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14 de nov. de 2011

Do nada, o medo do escuro.



Alguns de nós tememos a escuridão. À noite, necessitamos nem que seja o brilho de um stand by, para quando abramos os olhos não tenhamos de ver o escuro, ou o que é o mesmo que dizer, necessitamos de uma fronteira a delimitar o caos dos sonhos, sono da vigília, basta o encarnado das pálpebras fechadas, contra a luz, como se fosse uma tela ou o mundo que adquire forma sob qualquer luz. O medo do escuro, ou dentro dele, é atávico em nós. A maioria das tradições consideram as sombras o estado primitivo da vida, lá onde reinava o caos, antes que aparecesse a luz, e por consequência as sombras, e por obvio o dualismo elementar, e a matreira identificação com o bem e o mal.
Porém nem sempre a dor reside na escuridão, segundo crenças, pode para uns ser o caminho místico rumo as origens, para uma forma de pureza.
Mas não queremos purezas, queremos somente o sentimento de segurança, longe da escuridão, porque no caos há a desordem, e na sombra é onde bate o coração daquilo que não podemos controlar, subjugar, com nosso implacável raciocínio, que pode justificar qualquer coisa.
Nos filmes de terror as casas estão sempre na penumbra, os malvados vestem cores escuras, os planos são fechados, metade da personagem fora do alcance dos nossos olhos de espectadores, que nas camadas obscuras da nossa mente havemos de imaginá-la, no que falta.
Nos livros uma voz soturna, nos apresenta as características tipicas de uma mente sinistra e perturbada, mas sempre muito atraente, seguimos em frente, porque há poucas coisas piores que a previsibilidade e o escuro.
Como num quadro, o escurecer, o céu nublado, a lua que advínhamos embotada, o firmamento em profunda escuridão que nos assalta por um momento, a chuva insistente a golpear o telhado ou a nossa cabeça se opondo a nossa vontade de silêncio e de nossas janelas, o agourento relâmpago e seus augúrios, a falta de luz, a água do céu... Procuramos a cegas o conforto no lar, fugimos do ruido do mundo, alguma melodia que nos nine, uma vela que nos ilumine, mas cada fim de dia nasce uma nova escuridão, aterradora, e da escuridão explode o dia pronto a fazer-se ver, ao fim e ao cabo, na noite dos tempos sem nos darmos por isso, estaremos de olhos abertos às portas do nada.