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19 de abr. de 2012

O Barça atacou, ataca e atacará! Vencer é a questão. Gol solução.





O Barça antes de ser universal, ainda que modisticamente, em seu país – porque na Europa em geral cada cidade é um país, por isso: paisano – carregam o dístico: El Barça es Mès que un club.
Porque no curto verão da Anarquia e depois por muito tempo só se falou Catalão – língua que ademais da Catalunha é falada em Valência, nas ilhas Baleares, na Sardenha, cidade de Alguer – dentro do Estádio do Futbol Club Barcelona.
Durante o regime franquista o Barça era o mais subversivo que se podia permitir o povo da Catalunha. Seu contraponto, já, era o Reyal Madrid – por hábito protegido pelo regime – sempre campeão e vestido de branco, por isso merengues, por sua vez o Barça, blaugrana, azulgrená sempre atrás do Real Madrid, por isso culé, que vem de rabo – castelhano “cola” rabo; “culo” cua em catalçao e cu em português de Portugal, no Brasil bunda, já que aqui cu é o orifício, então “culero” na rabeira, “culé”.
Sem me aplicar muito ao oficialismo, penso que as coisas começaram a mudar, quando por ali chegou o holandês, Johann Cruijff, que em 1974 – porque o glorioso Zagallo quando perguntado disse desconhecer a Cruyff o mesmo tanto que desconhecia o time holandês, foi o que se viu. A Ignorância de Zagallo levou Luiz Pereira, talvez o maior central que o Brasil já teve, a cometer atrocidades (Fato que me faz pensar na inteligência emocional de Pelé, que intuíra, vexatório fracasso, anos antes – Cruijff, gastou a bola nos campos alemães. Pode ser, que nascia ali, 1974, e elevado a paroxismo o famigerado: Nem sempre ganha o melhor.
O quê, era a Laranja Mecânica ? Uma pelada com uma pitada de companheirismo, solidária, se preferirem, somada a velocidade? Pode ser.
Cruijff foi para o Barça, e ajudou a equilibrar a balança entre o poder financeiro do time da capital espanhola, que por isso era pago e devia representar Espanha, coisa feita às custas do erário espanhol, como agora, financiado pela Banca Estatal. Os catalães já haviam se unido entorno ao Barça, se fizeram sócios do clube, mantiveram o clube e foram crescendo. Poderoso financeiramente, o Barça se engraçou, via Johann que entendera o espirito do clube blaugrana, pelo futebol brasileiro. Telê Santana levara para Sarriá – então campo do Espanhol e bairro de Barcelona – o que se poderia sonhar de melhor do futebol brasileiro, tanto de jogadores como estilo de jogo – o que a mídia nacional deplorou, claro, sempre à sua maneira, e sempre atabalhoada e desarrazoadamente. Depois aderiu. Tarde. (Cabe aqui este parênteses: A mídia esportiva brasileira nem sequer chega ao sofisma, por desconhecer a lógica, nem chega a ser estúpida, pelo fato de que os estúpidos usam a lógica, à pena de se embaralharem, mas conseguem chegar a sínteses verdadeiras, ainda que partindo de falsas premissas. Dito isso e dessa maneira, tomemos o corpo do texto novamente em mãos.)
O mundo se encantou com o time de Telê. Despachado pela Itália. Inflexível Rossi. Cruijff e seu poder crescia, na terra do único estado Anárquico que existiu, e difundia a sua ideia de futebol arte, como se diz, futebol vistoso, bonito e de toque de bola.
Houve momentos dignos da eternização, alem do próprio holandês voador, com Romário, com Ronaldo que lá virou Fenômeno e Rivaldo o incompreendido.
Com Rijkaard como treinador, o Barça voltou a tocar a bola, e com a chegada de Ronaldinho em momento de brilhantismo ofuscante, conseguia dissolver o problema da conclusão, da solução suprema do futebol, que é o gol.
O Barça de Guardiola é uma volta a mais do parafuso Rijkaardiano, que era uma parafrase do time de Telê Santana. Finalmente o que vemos é um Barça brasileiro, explico: tanto o Culé como o torcedor brasileiro, somos medrosos, sentimos medo de tomar gol. Foi esse medo que nos fez sofrer o gol e a derrota para a Holanda na copa Africana. O gol em contra é o mesmo que o fantasma nos representa quando crianças, tememos, e tememos tanto que o barulho de nossos próprios passos nos assustam, e nos faz correr para a cama da mãe. A pergunta é: como se resolve este medo no futebol? A resposta parece esta: Tanto para o Seleção brasileira quanto para o Barça, se dá com a posse de bola. Não se trata de ir para cima do adversário. Se trata de ir empurrando-o pouco a pouco, e hipnotizando-o, sem agredi-lo definitivamente, de tal modo que este se sinta encurralado, mas cômodo, dentro do próprio campo e sem a bola, e quem possui a gorduchinha acaba por não finalizar, coisa que implicaria, acertando ou errando, em ceder a posse.
Do mesmo modo que certos conjuntos, culturalmente, temem tomar gol, o que os debilita na defesa, outros são capazes de jogar todo a partida dentro da própria área, a se defender.


No jogo, inflexível, o Barça hipnotizava o Chelsea, mas não ferroava. A existência da partida, desde o ponto de vista de uma narrativa, só existia porque passava pelos pés dos jogadores do Barcelona. O Chelsea a admitia e por fim se recolhia a sua insignificância, abdicando da posse de bola. Se fez alguma coisa de transcendente terá sido os lançamentos desde a lateral, atingindo a área barcelonina como se fossem pedras de fogo catapultadas. A posse do esférico raiou ao escândalo, para aquele jogo e aquela copa.
De qualquer maneira estéril possessão, Xavi dava meia volta, e depois volta inteira sobre si mesmo. Havendo entretanto momentos que geravam dúvidas cruéis ao Stanford Bridge, quando o time catalão mudava a pulsação, como quando Alexis tentou uma parábola por necessidade e errou na inflexão, ou Iniesta enganchado ao cal da linha de fundo, parece ter passado por dentro do incrível nigromante inglês, mas pouco resultava. O Chelsea depois de muito tempo cruzava a linha que divide o gramado e isso é e foi uma noticia, e por isso noticia é nova em inglês, aos vinte e nove do primeiro tempo o Chelsea aparece no campo adversário, antes houve outras duas oportunidades.
Se o que estava acontecendo em Stanford Bridge se invertesse, e se, com algum time brasileiro, eu por exemplo estaria morto, ou havia saído para caminhar no meio do canavial. Vi o jogo do Barça contra o Santos como brasileiro, ou santista de última hora, assim que não padeci, a não ser nos primeiros movimentos, quais indicavam do que se tratava, e foi, posto que o Santos não soube jogar sem a bola e naquele dia, nem com ela.

O Chelsea seguiu a reboque, onde o Barça ia, lá estava o Chelsea, no último terço do seu próprio campo, dentro da área. As vezes Drogba partia com uma bola, Puyol roubava-lhe a bola e por cima lhe embrulhava como se este fora um rebuçado, uma bala, ou Drogba se lançava à terra como se em uma largada olímpica de natação, e se transformava num croquete empanado de grama, tudo para romper, quebrar o ritmo, velho truque e válido.
O Barça refogava, preparava um cozidão em fogo de lenha. Lento.
Acontece o seguinte. Drogba fez tudo o que sabia, no limite do que isso significa, impecavelmente. Beirou por vezes as raias do não futebol, mas isso não é discutível, afinal se é permitido! É a tal da ética! Seria um absurdo que fosse exigida, como não foi. Por vezes tenho pensado que a maneira de vencer o Barça é, acreditem! Pelas pontas, como gritava uma personagem, Josoareana, a Telê Santana. Neste sentido, vi uma derrota do Barça em pleno Camp Nou, em que William ex-Corinthians resolveu o placar da mesma forma que fez Ramires, ir até o fundo e cruzar rasteira para trás, quando os pés dos beques já se foram. Lá estava Drogba, como Vavá, Romário, Geraldão etc, para fazer no limite de suas qualidades técnicas: tocar para dentro, sem segurança, porque quem sabe chutar com segurança manda por cima do travessão que o diga Roberto Baggio, e como fez Cesc. O futebol exigi certa humildade, nem sei se o futebol, ou a bola, essa humildade de Túlio, bater na bola com o que tiver de mais plano no seu corpo, quase com a sola do pé, o que Drogba mostrou naquele toque para gol. Entretanto continuo a gostar muito dos três dedos de Rivelino, dos efeitos de Zico, de Messi, do insondável Neymar. Mas a derrota se faz com um gol a menos.