26 de fev. de 2016

Amigo.

Amigo.

Amigo, para mim, verdadeiro amigo, amigo do peito, não é aquele das horas difíceis, que faz intercâmbio de ajudas, que me ouve os meus desgostos. Isso para mim é escambo, mercantilismo…. Amigo é aquele que gosto de contar a melhor piada, o meu melhor pensamento. Que gosto de conversar até fechar o bar, e sair procurando outro bar que nos aceite para mais uma história, e quando vemos o dia clareou… e dizemos em uníssono: será que a padoca abriu?

Ovo de Páscoa, o Ouro de Tolo do Pascácio.

Ovo de Páscoa, o Ouro de Tolo do Pascácio.



O preço que se paga por um ovo de chocolate, nem sempre de chocolate, sempre mais açúcar, sempre mais gorduras, sempre mais leites, dá a dimensão da nossa capacidade de influência no chamado mercado. Nenhuma, positivamente. Total, negativamente. Aqui, a famosa lei da escassez, seja, nada do que se produz é para todos. Se todos quiserem não haverá para toda gente. E nessa luta pelo equilíbrio do produzido versus sua procura, se faz o preço. O mercado, em outros países, é composto pela oferta e a procura. Mas não somos outros países. E o mercado aqui é o que se vê. Sobram ovos de Pascoa, todos os anos, tanto que se pode comprá-los por ''buon mercato'' como dizem os italianos, lá por “Corpus Christi”, com o risco de ranço, se fosse de chocolate. No entanto, chegamos ao super ou hiper, e o firmamento de ovos está lá. Toda gente a olhar para aquele céu. Umberto Eco faria grande proveito, no mercado da escrita, do semiótico dessa imagem, mas eu ainda busco eco e não economizo, dei tá dado. Pois o preço também, em equivalência a sua exposição ao alto, assim é praticado, nas nuvens. E nós, o consumidor? Compramos. Pagamos. O que pedirem? O que pedirem! No cartão, em 10x etc. Somos pascácios.

Atropelou-a Sobre a Faixa.

+ ou - 10h da manhã. 26/2/16

Estavam de mão dadas, esperaram o verde da Florêncio de Abreu. Veio o Verde. Ele mais apressado largou primeiro, ela veio puxada pela mão. Vamos, bem! O Honda Civic silencioso na Olavo Bilac. Viraria à esquerda. O verde veio para o Honda Civic prata. O Honda saiu como se fosse besta. Sendo máquina. Como máquina, pensa como besta. Como besta atropelou-a sobre a faixa. Parou como máquina. De dentro do Honda Civic prata saiu um senhor de cabelos prateados, incivilmente, ....”Mas estava verde para mim!”, No entanto, estava verde para eles.

Ilustres Senhores Engenheiros da Transerp. Está cada dia mais evidente, nossa incapacidade de governar os Hondas civicamente e outros possantes. Já que não temos no Palácio Rio Branco, nada, nem ninguém com visão para os problemas urbanos, digo: O Semáforo com Três Tempos é para isso. Um tempo para o pedestre. Porque é completamente sem juízo e sem equivalência, um ser de carne e ossos, disputar a travessia de uma rua com um Civic incívico. Porque não dá para confiar na consciência. Aliás foi por isso que os Norte-americanos o inventaram, para deixar claro, a cota de cada um. Agora, essa cota é com os Senhores. Civilmente.  

O Processo.

O Processo.


Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada.” GSV.


De repente, estamos a ler os jornais como se tivéssemos à mão: um Processo. Ouvindo, bovinamente, os telejornais, como se instruísse a Promotoria. E julgamos. Nada mais gostoso que ser juiz. Nos tiram dessa posição, quadrupede, nos vestem a toga. Batemos o martelo. Uma vez ao dia, mínimo. Há outros, os que nos arvoramos em ampliar o processo para outros dias, outros homens e outros mesmos crimes.

24 de fev. de 2016

O Pêndulo de Casmurro.

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O pêndulo vive de oscilar. Quem conhece a ciência do pêndulo, é capaz de botar o nariz no ponto, o mais próximo de um ponto final de um dos seus balanços. Desta forma, verá o objeto se aproximar, crescer e parar por um instante, e por um não se sabe bem o quê, começar um lento recuar, recuar desenfreadamente passando pelos pontos mais baixos, e arrastando consigo toda a força que a gravidade tem. Casmurro era o sujeito carioca. Uma classe. Elegante. Resolvido financeiramente. Adulado desde a infância. Quando narra sua história, nos quer como cúmplice, como voto nesse julgamento. Vai plantando pistas a seu favor. Sua família é a típica família fluminense – e o Brasil era pouco mais que a capital – com seus agregados. Ser um indivíduo mulher era um impossibilidade. Para ser, ela haveria de tramar seu futuro, e esse futuro teria como trajeto, quase  obrigatório,  um casamento, ou a adoção por alguma baronesa. Essa era Capitu. A tramar sua existência, manobrar, um futuro...  Para o negro nem essa possibilidade existia. Quando fui chamado pela primeira vez a esse julgamento, a primeira leitura, ficou estampada a razão de Casmurro. Porque estava em mim introjetada, naturalizada aquela ideologia, e as ações históricas foram tantas, e no dia-a-dia, incessantemente, nem dá ou daria ou dará para perceber que de ideologia se trata. É a famosa frase: A vida como ela é. Não há nada mais ideológico que esta frase. Como se estivéssemos emparedados dentro dessa indumentária social. Não há escape. Ou se adapte ou será engolido. Aonde, adaptar-se é ceder densidade de pessoa. É boiar, como um nada... Seja, não há escolha. 
  No entanto, o pêndulo oscila. Noutra leitura, tenho outras notícias. Vejo as pistas deixadas por Bentinho, num julgamento em que ele é parte, não só parte, mas parte interessada. Interessado em manter seu status quo. Aonde tudo que sair da sua boca deve ser conjurado como verdade. E não é. Não é, primeiro de tudo, porque nada é sempre verdade. Ainda que esta autoridade – para anunciar, enunciar a verdade –  advenha da classe social, que tem, desde tempos imemoriais,  o poder de dizer a verdade, e se manteve até os nossos dias. Se houve um hiato temporal, aonde este poder pudesse estar em jogo, ele acabou.  Duas pessoas batendo panela em Higienópolis, valem por milhares de brasileiros.  Quem diz isso? O narrador nacional, o Casmurro nacional, seja, os meios de comunicação social. É neste momento pendular que nos encontramos. A verdade ganhando a enormidade do absoluto. Volta-se a ler a narrativa sob a ausência dos símbolos - sob força do significante -  que a naturalidade exige. A vida como ela é, é aquilo que diz que é o narrador.
 Olho para o pêndulo, e ele lá evem. Veloz. Furibundo. Azarando tudo. Talvez dê tempo de tirar a cara da reta.  

22 de fev. de 2016

olho por olho. cara de palhaço, nariz de palhaço e asas de ignorância



olho por olho. dente por dente. tempo de medos neste mundo de mecas. o caminho de saída? é abaixo: não te perca, nos dizem os sábios sabichões. salte e deixe-se levar pela gravidade. pela decadência. pelo sofisma disfarçado de petulância, nariz de palhaço e asas de ignorância. e baixe e baixe e baixe e aquilo que antes se dizia suficiência se tornou excelência. e baixe e baixe e seguimos baixando e a cota da mediocridade começa a ser difícil de recuperar. a normalidade de antes, agora é uma recordação borrosa, a genialidade, nem tão só uma utopia. tempos de soco. de lobo. de sangue por sangue. de quebrar mimos. de insuficiência premiada. de ovações e reverências ao nada.
tempo de gritar. de fechar os olhos para não chorar. de chorar morfina para não sofrer. bem, de sofrer, sofrer, não sofremos. mas viciamos em lágrimas. e isso nos faz cair ainda mais. Fazendo carpados. caímos, caímos, caímos.
caímos até que, desde a nossa miserável e estática perfeição, pensamos que o mundo é que sobe.
essa é nossa grande sorte.

e que permaneça.    

21 de fev. de 2016

NUTROLOGIA.

NUTROLOGIA.


Já faz algum tempo, que apareceu pela EPTV, ou  no Jornal A Cidade, não lembro bem. O Sr. Dutra, médico e professor, ex-Coordenador do Campus da USP de R.Preto, a lançar um nova especialidade, a Nutrologia. Afortunadamente, pensei, já que há gente insensata em demasia se arvorando nesta seara, a Alimentação. Alimentação como cura, e prevenção de doenças é mais sério ainda, Há uma torre de Babel neste sentido, e qualquer 'chef' , e a qualquer momento se lhe botam um microfone à boca, sai versando receitas de bem comer. 
 No entanto, de lá para cá nada vi, li ou ouvi a respeito da Nutrologia. Penso que é de fundamental importância, pareceres e critérios menos afeitos aos 'achismos' de nutricionistas e chefs de cozinha, que sabem muito pouco do metabolismo dos seres e menos ainda dos organolépticos ingeridos e suas propriedades. Merecia, dr Dutra, a NUTROLOGIA, uma relação mais estreita com a sociedade ribeirão-pretan, por que o conhecimento então desenvolvido nos acuda.  

Ainda, o Limpacus.

Ainda, o Limpacus. 


Um dos mais poderosos cortesões da corte de Henrique VIII era o Groom of the Close Stool.( lacaio, camareiro, garçom do armário de fezes) seja, Encarregado da Matéria Fecal. Origem escatológica. Numa resolução interna podia se ler: "Ninguém não pode entrar à câmara real, tirante o Groom of the Stool, que se ocupa das necessidades de Henrique e garante o seu conforto, descanso e saúde. Que também tem o dever de assistir o rei, sempre que este  for ao “escusado”. Não temos a palavra equivalente para esta lida, o limpador de cu, que não se tratava de uma atividade de pouca importância: zelar pela higiene geral e particularmente pelos movimentos intestinais, peristálticos, do rei. Naquele tempo não havia a privada, mas a “comum” a comuna, para todos, e deveria ter sempre a ponto o armário dos excrementos, que tinha forma de poltrona ou cadeira com os braços de descanso ( o ''stool'' propriamente de cujo já dito), que ia por toda parte com o rei.
Pode parecer um trabalho irrelevante, de pouca hierarqui, de nenhuma categoria. Porque o limpacu andava pra cima e pra baixo com as toalhinhas, esponjas, palanganas, alguidares, cuecas, sabonetes, todas as ferramentas e complementos do asseio real, depois limpar o trono onde o rei descarregava os buchos e tripas.
Era um cu como outro qualquer, mas, calma, era o cu do rei.
Deste modo o limpacu tinha acesso quase ilimitado ao monarca, qual lhe levantava a cabeça nas dores de barriga, o secava o suor da fronte das horas mais duras, o vestia a complexa indumentária real, tudo para que pudesse andar com o ventre o mais comodo possível, alem de tocar sempre o cu real, assim tinha muitas horas diante da pessoa real, que com frequência lhe fazia confidências, pessoais, anais e estaduais.
Por aqui Não demoraria para o PMDB querer esse cargo, se é que não o tem. La pelas Bretanhas do tempo do louco George III, John Stuart, grande Groom chegou a primeiro ministro. Era o ano de 1762.
Isso mostra a importância de se cuidar do cu alheio, tocá-los bem, e se preciso for lambê-los. Coloquemos, por acaso, o nome Conti. Claro, uma coisa é óbvia, tem um nariz ruim, e as mãos e língua sujas.


A Arte de Limpar o Cu.

A Arte de Limpar o Cu.


Não serão nunca suficientes - para nos conscientizarmos - as vezes que insistimos no ato temerário que supõe esfregar um troço de papel no cu. Mais que limpar, ele espalha a merda por todo o rego, toda a vereda das chapadas Bandas-da-Bunda. Incrustando em seus paredões mais recônditos daquela anatomia, criando depósitos minúsculos de detritos endurecidos que serão, como o passar do tempo, fontes inesgotáveis de infecções. Tumefactas.
Os equivocados defensores do papel, demais, pobres desgraçados, estão gravemente divididos, entre as diversas categorias, que se diferenciam pelo números de dobras e picotes que têm o ph antes que o passem pelo anus.
Afortunadamente, a história da filosofia, tão errática e abstrata em geral, faz cinco séculos alcançou o pico intelectual neste campo, nos legando a maneira mais nobre, excelência das excelências, mais expedida, que jamais havia sido vista, de limpar o cu.
Aquele momento de serenidade comovedora devemos o à sã ociosidade campestre do legendário Gargantua, que fez experimentos então jamais vistos, até chegar ao perfeito, limpacu.
Era ainda a idade média, quando provou-se de limpar-se com sálvia, erva-doce, com pétalas de rosa, com folhas de abóbora, com couve, com alface crespa, com espinafre e ortiga. Depois se limpou com lençol, fronha, colchas de retalhos, cortinas, o próprio travesseiro, com toalhas de mesa e de banho, com o leque da senhorita ou lencinho de veludo, que se considerou bom, por sua maciez, depois a seda, já que ela escorregadia trazia uma certa tesão. Enfim, se limpou com palha, de milho e de trigo, com estopa e mesmo com bosta de vaca. Sentenciava Gargantua:
Os seus colhões sempre emporca. Quem o cu sujo com papel toca” .
Foi depois de tudo isso que disse: “Digo e mantenho: Não há um limpacu como um coelhinho bem peludo, sempre que se suporte a sua cabeça entre as pernas. E creiam-me pela minha honra. Já que sentirá no rego do cu uma volúpia mirifica. Tanto pela suavidade deste espanador como o calorzinho de tíbia manhã do coelhinho, que se comunica rapidinho ao cu mesmo e às tripas do intestino, até chegar ao coração e cérebro. E não pensem que a beatitude dos nobres e semideuses que estão ali por Higienópolis e imediações usem orquídeas, abróteas, ambrosias, ou o néctar, como podem pensar.” Penso, eu, que limpam-se com um bom editor, mas só eles, a nós nos vai melhor um coelhinho.


20 de fev. de 2016

GRANDE PUTÃO, VIRILHA.

GRANDE PUTÃO, VIRILHA.

                                                                                                          Mocidade. Mas mocidade é tarefa                                                                                                             para mais tarde se desmentir.  

                                                                                                                                               Riobaldo.





NOBOSTA. FILHO MEU QUE O SENHOR viu né meu não é. Daí virem me chamar. Causa dum filho, erroso. Desde mal na minha mocidade. Cara de cão. Povo pascóvio. O chifrudo não existe. Existe? O doutor me diga. Dono dele nem sei quem for. O senhor ri certas risadas... Olha quando é filho de verdade, a cachorrada não pegava latir. Então depois vamos ver se têm como. O senhor tolere. Toleima. Do Chifrudo. Não gloso. O senhor pergunte ao conti. Quem muito evita, se convive. Dizem só: Chifrudo. Mas chifrudo não bota corno. O chifre do corno é o homem. Só de passagem. Pelos Elisé. Doidera. Fantasiação. Compadre meu Contilém descreve que o que revela uma homem são os baixos, nos descarnado, de terceira. Fuzuando. Comadre meu Serralém é quem muito me consola. Mas ela tem de morar longe daqui. Carrer del Pi. Agora senhor vê se pode, o chifre que eu boto, é em mim eu me que aparece? Doutor me diz.

De primeiro não pensava. Fazia. Então o senhor esqueça. Esquece? Não senhor não anote. Eu narro por desaforo. Me inventei neste gosto. Especular ideia. O chifrudo existe e não existe? O senhor vê. Existe dêéneá? Escadinha torcida. Pois? Se distorcer não é dêéneá. Se o senhor torce, retorce, distorce, sobra dêéneá algum? Eu gosto muito de moral. Raciocinar, exortar os outros para o bom caminho, aconselhar a justo. Minha mulher, que o senhor sabe, zela por mim: muito reza. Ela é uma abençoável. Compadre meu Serralemém sempre diz que eu posso aquietar meu temer de consciência, que sendo bem-assistido, terríveis bons-espíritos me protegem. Ipe! Com gosto... Como é de são efeito, ajudo com meu querer acreditar. Toleima. Tenho pé na cozinha. Pode me chamar Fugacê!  

É tanta a tristeza e o miserê, que até alegra.

É tanta a tristeza e o miserê, que até alegra.

                                                                    "Sempre, no gerais, é à pobreza, à tristeza. Uma tristeza                                                                           que até alegra." Riobaldo.
Gritava o bernabé,
é meu filho
é não é
'cê que fez
foi
não foi
foi não
foi.  Nhen Nhan 

Mi ir I am - todos os paneleiros.
Miri! Ã? Grita a grande mã - Somos todos.
O Jãoponês...  jo... quem... po...
tesoura
papel
enrola nação-paraíso
devolva adão ao barro. abáute costela?

pago
não pago 
não pago ocidente de
pago pago
fumo mas não trago
melo mais não gozo
- I'm Mir somos todos
  • toma que o filho é meu
    teúdo
    manteúdo
    conti údo prensa i não pensa, impensa imprensa.
    nos conti!
    conto não conto
    não conto
    não conto não conto não conto
    Pedra rola
    da serra do rola bosta
    higiene oh polis
    Bataclã!
    Jefersons arrependidos
    nossos heróis na escarradeira rodriganiana
    chupam pica
    engole
    cuspe
    engole
    cuspe
    agora cuspem.
Marimbondos de fogo no meio do mediático

a vida é uma puta arrependida

19 de fev. de 2016

A Arte Plástica. Creio piamente, que em todas as grandes edificações, e em qualquer obra municipal, devêssemos ver uma obra de um artista plástico da cidade.

A Arte Plástica.
Creio piamente, que em todas as grandes edificações, e em qualquer obra municipal, devêssemos ver uma obra de um artista plástico da cidade. Assim ao caminharmos por suas ruas, nos deparássemos com um Cleido, um MauriLima, um Paulinho, digo esses que conheço, mas os há em profusão. E tanto que bons são.   

Ondas Gravitacionais.

Ondas Gravitacionais.



Havia marcado para hoje à tarde, uma bebelança com uns amigos virtuais, no novo Mercadão. Nem tenho tanta pena assim, já os explico. Como ando num resguardo de cirurgia, pós, não ia lá beber mais que uma caneca, mas que diabos esperar de amigos virtuais. Isso mesmo, o bom da coisa é que se deve esperar tão pouco deles que nada acaba em frustração. Todos enviaram uatizapes. Como a sorte pequena chama a grande, acabei por topar com um amigo das antigas. Como eu já vinha apressado, pude manter o contexto na breve conversação que mantivemos. O sinal, vai abrir... Ao cabo dessa brevidade havíamos concordado em duas coisas. Uma é que já não temos tempo para o tédio. Parece que ambos combatemos ao tédio neuroticamente. Eu não usaria esse termo, me referindo a mim eu me, mas como ele quis remarcar, pra efeito de ata, assinei embaixo. A outra é que não podemos nos afastar de nossas mulheres, como ele já me metia nessas considerações, e não me sobrava tempo para explicar que minha rotação e translação se davam mais a certa inércia que à gravidade conjugal, por que, acho que ele, quando se afasta de sua mulher, algo mais de um determinado raio crítico, perde referência, vaga errático... Que estando ali com ela, que comprava bacalhau, aproveitaria-me para tomar um chopp... Eu disse o que se segue, nesses casos me sinto como um trabalhador, que ao chegar ao trabalho, seu chefe diz que hoje, excepcionalmente, não haverá trabalho, folga, e saio por ai zanzando como cometas que com certeza existem e nunca repetem sua órbita, sinto não ser hoje esse dia, assim que até mais ver, porque hoje ainda tenho que restaurar a ordem cósmica. Que ao menos tenha percebido a redundância.  

Mea Culpa ou Autocrítica.


Mea Culpa ou Autocrítica.
Sei dos erros do PT e do Lulopetismo desde suas nascenças, por conseguinte meus também - friso, sublinho - .
Erros,que por pedagogia do acaso, não necessitaram do tempo para nos mostrar a verdadeira face do adversário, disfarçado. E acertos, miúdos, e se os imagino grandes, veria uma guerra civil, hoje, em não sendo disso que se trata nosso momento.
Pequenos acertos que desconcertaram nossa sociedade, até então sempre com cara de bundona.
As Cotas, por exemplo, essa mera coisinha, de nada, nadinha de nada, parece, mas é muita, grande. Enfezou aquela gente pacata, paca mesmo, que era feliz por pastar o pasto alheio à noitinha.
Os erros do qual eles atacam o PT, eram processos naturais em todas as ações anteriores.
Os erros do PT a que me refiro, não são os aqueles uns que baldam na mídia. Os do Mea Culpa, os da minha constrição, são erros políticos, que eles não alcançam, nem para jogar pedra. Mas isso se faz no âmbito do particular, e não aqui, nessa esquina virtual. É dentro do Partido que se deve brigar.
A esquerda, entre tantos, tem o defeito de se atacar mutuamente, coisa que a direita jamais fez.
Nem é preciso que se reúnam, se sabem, desde a toca quando bebês.
Não defendo o PT apesar dos erros. Defendo contra o que se apresenta neste exato instante, qual seja: Os Grandes Meios, a Direita que se apresenta, raivosamente, o Judiciário para os de sempre, DEUSES burgueses, e um primo idiota e desempregado que gosta do Bolsonaro

Estado versus Liberdade.




No fundo, bem no fundo da minha rasura, também sou contra o Estado, não só de sua rarefação controlada, de sua 'menas' extensão, mas de sua total paganidade. E, para quem não sabe; Estado é Lei e para cada uma Lei uma Policia. Pois, assim, então. nenhuma! Porque o que dizemque e como quê quedizem– quando dizem menos Estado – é policia para os outros, e menos para eles que dizem. Assim, digo, policia para ninguém. Liberdade pura e completa, desgraçadamente. Cada um no seu por si só, no seu faquiu e botamos fins às cerejas de todos os privilégios,  para os quais o Estado está, e tem estado!

18 de fev. de 2016

A outra menina me perguntou: Tio, que que é a vida? Cacilda! Pensei!

Botei minha espreguiçadeira na calçada debaixo da amoreira, tomar um gelada, depois de longa data. A cirurgia e suas dores pós, me deram calma, mastigaram aqueles quereres não-meus, querer de avareza. Assim, sentei ali para ruminar. Agora, parecia ser esse ser filósofo por natureza, a vaca, nem o capim ela aceita de primeira, regurgita, repensa, sim, não, engole. Havia um pardal, parecia morto, mais ali perto do fusca. As duas meninas uma de cada vizinho, brincavam. Entre o querer, que não queria, e o levantar da cadeira, que não levantei, as meninas constaram do pardal. A mais serelepe delas o tomou nas mãos. Assim, fez uma concha com as duas mãos e o pardal ali no sossego do fim. Estava morto. Pensei alto. A outra menina me perguntou: Tio, que que é a vida? Cacilda! Pensei! Sorvi um belo gole de cerveja, a ver se aquele nó descia sem raspar. Antes que aquele gosto azedasse em minha boca, engoli, ela esperava minha resposta. A vida é entre uma coisa e outra, disse, ela me olhava, é igual que nem quando Você dá um mergulho para sair do outro lado da piscina, é esse nadar, que a gente não se dá conta, só luta contra o afogamento, uns, outros, para chegarem do outro lado mais rápido, e ainda outros que viram de costas e ficam boiando, uns que afundam, outros que tem bóia, e ainda outros que nadam em todos os estilos... A outra menina num espanto disse, “óia, ele mexeu o biquinho” “ele tá vivo” se ria, feliz. Olhei com alegria, suspeitando que o pardalinho revivesse para que eu engolisse aquelas palavras. Ele se sacudiu em penas e da palma da mão que ela alçava em cena dadivosa, o bichinho voou. Quando dei por mim estava esquecido

15 de fev. de 2016

O O.

O O
A sabedoria, caro Renato, gostaria de dizer, nada tem a ver com a lógica. Se Você quiser podemos voltar a isso, mais tarde, mas por hora te digo que a vida não é lógica, a vida não é racional no sentido primevo de sua significação. Por exemplo, todos sabem da tradição de não se mencionar o nome de Deus, creio que é uma tradição judia, como se fosse indizível, Borges gosta muito dessa recreação, e passa parágrafos entre javé yavé jeová... no entanto o diabo que nos carregará a todos pode ser chamado do que quisermos, suponha que o chamemos somente pelo artigo “o”. é o que te digo: O O nos carregará a todos. Creio que isso relativiza um pouco nossas certezas, como o humor, que não tem pretensões, mesmo que carregado de ironias, porque como sabemos a ironia é uma senhora, melhor, uma velha senhora... Por quê? Ora, porque a ironia se funda na moral, sem a moral não há ironia, e tem sua graça quando se dilui no humor e não no satírico, porque o satírico é moralista na sua essência, e acredita que tem a missão sagrada de dizer a verdade, já que a sua sociedade é corrompida e corrupta, no fundo quer estabelecer algo puro contra o impuro, é um religioso.


Parto de uma  tese sobre Guimarães Rosa, mais especificamente, sobre Grandes Sertões: Veredas. Escrita pelo professor João Adolfo Hansen. Forma literária e crítica da lógica racionalista em Guimarães Rosa. Todo o demais é pura invenção, portanto não creia em nada. 

A Sexualidade. O sexo é como um brinquedo. Qualquer. E como todo brinquedo é para brincar. Se divertir. Todavia, um brinquedo com o qual se pode brincar só ou acompanhado. Quando usado só, há a necessidade de um outro, ainda que abstrato, imaginado e estes seres imaginários desaparecem quando a brincadeira acaba. Já quando se brinca com o outro de carne e osso e sexo, ai a brincadeira fica povoada. Não é difícil aparecerem monstros, fadas, medos, fetiches, zangas, querubins, anjos e brochadas.

A Sexualidade.
    O sexo é como um brinquedo. Qualquer. E como todo brinquedo é para brincar. Se divertir. Todavia, um brinquedo com o qual se pode brincar só ou acompanhado. Quando usado só, há a necessidade de um outro, ainda que abstrato, imaginado e estes seres imaginários desaparecem quando a brincadeira acaba. Já quando se brinca com o outro de carne e osso e sexo, ai a brincadeira fica povoada. Não é difícil aparecerem monstros, fadas, medos, fetiches, zangas, querubins, anjos e brochadas.


A Missa do Descobrimento do Brasil, 8/7/14.


Um navegante anônimo embarcou na grande caravela Facebook num porto de IP desconhecido, mas rastreável, com destino a novos mundos. Depois de meses navegando a esmo, perdido entre monstros, Nausicaas, Ciclopes... foi conhecendo estórias e pensares de outros navegantes, que sem saberem velejavam sob a mesma vela e mastro, com o mesmo destino. Nas velhas cartografias constava de um cordado povo, risonho e feliz. Como bom navegador aprendera diversas línguas, inclusive a do provável povo Cordial. Sim, ainda falavam na língua pressuposta. No entanto, a tal língua já não lhes servia, com ou sem defeitos ortográficos, não se entendiam e não mudavam de assunto. . Em vez de alegres ludopedistas, tristes lulopetistas, de falantes papagaios a tucanos em insanos vôos de rapinagem.
Tempos depois, haveria o grande certame, a grande missa do descobrimento. Os autóctones foram chamados para o caldeirão Mineiro, aonde foram cozidos e comidos pelos visitantes, numa analogia inversa do bispo Sardinha.


Queiram por “demodê” não ser preciso ter bons sentimentos, vá lá, mas bons argumentos é imprescindível!

Queiram por  “demodê”  não  ser preciso ter bons sentimentos, vá lá, mas bons argumentos é imprescindível! 

Rigor. A firmeza das posições não pode estar rompida com a educação, as boas maneiras e a cortesia política.

Rigor.

A firmeza das posições não pode estar rompida com a educação, as boas maneiras e a cortesia política. 

14 de fev. de 2016

Triunfar.

Uma forma de testar o grau de nosso provincianismo é : só dar valor às coisas próprias quando  triunfam “lá fora”.  O barato dessa assertiva é que tanto pode ser atomizada ao âmbito estritamente pessoal quanto expandida a volumes universais. Tá tudo dito acima, mas por mero exercício de digitação exemplifico, Eu só me vejo importante, quando “algo” ( pessoa, grupo, etc) me valoriza. Tom Jobim canta com “The Voice”.  A ONU vê “ x” como exemplo a ser seguido, logo… Sanders fala o que sempre se falou por estas bandas, então agora estamos autorizados a continuar nossa luta...

13 de fev. de 2016

O Espelho Real é o Outro.

O espelho é o outro.

O senhor S não havia frequentado gastroproctologista , aos seus 50 anos. A primeira vez, ali na sala de espera a ler  naqueles diplomas e títulos sempre o mesmo nome. Não lhe era estranho. Ele apreensivo, como sói as primeiras vezes. Ao entrar no consultório concluiu que aquele velho, de palpebras caidas, cabelos brancos e ralos, não poderia ser seu colega de classe do Otoniel Mota, no colegial de 1975. Findo os toques e retoques sempre necessários, ali sentados frente a frente, e para sanar de vez sua dúvida perguntou: “Você fez Otoniel em 77? “. “Sim, terminei o colegial em 77.”  disse S:“ Puxa vida, estivemos na mesma classe!” “ Ah! É! E o Senhor dava aulas de que?”. 

8 de fev. de 2016

Dolly, Mundo Clone.

Um Mundo Uniforme.

Nascemos originais, morremos cópias, Carl Jung. Pode parecer que tenha uma pulga de exagero a afirmação do psicanalista, mas a verdade é que vamos, no caminho de nossa vida, nos fundindo num magma uniformizador e medíocre. Tudo que nos cerca contribuí, os meios sejam, noticiosos, publicitários, culturais, a arte em particular - salvaguardadas as raridades, gostamos em massa do mesmo - os carros têm o arco iris cinza, o sistema educativo, o trabalho, o calendário - de dezembro ao Carnaval é tempo de… - . A vida assim pautada nos leva de únicos a clones. Tirante os buracos, se bem que todas as cidades brasileiras têm buracos, as cidades perdem sua personalidade, mas ninguém percebe, parece que está bem. O mais raro é ver que o esforço para se diferenciar nos iguala. As lojas do centro são as lojas do centro de qualquer lugar, as mesmas marcas. Nosso picolé, o famoso pau gelado é paleta, aqui, na Europa… As lojas chinesas de baixo preço para produtos inúteis são os Bazares chineses em Barcelona. As mesmas boutiques e as mesmas vitrines. Chegará o dia que os viajantes perderão o gosto por viajar, os food trucks, as comidas terão o mesmo gosto, os cheiros e as mesmas paisagens. Mas isso nos diz respeito, já passou o tempo da crítica ao consumidor, pois agora já somos consumidores-ovelhas em rebanhos. Certa feita, alguém, ineludível, justificava comer McDonald em Espanha, porque ao menos se sabia o sabor. Pergunto, sabe a quê? Enfim, como a consciência é o que faço, a cidade é uma franquia, e minha consciência é a franquia duma outra ovelha-consumidora, ela também Dolly. 

7 de fev. de 2016

Poema: Über die Schwierigkeiten der Umerziehung. Hans Magnus Enzensberg, Das dificuldades na reeducação.

 Über die Schwierigkeiten der Umerziehung


Einfach vortrefflich
all diese großen Pläne:
das Goldene Zeitalter
das Reich Gottes auf Erden
das Absterben des Staates.
Durchaus einleuchtend.

Wenn nur die Leute nicht wären!
Immer und überall stören die Leute.
Alles bringen sie durcheinander.

Wenn es um die Befreiung der Menschheit geht
laufen sie zum Friseur.
Statt begeistert hinter der Vorhut herzutrippeln
sagen sie: Jetzt wäre ein Bier gut.
Statt um die gerechte Sache
kämpfen sie mit Krampfadern und Masern.
Im entscheidenden Augenblick
suchen sie einen Briefkasten oder ein Bett.
Kurz bevor das Millenium
anbricht kochen sie Windeln

An den Leuten scheitert eben alles.
Mit denen ist kein Staat zu machen.
Ein Sack Flöhe ist nichts dagegen.

Kleinbürgerliches Schwanken!
Konsum-Idioten!
Übereste der Vergangenheit!


Man kann sie doch nicht alle umbringen!
Man kann doch nicht den ganzen Tag auf sie einreden!

Ja wenn die Leute nicht wären
dann sähe die Sache schon anders aus.
Ja wenn die Leute nicht wären
dann gings ruckzuck.
Ja wenn die Leute nicht wären
ja dann!


(Dann möchte auch ich hier nicht länger stören.)

Hans Magnus Enzensberger,



tradução livre.
dificuldades para reeducar. 


Sensivelmente magníficos
todos esses grandes planos:
a Era dourada
o reino de Deus na terra.
A morte do Estado.
Obviedade ululante.

Se não houvesse essa gente!
Sempre e em todas as partes a estorvar.
Tudo vira imbróglio.

Quando se trata de libertar a Humanidade
vão ao cabeleireiro.
Ao invés de seguir entusiasmada a vanguarda.
Dizem: agora é hora de beber um chopp.
Em vez de lutar pela causa justa,
a lida agora é com as varizes e o sarampo.

No momento decisivo,
procura uma cama ou a caixa de correio.
Pouco antes do nascimento do Milênio,
hora de comprar fraldas.

Tudo fracassa por culpa das pessoas.
Não servem para grandes alardes.
Um saco de pulgas não é nada, se comparamos.

Vacilos pequeno burguês!
Idiotas consumistas!
Sobras do passado!

E não podes matá-la!
Nem convence-la, o tempo todo.

Se não fosse essa gente,
a coisa seria bem diferente.
Se não fosse essa gente,
ai sim, era vapt vupt, então sim!

(então eu tampouco queria estar estorvando)


Muito rápido para uma curva tão fechada.

Muito rápido para uma curva tão fechada. JJ cai com sua Yamaha 535cc dois cilindros numa ribanceira, logo na saída de Altinópolis. Poucos metros atrás vem seu irmão M numa velha Guzzi 599 cc 8 cilindros e encontra JJ estendido no chão no meio de uma poça de sangue, JJ lhe diz que , se não escapar desta, quer ser enterrado com sua jaqueta. Foram suas últimas palavras.
No dia seguinte os membros do Rider a Suck nos reunimos para o funeral de JJ. Pouco antes da cerimonia M convida a todos a beber. Parece mais um pub irlandês que um funeral, cada um com uma Heineken em poucos minutos esgotamos as duas caixas, rimos, choramos e contamos histórias de JJ. M suspira, “JJ ia gostar disso”.
M e outros três carregam o caixão até o cemitério, quase deixam cair o caixão quando desde seu interior soa Born to be wild de Steppenwolf. É tom do celular de JJ quando lhe chamavam. O celular havia ficado no bolso da jaqueta. Um dos carregadores, com tremedeira nas pernas vomita toda a cerveja que havia bebido sobre a lápide. Nem M pode segurar a gargalhada. O toque não demora a parar e o ataúde é baixado.
Em casa fico até tarde vendo um filme pela televisão. Começo a pescar no fim do filme, decido não ver o final e vou dormir, com uma ideia que faz 'cosquinhas' na minha cabeça dormente. Pego o celular e ligo para JJ. Um toque, dois, no terceiro se ouve um ruído:
- JJ...Sou C, e daí véio? Sempre quis saber se realmente tem algo Além. Sim... é só curiosidade.


6 de fev. de 2016

Internet, e a Geopolítica nas artes.

Internet, e a Geopolítica nas artes.

Há sem dúvida um local, no tempo, para a arte. Paris sempre foi centrípeta, atraindo artistas de todo o mundo, desde há muito, mas no fim do dezenove e começo do séc XX virou obrigação estar lá para ser 'alguém'. Mesmo sem nunca ter posto o pé em New York, sei de bairros que concentravam a vida artística da metrópole do império mediático, Greenwich Village, Soho, Tribeca, Union Square eram nutridos e nutriam 'Studios' e artistas. Como Montmartre e Montparnasse, onde pus os pés mas a cabeça não creio, ligados pela linha Nord-Sud desde 1910, não foi diferente. No entanto, hoje estes bairros se tornaram, principalmente em NY, reduto de gente muito rica, o que pode incluir artistas, ricos. Aqui, me parece que os artistas foram defenestrados dos seus bairros boêmios. A arte virou profissão? Antes, me parece, era um modo de vida que gerava uma arte, hoje, uma arte que gera um modo de vida. A Boemia paulistana, carioca, ribeirãopretana... estão no Shopping Center, nos condomínios de baixo e alto padrão. Isolados do mundo, quero dizer, do mundo problemático, que sempre foi o substrato da arte. A arte nunca foi bem-comportada, pode-se dizer que efetivamente não fosse subversiva, em absoluto, mas caseira, absolutamente, como Chiquinha Gonzaga, Mario de Andrade, Millôr... nem mesmo Nelson Rodrigues, ou Manuel Bandeira que por muito tempo teve logos num sanatório.
De repente penso em Jorge Luis Borges, não o primeiro, mas certamente um dos primeiros criadores de arte com fundamento tácito e explicito na informação, escrevendo a respeito do que lera, é o mestre a ser seguido, porque dá a dimensão do que se pode fazer tendo como substrato o já feito, como matéria prima, é o que fez com Quijote e Odisseu, e se não bastasse com Homero.
Na música brasileira houve um claro 'apartheid' dentro de sua produção, sem que isto queira dizer, que houvera uma mistura, mas um contato produtivo entre as variadas formas musicais, sim, e que conste: o fornecimento de matéria prima sempre foi mais frequente e intenso da mais popular para a menos popular, como fica explicito, e explicitado verbalmente por Villa-Lobos, no caso do “Choro”.
Desta forma, o que vemos e ouvimos hoje é a luta solitária da periferia para erguer uma obra musical, enquanto outros expoentes ruminam sobre o já feito.

Acontece que a internet ganhou força, suas redes sociais, acabam por colocar em contato, virtual, uma variedade de espécies. Por hora, há muito ódio, e o entrelaçamento me parece exíguo, frente ao que se poderia construir, mas creio que passado esse estranhamento, algo florescerá. Afinal sempre foi assim, os artistas têm essa afinidade com os problemas, de onde esculpem obras de vertigem.  

Assassinatos, Romance e a vida como ela é.

Assassinatos.

Se as técnicas cirúrgicas não tivessem evoluído exponencialmente o número de homicídios teriam também potencias elevadas. Fica claro, que a maior parte das tecnologias evoluíram muito mais que a moral. O que me chama atenção tem sido a falta de arte nos crimes e sua banalidade, sua quase desrazão. Frente a outros países, sempre me pareceu, que fomos mais criminosos. Do ponto de vista social do assassinato, a justiça brasileira sempre mirou no cadáver e não no assassino. A origem e a etnia do morto, davam e dão a direção, o sentido e a velocidade do inquérito policial. Dessa forma o crime sempre foi banal em nosso país, sempre que o morto seja um zé ninguém. Talvez venha disso nossa pouca desenvoltura no ramo do romance policial. Por outra, outro motivo é e foi a técnica empregada no assassinato, seja, nenhuma. Mata-se. Não há arte, porque não há planejamento. O crime se dá de supetão, quase sem querer, como um tropeção numa pedra. Se se quer o dinheiro dos pais, mata-se os pais, de tal modo que qualquer seqüência lógica e cartesiana de elucubração, sem nenhuma sofisticação, se chega ao ou aos criminosos.Insulina, venenos, metais pesados... não são usados, os crimes são praticados com revólver, marreta, faca, boné ou uma mascara qualquer.  A falta de conhecimento é fundamental para que seja como é, alem da preguiça, porque uma boa pesquisa, nos dias atuais, levaria a se planejar melhor, podendo até se levantar suspeitas, principalmente em se tratando de receber seguros de vida, pois há um pacto tácito das seguradoras com a policia, de maior empenho nestes casos.
Eu suspeito que seja da natureza humana o desejo pelo ilícito, por isso há sempre, quando se vem do passado para o futuro, um aumento da criminalidade. Como já disse, a técnica e a moral progridem com diferentes velocidades. Lembrando meu curso de Vetores, muitas das vezes, têm sinais inversos.

Por fim, o que era para ser uma irrupção inesperada num mundo ordenado, o assassinato acaba por ser conseqüência natural do modo como vivemos.
 Não se trata aqui de preferir um modo de vida ou outro, no sentido de uma nostalgia da merda, pratica corriqueira das gerações, só uma constatação, e escrever um romance policial seria descrever universos opostos. Uma vez, que existem muitos casos no qual um morto, antes de morrer, se atira na direção do projetil, e por vezes, faz isso mais de uma vez.  

5 de fev. de 2016

És um velho, Fausto, um velho.

És um velho, Fausto, um velho.



Todas as imagens que tinha, até ontem, de minha avó materna eram lembranças de uma mulher muito viva, benzendo quebrantes, apartando nossas brigas no campinho... não a vi morta. Outro dia fui visitar um primo de um tio, este também falecido, que me mostrava fotografias antigas, e ao me ver com os olhos estanques numa fotografia com algumas mulheres, numa rua de cafeeiros, disse assim de supetão: “Esta é sua avó” e completou dizendo, que por ocasião da fotografia eu não havia ainda nascido. Era ela, sim, sem tirar nem por, com um avental furado, seus longos cabelos, e uma verruga que também conheci, mas bem mais crescida. Analfabeta, benzedeira, e a beira do borralho me contava contos. Era uma vez um ferreiro... Fui descobrir – com o luxuoso auxilio do Google, e meus parcos conhecimentos de outras línguas – que os filogenéticos Tehrani e Graça da Silva, deram este conto como um conto de seis mil anos, da era do bronze. Diria que é de uma época, em que até o diabo era um jovem. Pois o ferreiro entregou sua alma ao jovem Demônio, em troca de que este o ensinasse a misturar os materiais e uni-los da forma que quisesse. Há uma frase que ronda nossa cultura, que o demônio é mais poderoso por velho que por diabo, e naquele momento isso de nada lhe serviu, e acabou se deixando enganar pelo ferreiro, que pendurou o maligno numa árvore, depois de conseguir o segredo da mistura de lâminas. Fausto não teve a mesma sorte, pois é da terra kantiana, e palavra dada... Me pergunto de qual embornal minha avó tirava essas histórias, apago a pergunta e digo que ela os inventava, enquanto depenava uma galinha, para nos fazer uma canja para as longas madrugadas do Carnaval. ... por estas bandas, seguimos enganando o capeta.


3 de fev. de 2016

Desdicionário. Falácia: acreditar que o tamanho do pênis tem a ver com o do nariz.

Desdicionário.
Alvo: avô branco.
Papada: o papo do Papa papa, papou no papo, levou no papo, 
Canabis: dar o segundo pega. Ir em cana por isso e só ter cana pra chupar.
Infimose, pênis diminuto inviabilizando a circuncisão.
Ridiculites : pequena inflamação do nervo da vergonha.
Ministério: mistério sobre o ministro da cultura.
Multicanal: Veneza, Recife.
Colossal. Grão de sal do tamanho do buraco da rua de casa.
Lúcifer. Brilhante em tons avermelhados.
Parca, burca que só tapa os olhos.
Peritonite: doença que dizimou os Peritos da era Collor.
Melodrama, melão com gosto de pepino, ou bucha.
Lacônico, na forma de um cone.
Malária. Uma parte da ópera que não presta.
Saudável, pessoa digna de um “Olá, como vai”
Diatribe. Tribo das criticas virulentas. Virulenta: vírus disseminado pelo Bicho Preguiça.
Lavadora , Suíça.
Retificar: fazer ás pressas.
Veleidade: vovô cantando mocinha.
Pedagogo, muito gogó e pouca coisa mais.
Bimestre, proprofessor/a.
Advérbio et órbio, modifica não só o verbo, mas todo o universo.
Vespa, inseto italiano de duas rodas.
Libélula, inseto que acusa,
Purpurina, urina carnavalesca.
Auto-estima, gostar de si cuidando mais do automóvel.

Copy right. Direito de copiar, então copie.
Conífera, reino animal, a fera cone, Fred. Botânica: a árvore dos cones. Figura de linguagem: diálogo de lacônicos.
Fraudulenta, péssimo nome para uma senhora alemã. Dulenta.
Enrugado, Bovinos não fazem cirurgia plástica?
Autocensura.
Balada. Festa que termina em tiroteio.
Bissexual. Por isso inventaram o viagra. Mais uma, mais uma...
bronze: o onze do br.
Clara, uma loira com juízo.
Daltonismo, transtorno congênito que nos impede distinguir os Daltons
Ecografia. Cografia, grafia, fia ia, a ....
e-difício. construção virtual de difícil acesso.
Esfincter, figura estrambótica ou estrambólica e enigmática, pela qual Édipo tomou verdadeiramente no cu.
Esquerdismo. Insistir nos péssimos resultados da mão esquerda quando se é destro.
Falácia. Acreditar que o tamanho do pênis tem a ver com o do nariz.

Favorita. A pedra que sempre tropeço.

Faça como Demócrito, não morra em véspera de Carnaval.

Faça como Demócrito, não morra em véspera de Carnaval.

       Demócrito, o filósofo risonho, estava à beira da morte, carcomido, corroído pela velhice. Sua irmã não parava de chorar. Dorido desenlace iminente, mas a dor doía mais por inoportuna, porque naqueles dias se dava o festival das Tesmofórias, festas em que as mulheres festejavam Ceres e sua filha Prosérpina, rituais secretos, maçã do amor, auto falante soando Odair José e tudo mais.
         Demócrito, entendia sua dor, afinal era risonho e não carrancudo. A propósito, ria.
         O que fez Demócrito?
        Tentaria adiar sua morte. 
         Como? 
         Pediu a sua querida irmã, que lhe trouxesse até a cabeceira de seu leito, alguns pães, acabados de sair do forno, e ali ao lado do travesseiro os depositasse, junto a sua cabeça. 
         O que aconteceria?  
         O aroma era tão inebriante que poderia entreter a dona Morte, ainda que ela estivesse ali a rondar a cama.
         O que de fato aconteceu? 
Isso mesmo que ele planejara, durante três dias que duravam as festas, pelo olor dos pães, ele ansiou sua vida tanto que não morreu. 
         Mas, enfim, Demócrito morreu? 
         Sim, no quarto dia, finalmente, soltou as amarras e morreu em paz. Assim não estragou as festas de sua irmã.

2 de fev. de 2016

Rir, Educação Para o Futuro ou Toda Cinderela Tem Sua Meia-noite.

Rir, Educação Para o Futuro.

Toda Cinderela tem sua meia-noite.

Vivemos um momento histórico singular, mui singular, o mais especial de todos – como todos - nunca antes ficou tão pouco claro o que é uma boa Educação, e nunca antes lhe foi outorgado tanta importância como credencial social, ou teve tanta importância para se ter o máximo êxito na vida.
A boa Educação é aquela que propõe limites severos à molecada, para com isso botar-lhes limites severos à exagerada volta do pêndulo pedagógico da permissividade em plena época da intolerância às frustrações pelas satisfações imediatas, a dos gadgets tecnológicos vertiginosos?
É uma boa Educação a complementação da educação formal os esportes, idiomas, música, artes marciais, visitas turísticas aos altruísmos junto ao tecido social mais vulnerável da nossa sociedade, ou tudo não passa de exigências excessivas? Afinal, uma simples inversão, o filho que é quem busca um herói, acaba por ser superman em construção daquilo que não somos? “Viva e deixe viver”, ainda vale?
Afinal, sabemos muito pouco sobre o futuro, mas sabemos que não sabemos como será a maioria das profissões do futuro, assim, como preparar a molecada para ser algo, que no dia em que serão e farão, talvez para tanto, fará melhor um robô?
Indo pouco mais adiante, como os valores mudam, então, como lhes inculcar valores, se já vi a castidade, a virgindade ser um grande valor, depois passou a ser digna de vergonha quem o fosse, para então a “ménage à trois” ser uma vergonha, e logo vergonha era não ter nunca praticado. O que era luxuria passou a ser sinônimo de sanidade, de uma sexualidade livre que ajuda a queimar calorias, e neste momento a gula é a nova obscenidade.
Quem diria que a liberdade de pensamento começasse em algum momento a tangenciar o Fascismo? Quem diria que o laicismo não se adaptou ao multiculturalismo que abraça como ideal?
Quando era menino, os paradigmas, quaisquer – mesmo no futebol os times eram eternos, todos sabíamos escalar o nosso time, e de quebra o adversário – tardavam em mudar, estavam sempre no horizonte.

Portanto, que a Educação permita o riso, porque o riso está cheio de consciência, aguda consciência, e elevada lucidez.