19 de mai. de 2016

O Dia que Matei a Mariana. .


Fui tomado de imensa alegria ao me deparar com uma nota de cem reais dentro da biografia de Joyce. O que não esperava é que Mariana -a República - com seu barrete frígio e seus olhos baços e ela toda verde-azulada-cinzenta parcimoniosa girasse a cabeça e me olhasse fixamente, mostrando um sorriso cruel, com dentes afiados, que parecem gritar impacientes. De repente a nota salta para meu pescoço. Arregalo os olhos desmedidamente, enquanto meu cérebro tenta processar o ataque. Agarro a nota de cem, e a arranco de meu pescoço, e meu sangue jorra na parede. Saio para a rua, entro no bar do Toba, peço uma porção, e com o palito de dentes espeto a República bem no coração, transpassando-a. A nota faz um ruído como um furo de pneu e desaparece. Tomo uma cerveja, e logo outra e outra. A mesa parece um tabuleiro de xadrez aonde as peças são o meu consumo. Num copo vejo o reflexo de meus olhos vermelhos e as veias prestes a explodir. O Tobias e os clientes estão aterrorizados, então eu digo: Um Campari, por favor.


Explorador de Lugares Abandonados.


O explorador de lugares abandonados, força a porta do último pavilhão em busca da Cultura, ao entrar no recinto, seu cabelo e suas roupas se emaranham com as teias de aranha. Acende uma lanterna. Por toda parte há um palmo de água estancada, aonde flutuam insetos e pardais mortos. De uns canos rente ao telhado uma goteira insiste em sua percussão. Auto falantes com sua eletricidade estática fazem seu ruido. Então o explorador de lugares abandonados, que forçou a entrada no pavilhão nacional da Cultura, ouve passos, parecem vir de um corredor escuro. Os passos estão mais perto, retumbam ritmicamente, desprendendo pó do teto. Das sombras sai Macunaíma, ou parece Macunaíma, no seu rosto um grande sorriso, como se fosse uma fatia de melancia sobre uma caixa de pizza num lixo. Macunaíma tem dois metros de altura, e do interior de seu disfarce mofado infestado de ácaros e pulgas saem essas palavras: “Quer ver como me arranco a cabeça?” E arranca. O explorador de lugares abandonados vê sangue por toda parte, antes de desfalecer.


Tentativa de Creppypasta.

Crime e Castigo.

Crime e Castigo.

“Não me sinto culpado de nada. Afinal, não era um líder responsável, senão que um soldado que obedecia ordens”.
A frase resume a linha de defesa que usou, durante quatro meses de seu juízo, o oficial nazista Adolf Eichmann, responsável pela logística do transporte e distribuição dos judeus europeus aos campos de extermínio para a serem executados. Eichmann, no fim da Segunda Guerra Mundial, fugiu para a Argentina com a sua família, até ser sequestrado pelo serviço secreto de Israel no ano de 1960. Foi trasladado a Israel, julgado, condenado a morte e executado por crimes contra a Humanidade.
Em janeiro de 2016 vem a luz uma carta escrita a mão por Eichmann, aonde ele pede clemência e reitera que não passava de um soldado raso, funcionário do baixo clero, que não merecia ser castigado pelos crimes de seus superiores, que lhe davam ordens. Na mesma ocasião, foi tornada pública um telegrama de sua mulher, Vera Eichmann, que dizia: “ Mãe de quatro filhos, peço que perdoem a vida de meu marido”. O telegrama não obteve resposta, mas o presidente Tsevi, ao recebê-lo em 31 de maio de 1962, antou em hebreu uma citação do Torá: “ Mas Samuel disse: ' Tal como a sua espada deixou mulheres sem seus filhos, assim a tua mãe se ficar sem filhos entre as outas mulheres'”. Samuel 1,15:3;

São tão inquietantes as afirmações do criminoso Eichmann como as do antigo presidente de Israel Ytshaq ben Tsevi. Eichmann quer fugir da responsabilidade no extermínio sistemático de milhões de judeus dizendo que unicamente cumpriu ordens, como se fosse uma peça inconsciente de um relógio, e não um homem com critério moral e capacidade de decisão. Eichmann é infame. Mas Yitshaq tampouco não é modelo: mostra o rosto mais fosco daqueles que reclamando por justiça e castigo para os culpados, nada mais fazem que vingança. Há muita gente, pelo globo, que não passou jamais do antigo “ Olho por olho, dente por dente”. Assim vai a Palestina, e assim vai o Mundo.

18 de mai. de 2016

Ovos e Dieta.

Ovos e Grapa.

Quem não quer viver mais? Mesmo que for para ficar jogando truco com milho. A pessoa mais velha do mundo, alem de levar uma vida satisfatória é uma mulher italiana, Emma Morano, com 116 anos, oficialmente.
Quando se fala em longevidade, a primeira coisa que vem à cabeça é sobre a dieta. Aparentemente, Emma continua comendo três ovos por dia, dois crus e um cozido. E soma: sem nojo. Ademais, um gole de grappa de quando em quando. Disse que faz isso desde jovenzinha, quando um médico a aconselhou para combater a anemia. A anterior, mulher mais velha do mundo – os homens se dão muito mal nesses rankings ocupava o posto uma americana, que morreu com os também 116 anos, outra viciada em ovos, no seu caso com bacon. Coisa que sempre ouço, é a comida tipica dos norte americanos.
Em resumo, há outras formas hipotéticas de encompridar a vida, mas as deixo de lado, e a partir dessa noite decido que um elemento central dos meus manjares será ocupado pelos ovos, ainda que muitos possam reprovar com torções seguidas de um lado para outro de pescoço. Claro, vou aproveitar da dúzia que comprei no Zilinho Pippa. Caipiras, miúdos, não sei porquê, mas de gemas amarelinhas. Penso que os primeiros a chamar o que não é clara de gema, deve ser pelo amarelo ouro que apresentava. As de granja, maiores, estão mais para anêmicas, que para gemas.
Não vou nem contar a meu médico, que faz uns 5 anos que não vejo, e ele não me vê. A última vez ele nem sabia que sardinha e atum e outros peixes dessa turma chamada de azul, eram bacana para a saúde. Muita literatura médica e pouco trabalho pessoal de campo, o entendo.

Só me falta encontrar algo que se equivalha à grappa. É a parte que mais apreciei na história da italiana Emma. Pinga?  

Infâmia.

Tô me sentindo meio besta, não o sátiro que é meu desafio, mas nulo como um zero esquerda  à esquerda, ou eu vou prá rua levantar bandeiras, atirar pedras, coquetéis, ou paro de pensar na coisa Golpe e seus desmandos. Palavras e argumentos já são insuficientes.
Porque se fosse possível, passaria para o outro lado. E passaria entrar nos postes dos amigos para defender as posições vencedoras desse momento. Mas isso não me serve de nada, nem me traz alívio, nem dinheiro. Talvez, perdesse amigos de longa data.  Perderia o norte. Eu sei que a vida é pura desrazão e casualidade. A causalidade,  cada um a concebe em causa própria, mas para que tanto sangue? Tanto sofrimento destinado à maioria, em nome da capitalização de poucos?
Jamais saberei a resposta. Quem sabe amanhã conseguirei tragar essa infâmia.

A Bola Ficou Quadrada.

Me preparei a vida inteira para o embate, necessário, político. Aprendi as regras. O passo à frente, depois de dois passos atrás. A finta de corpo, a matada no peito, a espera que a solidão do goleiro o impelisse a escolher um canto. Mas a bola ficou quadrada. 

Conceitos do Séc XIX.

Conceitos do Séc XIX.

A FIESP de Skaf, o sindicato Patronal por excelência, agrupa, além das pequenas as maiores empresas do Estado de São Paulo. Grandes empresas.com cotização na BOVESPA, desfrutam das maiores ajudas do Estado e da União, fabricantes de carro, elétricas, petroleiras etc. Skaf é um sujeito que não provoca debates. É ridículo, se consegue chamar atenção, é somente pela postura retrógrada, no mínimo, para o cargo que ocupa, se toda a entidade não fosse um Conselho de Coronéis, com seu pé e cabeça no século XIX. Outro dia um representante dessa Caterva, disse que uma hora de almoço é demais, bastariam 15 mim.  No mínimo, deveriam estar a discutir a digitalização, coisa do XXI, nem que fosse por estar em voga. Porque também envolvem conceitos de trabalho fixo e seguro.
Mas não, para eles a modernidade é a precariedade, o desemprego de jovens bem formados, só por contemporaneisade à morte. E se ouvíssemos bem, há muitos conceitos do XIX que a FIESP persegue diuturnamente, como o direito de greve, a liberdade sindical, o direito da negociação coletiva, o direito dos jovens se organizarem contra os excessos  que instituições como esta praticam.
Parecem aqueles empresários das manufaturas têxteis inglesas, ou gostariam de desfrutar daqueles privilégios do capitalismo selvagem, privilégios que perderam por isso mesmo, por  selvagem.

16 de mai. de 2016

Suicídio.

Suicídio.

Corria o ano de 1976, mais precisamente não sei se 75. Trabalhava na Caprichosa Modas da São Sebastião datilografando duplicatas. De repente um alvoroço, um mundaréu de gente descia pela Visconde rumo a General. Largamos, eu e o Melo, os afazeres, a ver o quê. No edifício número 490, que tem um estacionamento, la no topo, um homem caminhava se equilibrando, ajudado pelos braços abertos. A massa, meu coração palpitava, calada. Ele foi e voltou umas três vezes. Parava, olhava para baixo. Fez sinais ao povaréu. Do espanto a multidão passou ao escarnio e gritou uníssono: Pula. Ele ameaçou. Mas não pulou. Entretanto escorregou. Ainda assim, conseguiu se segurar na parede com as duas mãos, e com os pés patinava pela parede e tentava voltar. Não conseguia. Foi se cansando. Já não tentava mais. Escapou. Berrou voando. E se esborrachou no teto de uma loja de roupas. Quebrou as telhas. E foi colhido pela lage. Que afundou. Trincou. Mas não o deixou passar. Por vários dias, revia seu voo assustador. Nunca soube, ou não quis saber dos propósitos daquele homem. No breve tempo que durou o ato, os bochichos diziam se tratar de um louco, para mim, então, todo suicídio era coisa de loucos. .
Faz quatro anos, Dimitris Chistoulas, de setenta e sete anos, farmacêutico aposentado, se disparou um tiro a cabeça no meio da praça Syntagma de Atenas, diante do Parlamento, todo mundo entendeu suas razões. Depois sua nota de suicídio era clara: “O governo reduziu a nada, literalmente, a minha capacidade de sobrevivência, que dependo da pensão, que durante mais de trinta e cinco anos paguei sozinho, sem a ajuda do estado. E que pela minha idade não tenho o poder de resistir ativamente (...) não encontro outra solução que não esta, para um final digno, antes que me encontre obrigado a procurar comida no lixo” . Foi um suicídio público, usado como protesto que não podemos menosprezar.
Um suicídio sempre impressiona, porque a maioria das pessoas não concebem que se possa considerar que a vida não seja uma prioridade. Deve ser por isso que esta maioria, a fim de viver, está disposta a viver de qualquer maneira. O suicídio em privado,surpreende. Mas a sua condição faz que o potencial crítico se dilua. No entanto, quando alguém se suicida publicamente, à surpresa se soma o espanto, e mais que se tirar a própria vida se acredita que queira dizer algo com o gesto que é um grito.


 Oceane, garota de 19 anos. "ao vivo"

 Já é triste a morte, mais triste se se soma a banalização, e nos tornamos vouyers num mirante. 

O Artista e o Político.

As Artes e a Política.

Quando artista e político merecem assim serem chamados, forjam a nossa alma. Por vezes podem colaborar num projeto comum. Temer como a maioria dos políticos brasileiros não forja nada. Uma olhada rápida botam a Bossa-nova e JK noutro plano,  um assoprando seu alto-forno, outro burilando a vassourinha na timba, era nossa alma, e como alma brasileira, só foi derrubada de seu vôo nas alturas, pela Infâmia nacional dos plutocratas.
O artista genuíno não é decorativo, não se presta a se criar aos pés dos poderosos.
Políticos da estatura de Temer ( e tudo que é seu entorno) não admitem competidores, necessitam, antes, de tipos de pedagogos, tanto nas artes como na mídia, servis.
Políticos da estatura de Temer, só reconhecem a arte decorativa.
Faz sentido o que quer fazer com  a Cultura do país.

Coisas lidas antes de escrever.  um troço de Platão, Atenas ( democrática) persegue Fídias. 

Faísca.

Faísca.

Não creio nessa concepção de espírito que vira e mexe a concebem, de modo cômodo, por demais cômodo, viver do que já está feito e existe, se ocupando das coisas elevadas ou imateriais.
Para mim o espírito é a relação com o mundo que vivo, e a compreensão desse viver com amplitude,
É uma interpretação que não vem da luz da intelectualidade, mas dá luz vital, no choque contra a pedra dura dos meus limites  e os do mundo.
Tenho como ambição a liberdade profunda, melhor dizendo, no seu sentido profundo. E com isso me libertar da mera aparência que me amarram a âncoras e pedras, me debilitando, de esperanças vãs,
A liberdade deixa descoberto o aparente como aparente, e aceitando o perigo obtenho a minha segurança, uma vida com fundamentos e raízes próprias.
Porque ao lutar pela liberdade, luto comigo mesmo, com o que tenho de mais profundo dentro de mim e com o que consigo alcançar.
Essa é a faísca de minha vida.

Brevidade.

Brevidade.
Preguiça, sinto preguiça, não porque seja sexta-feira, que o nome dos dias da semana já significam pouco – tirante o domingo, lento, ornitorrinco –  mas por preguiça. Não direi nome local nem hora. Não elencarei circunstâncias nem detalhes. Não concretarei títulos ou créditos. Me poupo de valorar os orgasmos alheios. Me abstenho de recomendar dicionários. Se proveitoso, me desculparei por haver sido prolixo nas apresentações e breve nos resultados. Amanhã será outro dia.

15 de mai. de 2016

Cheiro da Chuva que há Tempos Choveu.

Cheiro de Chuva que há tempos choveu.

É tarde. Caminho depressa. Um paralelepípedo mal colocado é uma arapuca para pessoas apressadas e distraídas. Invisível. Camuflada numa calçada duma rua inesquecíveis, pronta para ser ativada por qualquer pé. O meu. Tropeço. E começa a chover. A traição. Aquelas pequenas coisas que atrapalham o dia. A chuva na cidade é um incômodo. E me dói constatar. Como se traísse minhas origens. Sinto o cheiro da chuva e ainda não completo o entendimento, esta  locução vale por escuto chover. Não faça caso. Há poucas coisas tão bonitas quanto o som in crescendo da chuva. Sinto o cheiro e escuto a chuva. Inda mais quando está canção começa subitamente, num som metálico. As gotas trombando com as folhas de zinco lá do coberto. Contra as persianas de alumínio. A excitação de saber que será um dia diferente. De se ficar em casa só em meias, e ter licença de assim subir ao sofá. De brincar nos corredores da escola, porque não dará para ir ao pátio. Aquele verde intenso do mato molhado, o cheiro de terra molhada. A chuva trazia essa alegria intensa, da festa inesperada, desprevenida. Além de ser um prólogo para acabar a luz. Resmungos generalizados, era o que sobrava. Ao mesmo tempo, adorava o anacronismo da rede elétrica. Procurar as velas, a vó nunca se lembrava aonde. Era outra alegria encontrá-las, ascendê-las. E o vô se punha a contar histórias, as aleluias sem poste de luz e as tanajuras… e íamos comendo a noite, lentamente, quando a luz voltava, alguma dor era visível nos rostos, porque não é fácil quebrar a magia. E nada já não era o mesmo. Se a narração fosse cortada ao meio pela volta da luz, vinha um final abrupto, em falso. Como se tivéssemos vergonha daquilo que fazíamos a luz de velas.  No dia seguinte descobria o sentido de ufanoso, o mistério do de vez, do maduro. Escuto a chuva, e tento encontrar o rastro dessa alegria pueril. A determinação das Tanajuras com seus vôos estabanados, incertos, que mal descobrem o mundo da luz, e já cavam outra toca.
A nossa é uma sociedade doente, mas voltar a viver no passado é de dementes. Cômico. 

11 de mai. de 2016

Stands With a Fist.

Stands With a Fist
Em Pé com Punho em Riste.

Quem não lembra desse filme, ganhador de 7 Óscares, com sua manifesta vontade antropológica. Mostra como os indígenas botavam o nome nas pessoas em função de alguma característica relevante. Batizam Costner como aquele que dança com lobos, porque o seu personagem, se fez amigo de um lobo solitária da pradaria, com o qual brinca de correr e perseguir. A sua mulher recebe o nome de Em Pé com o Punho em Riste, porque quando sofria nas mãos de uma índia velha, um dia se revoltou e se levantou com e elevou seu punho contra a mulher adulta. Com isso deixou manifesto sua firme vontade de não afrouxar, de não se render e de não se deixar pisar; ganhando o respeito de todos, um nome jogando com seu caráter.

Este mesmo nome merece Dilma Roussef.

8 de mai. de 2016

O Voto de Teori.

O voto de Teori.

Teor do voto,
Em tese deteriorou,
Ainda, teoricamente, mas
o cheiro se fará sentir.
Na teoria e na prática
Retesou interiores de relações
desde sempre tesouro de tensões.
Do  teor inteiro, anda,
Ainda não me inteiro,
Nem que queira,
Não vou me internar inteiro,
Sou reto, sem teoremas:
A trama não vem de ultramar
É tramação de inteiro teor interno.
Teia que entristece amanhãs.
Arapuca até então turva.
Ter o teor reto não é meu teto,
Arranho, teço e torço
Sem saída, exito de existir exato.
Brumado, me escondo da curva.
Ter o teor inteiro, é ter  um tinteiro,
 uma cor, só o fundo contrasta,
Tramo com o teor, tangencio
Traço trapaças, tropeço
Do terço não sei, troço
Tricoteio filigranas, a trechos.
O turvo teor, reitero, negaceio
Negócios,  negocio.
Do troço não sei um terço.







4 de mai. de 2016

Em carne viva.

Em carne viva.


Leu pouco, sempre, agora renunciou a toda leitura
Viu muito pouco de tudo e não tem nenhuma curiosidade em ver ou observar.
Sendo realista e raso, refletiu e estudou quase nada. Logo, não tem conhecimento nenhum. 
Durante a vida se limitou a sentir. 
E neste aspecto anda com a sensibilidade à flor da pele. 
Entretanto,  com esta sensibilidade, está mais perto da  dor que do prazer. 
É como um homem que foi despojado, não tão só da roupa que vestia, mas também de sua pele.

2 de mai. de 2016

Liberdade de Pensamento. Liberdade de Fala.



Segundo Al-Farabi, ele mesmo, o pensador persa que deu origem á palavra portuguesa: alfarrábio; numa cidade governada por um déspota cruel, vivia um homem honesto, que se sentindo alvo da ira do tirano, decidiu se exilar. Como o medo havia convertido os cidadãos em delatores, o tirano rapidamente soube dos planos daquele homem, e ordenou que de nenhuma maneira fosse permitido que ele conseguisse realizar seu plano. Então o homem honesto se disfarçou de vagabundo, e tocando um tambor e cantando como um bêbado, se apresentou a uma das portas da cidade. Quando um dos guardas lhe perguntou quem era, ele responde que era um homem honesto, que queira fugir do poder do tirano. Incrédulos, lhe deixaram ir, sem suspeita.


Moral. Liberdade de pensamento. Liberdade de expressão. Parece que se pode usufruir de cada uma a seu tempo, nunca das duas ao mesmo tempo. A saída é ser o homem honesto de Al-Farabi? A falta de nobreza está em sacrificar a liberdade de pensar, para conquistar uma posição social de prestígio, e depois querer fazer crer que não se pode fazer outra coisa.