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3 de dez. de 2015

Ernesto Cabeza de Vaca. II. Do Ataque a Nhanderequei.Cabeza de Vaca Chama Nhanderequei de NabiAbiChedi.

Ernesto Cabeza de Vaca.

Nem deus nem rei, nem preguiça nem raposa. Cabeza cometeu essa mesma tarde a ruminada diatribe contra Nhanderequei. Começou propalando aos ventos que Nhanderequei era estéril e fora feito de fungos, o culpou de os cocos seguirem a lei gravitacional newtoniana e mesmo assim não racharem depois de sua queda livre até a areia, depois chamou de Nhandiroba. Nhambiquara, Nhambu, Nhambi e de Nabiabichedi. Então, por fim, atirou em seu penacho um grão de areia, aonde estava de férias um virus de Zica. Aqui estão as afrontas em versos,
Oh, Nhambiquara, o que anda se arrastando pela terra
a quem todo mundo pisa e a mandioca enterra
se queres que te respeite como um deus
faça me o favor,
acabe com esse seu mal humor
e não vista este pretinho básico
e tenha seus quinze minutos nesta vida vã,
bote neve neste céu
acabe com esse calor
do Leme a Piatã.
Cabeza de Vaca, olhava seu anchietismo arenoso e se orgulhava da obra acabada e lembrava que o por fazer é só com deus. Assim falava Cabeza de Vaca.
Caia a noite sem fazer barulho como a pena de Galileu em Pisa, Ernesto só queria algo pra comer e dormir, mas seus planos fracassavam, aparecia um macaco e lhe roubava a banana, e o calor aumentava como a pica nas manhãs por urina e Cabeza de Vaca voltava a mergulhar. Exatamente num desses mergulhos e voltando à areia fazendo jacaré, pelado para provar que os mexilhões eram ou não afrodisíacos, Cabeza viu surgir de entre as ondas a garota do escafandro, ficou nervoso e derrubou um castelo de areia. 
 - Calor ainda muito faz – disse a sereia. Ernesto não soube quê. Pareciam uma acusação, mas para um meteorologista, egresso do Instituto de Meteorologia y Hidrologia de la U.N.Asunción de Paraguay, falar do tempo de modo superficial era difícil, como quem sabe que chove, sem saber porquê. Alem de que, estava preocupado, e todos os seus esforços se consagravam a rarefazer com as mãos a visão do membro atacado em honras a Abraão. No entanto a sereia moça se acalorava só de pensar em usar aquilo que ele escondia como fio dental, não entendia o significado da palavra pudor.- - Mãos sem nada bater as?
- É que estou na barreira, e se bater na mão é pênalti, mentiu Cabeza de Vaca, e seus olhos varavam o corpo dela, de tanto fingir não ver sua silhueta. E apesar de todas estas precauções, a coisa ameaçava escorregar entre os dedos. Houve um silêncio de mais ou menos umas três horas, como se fosse feito por deus. Cara a cara permaneceram sem se falarem palavra. Faltava mesmo era um baralho, fazer uma canastra real para matar o tempo. Por sorte a natureza não perde a hora e os raios de sol irromperam no levante baiano. Assim, Ernesto tinha um novo tema para a conversa. E como já aprendia o idioma assinalou: 
- Amanhece que pouco a viu pouco? E apontava para o levante sem mexer as mãos. A garota recuou espevitada e desandou uns passos buscando profundidade. Da parte de Cabeza de Vaca, sabemos que andava submergido num oceano de dúvidas, cavilações e desconcerto, mas a julgar pela aparência, estava com as bolas do jogo nas mãos.