30 de nov. de 2015

A Importância de se chamar Ernesto.



Uma adaptação livre de Oscar Wilde “ A Importância de se chamar Ernesto”. Teatro.

Vou direto à parte em que

Dona Iria Alves. - O que é Você politicamente?
Cravinhos – Esquerda Progressista.
Dona Iria Alves – Está bem, digamos comunista. No fim dá na mesma. Passemos a detalhes menos importantes. Seus pais, vivem?
Cravinhos – Perdi os dois, Dona.
Dona Iria Alves. - perder um, senhor, pode ser uma desgraça, mas os dois, me parece falta de carinho. Quem era seu pai? Certamente, um homem bem posicionado. Mas, nasceu na, como dizem os jornais radicais, em berços de homens de sindicatos ou da companheirada?
Cravinhos. - A verdade é que não sei. Perdi a meus pais, realmente, mas exato seria dizer que meus pais me perderam... Até agora, não sei quem sou... numa palavra: fui... sim, fui encontrado...
Dona Iria Alves. - Encontrado?
Cravinhos. - O falecido senhor Humberto Humbert, que era muito caridoso e de coração bondoso, me encontrou e me deu o nome de Cravinhos, porque naquele momento tinha no bolso uma passagem da Mogiana para Cravinhos.
Dona Iria Alves. - E aonde esse senhor tão caridoso, que tinha uma passagem da Mogiana para Cravinhos, te encontrou?
Cravinhos. - (sem se livrar da pigarra) Numa mala!
Dona Iria Alves.- Numa mala?
Cravinhos. - (ainda grave) Sim, Dona Iria Alves. Numa mala de couro preta, bem grande, com alça... enfim, uma mala normal e corrente.
Dona Iria Alves. - Em que lugar encontrou ele essa mala normal e corrente?
Cravinhos. - Num guarda volumes da estação Gironda. A deram equivocadamente pela sua.
Dona Iria Alves. - Num guarda volumes da estação Gironda?
Cravinhos. - Sim, na linha de São Simão.
Dona Iria Alves. - A linha é de menos, senhor Cravinhos. Te confesso que isso que me diz, me desconcerta bastante. Nascer ou pelo menos, ser criado numa mala com ou sem alças, demonstra um tal desprezo pelas convenções da vida em família, que me faz pensar nos piores excessos da Revolução francesa. Quanto ao lugar em que foi encontrada a mala, é possível que o guarda volumes de uma estação ferroviária sirva para ocultar uma indiscrição social, e provavelmente, não te serviu até agora, e de modo algum servirá como base estável para viver na boa sociedade...


Nosso Herói.

Nosso Herói.


Horacio: “naturam expelles furca, tamen usque recurret.*



Nosso herói é um bolsista de pós-doutorado em Psicologia, mais especificamente em Percepção e Psicofísica. Na linha estrita da Percepção Visual: Percepção do Tamanho e do Espaço, de uma faculdade provinciana, em meio a canaviais, que vivia sem saber o que queria. Se alguém, de supetão o inquirisse: Quer ser um Rei? Talvez respondesse: Bah! Com o despeito de um sorriso largo. Queria ser ele mesmo, coisa que ainda não conseguia definir. Longe ia o tempo dos primeiros anos escolares tão populares, tão democráticos, quando a educação tinha como função enganar a natureza e a procedência de tudo que havíamos herdado, dela, no corpo e na alma. Nosso herói se recorda dos virtuosos e cândidos professores, que o animavam a ser verdadeiro, e obedecer o impulso profundo do seu coração.
Um dia nosso herói ouviu dizer que “só a ação conduz ao êxito” e que o êxito é a “realização do próprio destino”, então, imediatamente decidiu que queria ação e êxito. Mas não era um homem de ação. Os homens de ação são os aventureiros, os financistas, jogam na bolsa de valores... mas para ele, o que move esses homens são as mesquinharias. Ele quer algo prometéico, e se não pode realizar, em si mesmo este destino, está disposto a gestá-lo, no seu próprio filho. Assim, decide se casar, entrar para o corpo docente da universidade e por a cabeça no lugar. Se casou com a formosa Amaranta, filha de José Arcádio e Úrsula, com quem logo teve um filho, que era uma criatura repugnante, doentio, crânio dilatado, e a coluna sinuosa, se criou raquítico, cresceu corcunda, impertinente, arisco, precocemente lascivo e briguento. Acabou se enforcando no fundo da chácara, pendurado de um abacateiro, bailava no ar o futuro Prometeu, desforme e leviano como um fruto temporão.


* quer dizer, por muito que tentemos expulsar a natureza com uma foice, ela sempre terá a última palavra, e sem interrupção reclama seus domínios.   

26 de nov. de 2015

Historia Domini Quijoti Manchegui. In uno lugare manchego, pro cujus nomine non volo calentare cascos..

Historia Domini Quijoti Manchegui.

In uno lugare manchego, pro cujus nomine non volo calentare cascos..

Assim começa a tradução do Quixote ao latim macarrônico realizada pelo indomável Alcidoniun Galvum. Tal proeza não foi fruto do prazer, mas sim uma imposição disciplinar de seu reitor enquanto era seminarista no seminário central de Bonfinae. Houve tempos em que a um jovem se castigava obrigando a traduzir o Quixote ao latim, o resultado é a Historia Domini Quijoti Manchegui, arte e ironia.

Uma pouco mais :n isto capítulo tratatur de qua casta pajarorum erat dóminus Quijotus et de cosis in quibus matabat tempus.
In uno lugare manchego, pro cujus nómine non volo calentare cascos, vivebat facit paucum tempus, quidam fidalgus de his qui habent lanzam in astillerum, adargam antiquam, rocinum flacum et perrum galgum, qui currebat sicut ánima quae llevatur a diábolo. Manducatoria sua consistebat in unam ollam cum pizca más ex vaca quam ex carnero, et in unum ágilis-mógilis qui llamabatur salpiconem, qui erat cena ordinaria, exceptis diebus de viernes quae cambiabatur in lentéjibus et diebus dominguis in quibus talis homo chupabatur unum palominum. In isto consumebat tertiam partem suae haciendae, et restum consumebatur in trajis decorosis sicut sayus velarte, calzae de velludo, pantufli et alia vestimenta que non veniut ad cassum.

A abertura de Cervantes é magistral mesmo em latim macarrônico.  

Dárcy, a grama baixa custa uma grana alta!

Dárcy: Cortar Grama baixa é Grana alta.

Eu não gosto dos americanos do norte em pontos específicos, em particular a mania de por gramados por toda parte. Chegou ao sul. Chove a grama cresce, cresce, vira mato alto, a prefeitura paga uma fortuna mensalmente para fazer a grama abaixar, mas só abaixa a grana do caixa, do erário, errático se consumindo em aparar grama dos canteiros centrais de avenidas, de praças etc. Não me parece inteligente, e quiçá ecológico, tampouco bonito, já que passa a maior parte do tempo alta como capim. E há tantos tipos de  pisos que captam água da chuva. Gastou uma vez, com trabalhos mais qualificados, etc e tal e não faz falta essa brigada de roçadores rondando avenidas sem fim...

Dárcy: Rua João Bim!


A rua João Bim é paradoxal. Consegue ser a pior rua asfaltada de Ribeirão, e pasmem até as recentes chuvas, ali havia dois buracos, o que é muito  pouco relativamente a sua extensão, e frente ao padrão do município. O que a faz ruim é seu asfaltamento, é um asfalto enrugado, e em certo pontos parece que é uma costelinha de porco. Façamos um BOTOX nessas rugas!? Vamos desossar? 

Dárcy.

Darcy, eu gosto dos americanos do norte por alguns motivos específicos. Um deles é  que não acreditam na consciência, nem no bom senso humano. Por isso inventaram os semáforos, depois o de três tempos, porque se deixar para o arbítrio, o ônibus atropela o carro que atropela a moto que atropela o pedestre, e se bobear o pedestre atropela o ônibus, o carro, a bicicleta e a moto e aos outros pedestres de bengala. Vamos instalar uns quantos desses cotizadores de trânsito, vamos!? Verde , agora você!  

24 de nov. de 2015

Pop never Stop.

Pop.
A democratização , as vezes, querem dizer, levou à vulgarização, no âmbito cultural. Com o advento das novas tecnologias a generalização se esparramou.
Há quinhentos anos, somente as elites religiosas e os nobres tinham acesso livre, os demais comiam capim na escuridão da ignorância.
Hoje, apesar da sua clara falta de qualidade, a educação universal, os meios audiovisuais, e o desmoronamento das informações para todas as mentes, mesmo os mais burros, os mais preguiçosos, os que não querem, sabem. Faço um parênteses, recordo da bibliotecária do Otoniel Mota, com seus colares de bolotas coloridas, que me bloqueava o acervo. Fim do parênteses. Muitos, como eu, tínhamos muitas dificuldades em ter livros, televisão, jornais… outros não, e eram uma parcela muito maior que a de príncipes e bispos de antanho.
Hoje tá tudo na nuvem. Todos os volumes do mundo, na língua que me apraz.
Tudo faz crescer a homogeneização, que faz tempo que desemboca no que se diz,Pop. Tudo que significa cultura está sob este guarda chuva, ao custo de um clique, pouco mais: R$ 79,90 por mês.
Alguns insistiam no conceito de alta cultura, mas a alta cultura deu uma rabeada, e sua carga caiu no barro fundamental e a mistura se tornou inclassificável, de natureza esquiva, como seu criador,  disforme, borrando todas as fronteiras entre a arte e a qualidade. Por fim, não se sabe o que é cultura. Nem ela sabe quem somos,  justo nós quem devemos consumi-la, para que então ela exista. Concordamos em Bach, Beethoven, Mozart, quem sabe Villa Lobos e pouco mais. Mas concordar em quais os melhores cantores e cantoras do séc XX, que são umas centenas, só dos que já foram enterrados?  O mesmo nas artes plásticas Picasso, Portinari, Caribe, Miró… mas depois das vanguardas , não creio que saberíamos coroar a hierarquia pictórica das últimas décadas. Por falta de perspectiva, certamente, ainda que o fim das fronteiras, de que falei, mas a banalização, e até mesmo a ridicularização da alta cultura, tudo isso tem a ver com essa cegueira. Vivemos na superfície, dos extratos, resumos, a imediatez das ideias, as imagens, as manchetes, os memes, a fugacidade das reflexões. Talvez nos  falte saber gestionar, não é preciso que seja ruim, se soubemos antes, ou será que esta recusa em discriminar nos leva ao desastre?.

23 de nov. de 2015

Into the Wild.

Into the wild.

Não vou falar do filme de Sean Pen, e falo, mas me importo, mais agora, com a tradução livre e espontânea que pensei: Silvestrarse.
Trazemos certo ruído de uma permanente atração pelo limite, a fronteira, como se na alma estivesse agasalhada uma chamada que a cidade não oferece resposta. Essa coisa 'selvagem', frequentemente, é algo a conquistar (domesticar) ou bem a sonhar (pioneirismo), mas me parece que o natural é outra coisa.
Outra coisa, que nada tem a ver com a ecologia que é uma forma de piedade para com a coisa selvagem.
Exatamente o quê, queremos dizer com natureza selvagem? Pode-se supor algo grandioso, duro, dramático, violento e formoso; algo que no fundo, nos oferece alguma coerência na sua falta de medidas, alguma beleza na sua crueldade.
Da natureza devemos voltar para casa mais sábios, como nos contos infantis. De certa forma não pensamos na natureza quando nos deparamos com terríveis deformações congênitas, a morte súbita, ou as conseqüências perversas de nossas boas intenções.

A natureza não tem sentido.
Se buscarmos na natureza algum sentido, não passa de outra que não a criação de nova religião. Me parece que no momento em que esperamos algo da natureza começamos a ser piedosos, quem espera, já é um crente, e  estamos batendo sem saber na porta da divina providência.


O Erro Está na Dose.

A Dose.
Penso que o mundo mudaria rapidamente se as doses dos "castigos" fossem reduzida. Por exemplo, o cigarro não deveria 'dar câncer" mas coceira. Sim uma simples coceira, sem pomadas que a resolvessem. Imagina uma festa de gala, e toda a gente se coçando, com marcas vermelhas por todas as partes....
O mesmo se dá na questão ambiental, que promete a falta de água, o derretimento dos polos, a subida dos mares, o fim das cidades da orla marítima... Em vez disso tudo, um simples furúnculo na borda, na aureola  do cu. Já era, ninguém ia cortar árvores, emitir fumaça poluente, jogar lixo no rio, mas não, a promessa de uma catástrofe que nunca chega de uma vez. Um furúnculo salvaria o planeta, umas coceiras os males do tabagismo...

22 de nov. de 2015

Sobre como deve responder quem é de direita, conservador, sobre os ataques a Paris

Sobre como deve responder quem é de direita, conservador, sobre os ataques a Paris!

Não necessitamos de história e filosofia para saber quem são os bons e quem os maus.
Nem para saber que se nos atacam temos que nos defender.
Nem para compreender que a obrigação de toda comunidade é garantir sua continuidade no tempo. Logo, não necessitamos de filosofia e história para preservar nossos valores.

Então afirmo e pergunto:

A clareza sobre estas coisas não é proporcionada pela política.
Se não poder se explicada pela filosofia e a história estamos perdidos?
Respondo: estamos perdidos.
Por isso não hasteio a bandeira da França. Nem canto a Marselhesa. 

20 de nov. de 2015

Como Organizar a Indisciplina?

Como Organizar a Indisciplina?

Aqui no mundo virtual, tem se falado muito sobre/de/entre/em machismo... E se faz como é normal, em/sobre/de/entre tudo. Meu pitaco não falta, tarda.
Pergunta: se numa cidade a maioria decidir abolir a roupa, têm direito de botar pelados  a minoria, opositora? Não é, por acaso, psicologicamente intolerável que pessoas pacatas pretendam cobrir supostas vergonhas que os desinibidos luzem descomplexados? Digamos que sim.
Um outro ponto que me interessa é, vamos ver... Aquele ou aquela que desperte o impulso sexual do outro ou da outra, está exercendo ou não uma interferência, ou inferindo “palpável” em sua liberdade? Se digo que sim, o intrometido ou intrometida tem que estar dispostos/dispostas a apaziguar o que sublevou. E se, se negar, há que ser expulso/expulsa do local que mora.
Podemos chamar a isso de organização da indisciplina?


19 de nov. de 2015

Ninguém tem consciência, somos consciência, ou não!

Ninguém tem consciência, somos consciência, ou não!

A matança, a carnificina em Paris marcará um ponto de inflexão nas politicas de segurança das potências do mundo, e em especial da União Europeia e, course, EUA. Como no caso das torres de Nova Iorque. E para tanto se 'saltará' alguns direitos fundamentais, como o da intimidade e o da presunção de inocência.
O Patriot Act criou o limbo jurídico de Guantánamo, sem acusação ou expectativa de julgamento.
É a guerra, e até aonde sei, ou como pretendem alguns, não há lei, se é certo, já não sei. Mas até aonde sei, há diferença entre guerra e barbárie. Ao menos aos que respeitam os tratados e direitos internacionais, e os que utilizam pessoas como instrumento dos seus planos perversos.
Os mortos de Paris, o brutal atentado contra a convivência e a vida da sociedade tolerante, é a demonstração que ao lado da segurança, ou junto com esta, deve-se continuar exigindo liberdade e tolerância, convivência entre os  que professam religiões diferentes e os de pensamentos diametralmente opostos.
Isso nasceu com a Revolução Francesa e isto é o que devem preservar se não querem que vençam os violentos.


17 de nov. de 2015

Política do EIA. ESTADO INDIVIDUAL ANÁRQUICO.

Eu não. Sou contra os ataques terroristas, um horror! Sou contra a intromissão de qualquer país em outro! Soberania! Um horror. Sou contra a postura de Putin, e contra ele em particular! Um horror. Sou contra a França apoiar o ISIS para derrubar Bashar Al-Assad, um horror. sou contra Bashar Al-Assad se perpetuar no poder, mas quem deve cuidar disso são os sírios. Sou pelo fim das fronteiras, passaportes, sou pela união do que quer que seja com o quer que seja. Sou pelo beijo na boca, até em cachorros! Sexo livre com quem estiver afim. Sou pelo estado laico e pela liberdade religiosa, desde que fora das escolas, dos tribunais. Pelo fim do racismo, machismo, fetichismo e todos os ismos, excetuando o municipalismo, e um federalismo onde cada estado seja mais autónomo. Sou pela liberdade de criação de partidos no âmbito municipal, e contra a coalizão contraditória, seja se coligar em Ribeirão e ser adversário no Estado. Sou pelo voto distrital. Pela desobrigação do voto. Sou pela igualdade de deveres étnicos e gênero. Quem tem cachorro que cuide dele. Que só vá para o caixa do supermercado se tiver toda a compra no carrinho. Pelo fim dos desodorantes fedidos, tipo Rexona. Pelo fim do creme rinse com cheiro de cabelos! Pela liberdade de uso de arma de fogo, somente no trânsito! Fim dos favores e dos empréstimos de coisas, como livro, tesoura de cortar ramas, escadas, chaves de fenda e alicates. Quem pedir pode ser atacado, sem ser vítima!

15 de nov. de 2015

Civilização

Civilização.

Dizemque, R. Anfrade vinha pelo caminho pedregoso desde a Cruz do Pedro, vulgar Zé Goleiro, poeira entrando pelos filtros de ar do ar condicionado, parou para passar umas vacas, à sua direita um quintal com galinhas soltas ciscando, uma parreira seca, depois das vacas continuou, até poder a sua esquerda verbos muros erguidos do Alphaville. Suspirou profundamente e pronunciou estas memoráveis palavras: Eis aqui a civilização!

Daqui se depreende que a crase diante de possessivos femininos é facultativa. 

A Magnitude da Tragédia.

Magnitude da Tragédia.

O problema não está em discutir tragédias e suas magnitudes, está em discuti-la, narcisicamente, como se tratasse do tamanho do pau, dos seios, das bundas.
Ah! Eu não discuto isso! Todas são vítimas de mesmo quilate. Sim, evidente que sim. Óbvio que sim.
Esse papo que não se discute religião, política é o reducionismo necessário e suficiente para uma tragédia. O povo alemão não discutiu a ascensão de Hitler. O homem bomba não tolera discutir religião, eis a tragédia. O mercado e o tudo que se faz para baratear o preço do produto, também não se discute, é coisa de comunista, dizemque.
A metáfora que insiste em pertencer a este texto, é a discussão da relação, se não se discute, o rompimento ulula na sala de estar.
A Democracia está em discussão, queira ou não, está. Está posta à prova a transparência. As minorias sejam quais forem, como está a Democracia, não são contempladas. A maioria como instituição intransigente, não serve a outro senhor que não o esgarçamento das relações. Por outro lado, a vontade de poder se generalizou se espraiou, todos querendo “poder tudo”  sem geografias, sem alfândegas.  
Ao discutir política contemplamos a economia, o mercado por extensão e todos seu afazeres, melhoramos nossa comida, nossa habitação, nossa vida material e espiritual. Não permitindo tarifas, impostos, 4G que é 2G, e assim por diante. A construção de obras fora das especificações, fora de lugar, que desrespeitam a tudo, inclusive os peixes.
Enfim, vou pegar meu fusca, comprar umas cevas, e nisso está envolvido o Oriente Médio, a Petrobras e sua lava jato, a VW e suas falcatruas, e eu, soltando gases… será que vai parar de chover?

13 de nov. de 2015

Os estúpidos.

Tem um livrinho de Carlo Cipolla, sociólogo italiano, que se chama Allegro ma non troppo. Aonde ele conta a história da pimenta do reino. Na outra parte ele defende uma tese aonde os estúpidos e três outros tipos humanos estão democraticamente distribuídos pelo planeta. Por exemplo, ele diz que há 25% de estúpidos distribuídos desta forma (25%) em qualquer grupamento humano, seja, entre os europeus há  25% de estúpidos, entre os médicos europeus, químicos ou pedreiros, os mesmos 25%. Entre os brazucas, 25% deles são estúpidos, seja, entre políticos, 25%, entre estudantes, 25%, assim por diante. Mas não pense que os outros tipos são melhores, há o malvado, o crédulo e se não me falha a memória, os imbecis. A diferença fundamental é a de que os imbecis só causam danos a si mesmos, enquanto o estúpido fode tudo que o rodeia! ris.

12 de nov. de 2015

Diálogos de Google. A Migalha.

Diálogos de Google. A Migalha.
Meu jovem, intervinha o mestre: 我既不知道. Sim disse o discípulo entendo o que dizes mas desta forma لم أكن أعرف. Claro se partirmos do pressuposto que a cultura bielorrussa pensa, diriaНе знаех, entretanto meu jovem, contemple os armênios Ես չգիտեի. Perdoa-me Mestre, mas знаех não é bielorrusso e sim húngaro. Você é quem diz, lembre-se do Σπήλαιο μύθος? Ich habe gelesen, lieber Meister, e o fiz em Euskaraz. Sim, mas a melhor traição foi cometida pelos Notícias Populares. Ah! Meu caro mestre também gostava do odol gushino! Foi um período que chamei pré menopausa.. Εμμηνόπαυση; Ναι!

11 de nov. de 2015

Como dizia Stephen Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar


Como dizia Stephen Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar

A linguagem é arbitrariedade pura. Depois que o canibalismo sucumbiu, a discussão começou a ficar mais tranquila, nem tanto, podiam te matar, mas não te comiam. É neste momento que começa a arbitrariedade da linguagem e todas as demais, que por vezes as lustramos como hipocrisia, que é coisa de cínicos, estes sim hipócritas. Sempre fomos assim, teimosos, e nos primórdios ainda mais, posto que sequer tínhamos argumentos, conceitos, profetas, estes vieram depois, quando a linguagem se padronizou em grupos, fugindo à arbitrariedade, havia quem chamasse mesa de tisch e tisch de table e table de taula e taula de tavolo e tavolo que era table e table era também table, mas o a desse table não era a era ei, seja teibou! Sem argumentos, a coisa se resumia a berros: MESA! TABLE! TISCH! E foram se formando os grupos que chamavam as coisas pelo mesmo nome e usavam os mesmos verbos, enfim... Hoje a coisa vai mais ou menos pelo mesmo caminho, só que no plano dos conceitos. Há grupos que pensam que ser humanista é uma grande merda, e outros que isso venha a ser o supras sumo de humanidade. Num dado momento haveremos de nos apartar, como fizeram as linguagens. Como dizia Stephen Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar de assunto.
O cultural, e o politico por extensão, consiste em habitar arbitrariamente a natureza e isto deve ser feito porque não há maneira de ser natural e ser ao mesmo tempo humano.

Sente-se num banco, destes de corredor de shopping center, aonde há um transito infernal de pessoas, e contemple como cada um carrega sua personalidade. Cada um tem o estilo artístico de carregar com criatividade e verosimilitude a arbitrariedade que lhe é própria.   

Trabalho x Diversão.

Trabalho x Diversão.

"Il faut travailler, sinon par goût, au moins par désespoir, puisque, tout bien vérifié, travailler est moins ennuyeux que s'amuser." (Baudelaire)

Estava o seu Aristides Spatafiori cavando na sua horta, no que passava pelo caminho o famoso gourmet Renato Anfrade, que ao vê-lo levantar a enxada com força e com vontade, pediu por favor, que parasse de fazer trabalho tão duro à sua frente, que só de o ver, tenho que parar de arquejar.
Aristides se levantou, tirou o chapéu, limpou o suor da fronte com a outra manga de camisa, e o saudou com chapéu em mãos.
  • Porra, que é que te faz trabalhar dessa maneira, Aristides?
  • Acho, responde Aristides, que se tem que fazer muitos mais esforços para se divertir, que trabalhar.
Anfrade fez um sinal de desprezo com a cabeça ou com a mão, não me lembra, e se foi perplexo. 

9 de nov. de 2015

Schopenhauer.

Schopenhauer.

Pegava de sua bengala e saia a passear, não sem antes rezar seu mantra: Seja tolerante, seja tolerante, é seu maldito dever!  Não via nas pessoas mais que bichos fabricados em série. Sem chance de recall. Começou a ser filósofo quando deveria estar, como todos os jovens alemães, lutando contra Napoleão, e começou sua queda-de-braço com o Princípio da razão Suficiente. As vezes se enfezava com seu cachorro Atman. Gritava: Humano, mais que Humano!. Não tinha amigos e a explicação que se dava, era uma razão suficiente: “Ninguém é digno de mim”.
Certa feita foi a Dresden visitar uma estufa, ficou abalado com a beleza das plantas. Seu sentimento não passou despercebido ao lavrador, que se aproxima e pergunta quem era ele. Schopenhauer disse: Quem sou eu? Ah, se você pudesse me dizer quem sou eu, ficaria eternamente grato! 

Acho que...

Acho que...
Paguei a melancia e a quitandeira me pergunta o que penso, quer dizer, acho. Desde minha inocência real, não fingida, e sem ter que me valer de algum  verso de Drummond, e por sorte sua deselegância sincera, antes que eu dissesse: penso, quer dizer, acho que, ela dizia o que achava, na verdade, mal começou a achar, e dois outros consumidores de tomates “de vez”, cortaram seu achismo, como duas lâminas de guilhotina, uma faz tchan, e a outra tchum e  tcham tcham… com todos os decibéis, como se não tivessem argumento, gritavam… fui me retirando, me retirando e me retirei, olhando a quitandeira como quem olha um jiló maduro, ela olhou dizendo que sabia o que achava, mas não sabia que achasse aquilo dela… 

8 de nov. de 2015

Vomitar ou Comer?

Será que a crise político-moral nos propõe um dever moral ao qual é impossível dar resposta? Nossos princípios morais proclamados não estarão muito acima do que podemos pedir honestamente à política? Podemos medir nossa moralidade pela intensidade de nossa indignação? Ou a vergonha se converteu numa propaganda para vender jornais, revistas e telejornais?
Então, há quem, muito brabo, assegura nas redes sociais que sente vergonha de ser brasileiro. Mas, tem algum mérito se rebelar moralmente contra este Brasil tão eticamente vulnerável que, inclusivamente, poderia naufragar no seu próprio irracionalismo sentimental? O Brasil há muito deixou de ser um Império, mas parece que agora se aferra no Império da lei e da ética, montanha mais alta que jamais estivemos.

A indignação moral pode ser uma forma de pornografia emocional, porque é um triunfo das vísceras sobre a inteligência, do vômito sobre o apetite... mas vende.  

7 de nov. de 2015

Bomfim.

Cido Galvão ama as gentes de Bonfim, como  gostaria que nos amasse deus, nos deixando livres, mas nos cuidando, se acaso uma pedra no caminho, nos poupando tropeços. Quase como os amaria, se acaso fosse deus.
Em Bonfim vivem homens e rapotos ( sobre o que venham a ser  estes seres  há controversas versões, sem qualquer coincidência), há também gambás que se fingem de mortos para.comer os ovos às galinhas ( bruta construção) e eu, quando estou de visitas. E numa dessas visitas, me contaram que no ano passado,  um russo se perdeu em Bonfim. Dizem que desceu do carro para fotografar alguma coisa e já não voltou. Sua mulher, mais luminosa que a árvore de natal do Shopping ( meu deus! Como são luminosas as russas!Aonde encontram os russos, mulheres tão belas?) começou a chorar, enquanto todos os Cachaceiros a rodeavam tentando acalmá-la. Um policial aposentado, cujo pai havia lhe deixado de herança um cachorro, um fusca e uma casa com chaminé, foi procurar o russo, e o encontrou chupando cana não longe dali. Quando voltou com o russo, percebeu que todos os homens haviam desaparecido… com a russa. Enquanto o policial aposentado procurava a russa e os homens, o russo tratava de encher os pneus, que os moleques - marrons como chocolate de tão sujos  -  haviam esvaziado, colocando palitos de fósforo nos bicos dos pneus. Quando um pai tem a sorte de ter um filho assim de sujo o chama de “meu pequeno João de barro “. Em Bonfim não há russas, há sim umas quantas mulheres mal encaradas, que desde sempre as chamam fofoqueiras, que quando brigam entre si se ofendem chamando uma a outra de fofoqueira. Bonfim é cortada pelo ribeirão Preto. Que é um riacho que traz muitas ideias que o povo de Cravinhos joga na água. No entanto, nenhuma dessas ideias se adaptam à latitude e clima de Bonfim, muito provavelmente porque quando alcançam Bonfim ou já estão mortas ou se desmancharam. Os vizinhos do ribeirão, sim que podem sentir seus cheiros e, por vezes, no silêncio da noite ouvem suas barrigadas. Certa vez um desses vizinhos do riacho, descobriu pegadas no barro das margens, eram de alguém que foi beber água na fonte central da praça, aonde o russo se perdeu. Dizem que naquela época o chafariz da fonte no meio da praça eram dois seios de mulher, e que esguichavam jatos de água. É possível que aquele que bebeu água da fonte e deixou pegadas na lama da margem do rego, tenha acariciado os seios do chafariz. Dizem que os curiosos seguiam as pegadas de barro do chafariz ao rio a cada ano na mesma data. Há quem diga que fosse um vampiro aquático, ainda que estivessem longe da Transilvânia. Vivia no córrego, mas a água deste não era suficiente para aplacar sua sede, quando a água do riacho era potável. Hoje só transporta lixo, que os bonfinenses também lhe dedicam. As vezes os bonfinenses e os cravinhenses vão ao Mercadão Municipal, em Ribeirão Preto, para apontar seus sapatos velhos, gostam de apontar com os dedos desde a margem com palmeiras imperiais: a lá meu sapato velho, já chegou aqui” e dão grandes gargalhadas, que fazem voar pequenos pedaços de massa quebradiça de pastel.
Devo acrescentar, que nos bares de Bonfim, os violeiros costumam cantar todo o repertório de José Rico e Milionário, no começo da tarde tocam para os cachorros vira-latas que se aquecem ao sol, e para mim  até essas horas, que ouço, sem os querer, mas não vejo, sinceramente, nada melhor para fazer.

6 de nov. de 2015

Um encômio, são rapaces!

Todo mundo sabe que Aristófanes, o Gramático, que sentia grande amor por uma florista, vendia coroas, tinha como rival um elefante. Segundo Plutarco, isso era fato e que todo mundo falava. Plutarco também conta de uma serpente tremendamente apaixonada por uma moça da Etólia. No entanto, a lenda de que uma águia se enamorou de uma donzela, nem os mais crédulos dão ouvido. O fato da águia ter sido escolhida para torturar Prometeu no Cáucaso, que entre os deuses era um dos maiores amigos da humanidade, dá pra se ter uma ideia do  ódio que ela sente  pelos humanos. Sendo este um grande vício, têm as águias algo digno de encômio: são extremamente rapaces e  apenas bebem e fornicam muito pouco. 

5 de nov. de 2015

A cidade da verdade.

A city of truth. De James k Morrow.
A cidade da verdade, aonde os cidadãos só podem dizer a verdade, inteira, não importando o inconveniente que possa ser, nem mentiras piedosas dizem, nem usam eufemismos, e tampouco há considerações e esse respeito, ou seja, não faz nada mais que a obrigação, por exemplo, ''ainda não foi desta vez que cheguei ao orgasmo, seu ejaculador precoce!” “ ou Você se apressa, ou sempre chegarei primeiro!”, enfim, na porta do elevador está escrito: “ a manutenção deste elevador é feita por pessoas que odeiam o que fazem, Você sabe o que faz !”, no maço de cigarros está escrito que a foto horrorosa é para te distrair do fato de teu governo se esquecer de cuidar da tua saúde, nas escolas o lema é “ fique aqui moleque, até eu voltar!”, nos supermercados os produtos dizem de seus defeitos, os políticos falam tranqüilamente dos subornos recebidos....

Bom, Eu não li o livro, só umas resenhas, e parece que todo mundo enlouqueceu.  

Somos Feitos do Barro da História.

Somos Feitos do Barro da História.

Você e Eu existimos porque no passado se deu uma serie complexa e altamente improvável de azaradas circunstâncias que foi abrindo passo a nossa existência.
Nossos pais se conheceram e poderiam não ter se conhecido... Gostamos de falar dos acasos felizes que nos trouxeram até aqui. Mas sem as tragédias do passado, a citar, as guerras, fomes, pestes, crimes, roubos, violações, escravismo, invasões, extermínios... estaríamos aqui? Quantas calamidades tiveram lugar no transcurso do tempo para que nossos pais pudessem se conhecer? Pois, cada uma delas influenciou pouco ou muito a cadeia de acidentes e acontecimentos que nos permitiram.
Assim de certo modo, amar nossa própria existência significa também amar as tragédias que foram tramando a sucessão de fatos que nos trouxe à vida.


Levando em conta o anterior, O que somos não é independente do que nos fez, assim que queiramos tudo ou refugamos tudo, foi o que propôs o Saul Smilansky, em Morally, Should We Prefer Never to Have Existed? Se pudéssemos faze-lo, que preferiríamos: eliminar do passado as circunstancias calamitosas que , sem dúvida, provocaram enormes sofrimentos a outras pessoas, eliminando também a possibilidade de nossa existência, ou escolheríamos a nós e portanto, tudo o que nos fez possíveis, incluindo o sofrimento alheio?

1 de nov. de 2015

Rúcula, uma Vindicação



Vou te tratar por você, Rúcula, é mais íntimo e suave sopro, você, que este solavancado tu.
Está aí, no prato, como o ar. Nem se digna a me contemplar no meu residual ser-ai. No entanto, está aí, como uma bússola, uma testemunha, um marco, Rúcula.
Está aí para me recordar que é meu último regaço. Minha última esperança no mundo. Com sua humildade desbancou o Bacon, o chouriço, a calabresa, o hambúrguer, o Prosciuto di Parma, o Pata Negra de Bellota e seus 18 meses de cura.
Ridícula Rúcula, perdoa, chamá-la assim, pura epifania da dessubstanciação, a sagrada forma da comunhão laica, porque não é nenhum drama que tenhamos matado a deus, se nos resta você, Rúcula, ora pró nobis! 

Todos os Santos, A Morte.

Todos os Santos, A Morte.

Oliver Sacks, escritor e neurólogo, escreveu um artigo, no NYT, aonde falava que padecia de uma rara metástase de um melanoma ocular tratado havia nove anos, e que lhe sobravam poucos meses de vida. Efetivamente, morreu em 30 de Agosto. Na sua despedida, compartilhou frases que sugerem alguma reflexão: “ Vivi como uma criatura que sente, um animal que pensa, neste planeta precioso, uma aventura, um privilégio imenso [...] Ninguém pode ser substituído, depois da morte fica um vazio que não se pode preencher, porque é parte do destino - genético e nervoso - de cada um ser único, ter seu próprio caminho, viver a própria vida, morrer a própria morte.
Mais que uma pretensão, a relação entre vivos e.mortos é um desejo mágico. A crença de que o dia de Todos os Santos - uma das festas mais antigas da cristandade -  os vivos visitam os mortos e dia 2 dia dos Difuntos, são eles que nos visitam. Acho que foi Montaigne que falou da aprendizagem com a morte. Acho isso muito estranho, pois como aprender com uma coisa que só acontece um  vez na vida, além de que se.morre sem nenhum esforço.
Enfim, a morte é que faz a vida tão apaixonante, e lhe dá um sentido, quando finita.
A morte acaba com o ser vivo, mas não com o que ele fez e viveu. Sempre fica algo, que não saibamos o quê. Este “ haver estado “ , é como o fantasma de Vladimir Herzog, torturado e morto. 

Saci x Halloween.

Halloween x Saci.

As tradições começaram algum dia sendo novidades e de alguma forma se puseram de moda, criaram raízes nas pessoas e em algum momento se tornaram símbolo, signo de um Povo.
É possível que o Saci seja anterior ao descobrimento, com pé na África, nos autóctones e Portugal. É possível, inclusivamente, mas posso me retificar, pois minha antropologia é um ovo batido, e não um omelete, e esta velha tradição folclórica seja uma aportação,exclusiva, da nossa cultura,
O Halloween é uma aportação da cultura anglo saxônica, dominante hoje em dia pela força da indústria audiovisual dos EUA. Lá, tem a ver com a mudança de estação, a espera de longo inverno, pode ser, com a morte. E tudo isso com esse toque mexicano, de humor, e naturalidade diante de tudo que é fúnebre, diante dos espíritos e homenagem aos antepassados. Não há por onde a insistência e teimosia nesse essencialismo sacisista, sambista, feijoadista e churrasquista de uma cultura autêntica nacional.
Uma cultura é a soma de todas que se vão se sobrepondo ao longo dos tempos.