentando uma coca que me vendeu meu dealer Aécio el Rey de
la Falorpa. Notei um forte cheiro de éter e giz, mais giz que éter.
Esse canalha temperou com tanto geso que por pouco não se forma uma
rolha no nariz. Bom pelo menos posso falar aos neófitos que sou
professor e lousa e giz. Guardei o espelhinho com o pino no
armarinho do lavabo, foi então que ouvi um ruído estranho vindo de
algum lugar dali de dentro.
Fiquei
atento ao ralo da ducha, ao ralinho da pia do lavabo, olhei na água
parada do vaso sanitário… então o vi, como um flash. Um olho que
me observava desde o interior do ralo da ducha.
Soltei
um grito, quase quebro o box, bati a porta do banheiro e meu coração
batia a ponto de explodir. “ Será que foi o giz do Aécio? -
pensei - Impossível, estava tão batizada que não provocaria
alucinações nem num terra planista.”
Já
passou uma hora. Decido pegar um cabo de vassoura e ir ao banheiro. O
primeiro que vejo é a mangueirinha da ducha sobre o tapete de
borracha. De repente se agita como uma serpente e umas antenas
cumpridas começam a sair pela água do vaso sanitário. As antenas
arrastam o resto da coisa. Um tentáculo com uma boca de ventosa
horrível com dentes de lampreia se inclinam na minha direção como
se estivesse se preparando para me atacar. Mais antenas aparecem por
todos os lados, saem da ducha, do ralo, da pia do lavabo e até globo
da luz. Começo a dar pauladas a esmo, jogo o cesto do lixo, a
toalha, tudo que está a meu alcance. O tentáculo vira uma massa de
gel, shampoo, antenas e bocas… dou um pulo para trás, bato a porta
atrás de mim. Ainda tentava recompor meu folego e soa a campainha.
Pelo olho mágico vejo dois policiais.
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Policia – disse um – temos provas de que vende cds piratas.
Delito contra a propriedade intelectual.
“ taquepariu,
aquele civil vadio atrás duns troco ,miúdos apertou o Artur e ele
bateu com sua imensa língua nos dentes daquela bocarra” - penso -
mas eles voltam à carga
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Também sabemos que possui drogas. Delito de tráfico e associação
criminosa.
“ Porra,
até o Aécinho? Estou rodeado de dedos-duros!”
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Vocês tem ordem judicial, digo ao policial que está mais dentro do
que fora de casa.
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Claro que temos – e completa com um sorriso melifluo - : Posso
usar o banheiro?
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Ah! Esse truque é velho! Eu vi umas cem vezes no C.S.I LA - dizia e
já lembrava do pino e o espelho no armarinho - e lá do fundo de
mim surge o instinto de sobrevivência.:
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Pelo corredor segunda porta a direita.
Com
um obrigado inaudível ele avança pelo corredor e entra no banheiro.
O outro e eu ficamos frente a frente, ele na escada eu na soleira.
Imediatamente ouvimos os gritos, barulhos agudos de vidros quebrando,
ruido de … mastigação com boca aberta?
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Que que tá acontecendo? - grita o policial – entrando, me
empurrado, tirando a pistola do coldre fazendo mira como se fora
Horácio.
Abre
a porta do banheiro com um coice. Ouço um disparo. Mais gritos, logo
silêncio.
Recolho
tudo que cabe no meu fusca. Creio que é um bom momento para visitar
o casal de amigos Luiz e Dimea que foram criar cabras para fazer
queijo numa cabana na finca Juncal num povoado afastado no Uruguai.