30 de set. de 2012

A manipulação do voto pela mídia e seus auxiliares luxuosos, OAB-RP e ACIRP.




O biênio 2011\12 tem se mostrado um período rico para quem gosta de explorar esse terreno, o âmbito da influência mediática, local, regional e nacionalmente. Mas é, desde logo e a qualquer nível, um experimento difícil de ser comprovado, porque a pergunta a ser feita interfere na resposta, posto que ninguém em sã consciência responde que planejou isso ou aquilo. Primeiro pela possibilidade de falência do pretendido, antes da total realização da coisa. Depois pela improbabilidade de haver declarações que negariam a imparcialidade na narrativa dos fatos. Sendo esta uma característica – caráter – próprio da nação, o quê deixa somente à interpretação e o pressuposto virtuoso desta pelo interpretador, se existir.
Foi notória a participação da OAB, da ACI seccionais ribeirão-pretanas e do Jornal A Cidade e da EPTV, sendo os últimos os mesmos.
Uma verdadeira manipulação de massas, que exigiram a participação popular em temas como a repaginação do centro – aliás de interesse mais da elite comercial frente aos que não tem sequer asfalto, esgoto e água – , da manifestação, outra vez, popular quanto a diminuição do número – legal diga-se de passagem – de vereadores, fato, e tem-se que dizer, por meio de uma pesquisa – não questionada por nenhuns – que mostrou a indisposição dos 'eleitores' em ver a câmara aumentar sua demografia, e esta suposta 'delegação' de poderes – via pesquisa estatística – e com ela 'em mãos', supostamente, negociou-se com a mesma câmara um outro número.
Entendo que negociação é assim mesmo, eu 27, tu 20, bla,bla, bla... enfim 22 ou 23 sei lá, mas foi honestidade rarefeita, e tanto foi que os postulantes ao cargo, sabedores da lei eleitoral, garantirão na justiça eleitoral a posse dos 27, por fora de prazo, apressada e inconsequente trambolhoso pacto.
Na sequência dos fatos via 'panelaço', movimento 'pseudo-popular' – poucos estudantes, por sinal, com lideres, sim, e os vi na câmara exercendo-a, tanto que hoje buscam na mesma câmara seus assentos, e não custará ver algum deles lutar pelas vagas negociadas! – buscou-se a reversão do aumento de subsidio auto impostos pela vereança.
Uma manobra cuja pedagogia, terrível, ajuda solidificar a ideia de uma suposta separação entre o cidadão e a vida política, e esse tiro sempre sai pela culatra como veremos. O contrário disso deveria ser a afirmação de que somos “Zoom Politikom” como quis o grego.
Mas os liberais e conservadores, mais que ninguém, têm ojeriza às grandes manifestações, por incontroláveis, sempre as forjam dentro do limite claro do controlável, da verossimilhança, aliás a base de muitas atividades nacionais.
Voltando ao biênio, depara-se, ao longo dele, com a 'indiciosa' ( há que haver termo o exercício de julgar pelo indício) atividade de questionamento da gestão da água, com o apelo: do Aquífero Guarani, por que apelo? Porque a Natureza – jardinagem, paisagismo, me parece ser essa a concepção de natureza que se tem – e os animais – sempre domésticos e os domesticáveis, sem ironia - dificilmente podem ser debatidos sem que isso gere isolamento político. Há um progressismo obrigatório.
A gestão da Água em Ribeirão Preto desde muito é problemática por fatores reais. Um deles é o de a população, apesar de reconhecida cidade rica, o cidadão é pobre, senão basta observar, ler os blogs do professor e economista Vicente Golfeto, que está sempre a mostrar – dados oficiais dos setores da industria e do comércio – que a média salarial do ribeirão-pretano é inferior à de todos os municípios extraterritoriais como Franca, Sertãozinho, São Carlos, Araraquara etc, e dessa maneira a conta de água 'pesa' no bolso do usuário.
Não é possível seguir sem incluir no debate a radiofonia, que desperta as trabalhadoras e com elas, berra impropérios 'contra' o DAERP – autarquia gestora de água e esgoto – vertido pelas ondas médias e curtas o mega populismo desses meios, que se de fato tivessem algum interesse na causa popular, talvez fosse honesto deixar claro – à massa – que se deve, sim, pagar pelo uso da água e sendo 'cara' a consequente necessidade de se fazer economia, cuidar dos condutos etc, mas não é assim, as ondas da radiofonia ribeirão-pretana espalham a triste ideia de um aparente direito, a qualquer custo, da boa água do aquífero Guarani. A contradição é notória, mas não levará a nenhuma antítese, posto que, sintetizada, tais meios de comunicação houvessem já deixado de existir, como são, sem a manutenção da ignorância bilateral, que não fermenta nem ideias nem novas ou velhas, só mesmo o ranço e a ignominia, de cujos se tomará partido aquele radialista da circunstância; e uma vez nomeado vereador se envolverá diretamente na questão água, fazendo daquela população que o elegeu um problema para a autarquia, porque ali representado, será o interlocutor – palavra bonita –, melhor seria, despachante entronizado dentro dela, para diminuir e mesmo suprimir 'contas'. Isso é um vicio para o qual seria necessário criar a Associação dos Água dependentes Anônimos.
Por outro lado, há o uso politico do orçamento da autarquia pelo executivo, quer dizer, do legislativo despachante e pelo executivo em suas eternas necessidades de criar orçamento, fora do orçamento anual, muitas vezes engessado pela lei de responsabilidade fiscal. A necessidade desse uso, é clarividente, mas a legalidade é discutível. No entanto, nem políticos ou a elite já apresentada tem algum interesse na discussão profunda da questão. Pedagogicamente problemática.
No entanto, a resposta a essas manipulações citadas não tardou a aparecer, sobejamente. Porque por alvo se houve criar, ou reinventar, ou na própria linguagem dele, a repaginação do candidato sem brilho e sem luz própria, com as novas e já puídas e surradas: “choques de gestão”, que palestrantes fanfarrões distribuem pelos anfiteatros, sempre verossímil, porque grandes e competentes empresas dele fizeram uso, mas aqui é só palavra, e as terceirizações encarecem ao contrario de diminuir custos, e no lugar de agilizar a prestação do serviço o faz desaparecer, claro, dentro de uma oferta de qualidade digna.

- E a massa? Respondeu.
- O que disse? Não!
Há uma sabedoria popular sobre a realidade. A massa vive de realidade. Só sabe ler a realidade nela, que é seu único e gastado livro. Eu vivo a fantasia, no mundo do discurso, no mundo das ideias, das artes, da leitura e da cultura.
E os médias? Os tais suportes têm alem dos meios, poderes e capacidade de dizer, aliás aquilo que quiserem, e desde de Nietzsche sabe-se como se constrói a verdade, não a verdadeira, pois é com poder que se fabrica, e a tinta é o que menos custa. Não que tenha havido fortes entorses quanto ao soldo e o número de representantes, mas se percebeu, que não se tratavam exatamente de problemas dele, povo, ainda que por sutilidade o fosse, por diminuir sua representatividade e ao mesmo tempo que obriga a um aumento de custo para se eleger um vereador.
Há, sem dúvida, aquele 'bem' financiado por quem tem para “dar”, não tendo a via de mão única é a corrupção. Se se fizer a leitura razoável, percebe-se o vínculo imediato de uma coisa à outra. Os que têm acesso ao financiamento 'privado', via doações, e que-deus-os-ajude; mas os que não têm 'se viram' com as burras públicas, isso de certa forma, 'obrigatoriamente', pelasbarbasdoprofeta, como ulula. A menos que a massa abdique de ser representada minimamente pelos seus, o TRE terá imensos trabalhos.
E aqueles que têm, ou pensam que têm, a fórmula e até se 'ofereceram' como governo paralelo? Salta aos olhos a dificuldade em aplicar Machiavel.



28 de set. de 2012

Quimera.



Por muito que procurei, na Ilíada, sua única aparição, não pude ouvir dos lábios de Homero sua descrição. Se houvesse encontrado teria ouvido: Quimera é de linhagem divina e quem a avistasse de frente viria um leão, de lado uma cabra e pelo fim uma serpente; botava fogo pela boca e foi morta pelo formoso Belerofonte, filho de Glauco, tudo pressagiado pelos deuses. Cabeça de leão, barriga de cabra e rabo de serpente. Mas não é o que vejo na escultura de Arezzo, pois ali tem três cabeças, de leão, de cabra e de cobra, assim não é o rabo da serpente, mas o rabo é a cabeça da serpente.
Joyce no seu Ulisses usa essa metáfora: “Máquina é seu grito, sua quimera, sua panaceia”. E isso é o homem, nada mais, nada menos, o homem que somos todos nós, que não é nem anjo nem demônio, este prodígio, este monstro, esta quimera. Marx n'O Capital: “Faz um momento, o cidadão, levado pela quimera racionalista e de sua embriaguez de prosperidade, proclamava o dinheiro, como ilusão uma vacuidade”. Ou Cervantes no Quixote: “Y el portero infernal de los tres rostros, com otras mil quimeras y mil monstros, lleven el doloroso contrapunto; que outra pompa mejor no me parece que la merece un amador difunto.” ou ainda: “... caballeros andantes parecen quimeras, necedades y desatinos...”, “...grandes quimeras de nonadas...”, então a coisa via de regra fica séria e Foucault afunda o pé na lama em Ordem do discurso: “... para se cair não importa quê discurso, não digo no erro, mas sim na quimera, no sonho, na pura e simples monstruosidade...”, mas Kant quer que economizemos esforços, botando franqueza em nossas tarefas, simplesmente deixando de persegui-las.
Mas aqui na solidão de mim, uma mão me toca o ombro e sussurra “sei que não é verdade, sei que são as quimeras da noite, mas não te movas”. Confesso que me envergonhei ao reconhecer o terror, o espanto que ela me inspirou, de intensidade e insensatez tamanhas, que me pareceu real, por não me ser dado o dom de tal coisa conceber. Ainda agora o tritinar de grilos silencia um segundo antes do pio da coruja, o silêncio e a loucura de todo pensamento sobre o grande problema das condições sociais, não é impossível que o homem, o indivíduo, em certas circunstancias insólitas e sumamente fortuitas possa ser feliz, pequena,e essa pequena felicidade refutaria o dogma de que na natureza humana se oculta princípio antagônico dela, porque a miséria humana nasce da violação de umas poucas e simples leis de humanidade, que possuímos, sim elementos de contentamento que se possa aproveitar, ninguém em seu juízo perfeito pode duvidar.
Penso que acabamos por nos entendermos, ele me diz, mas se em busca de quimeras afugento as minhas lhe digo e faço sem a ajuda do nobre fidalgo, com sua pena de galo no chapéu. Levanto a cabeça e posso erguer o braço e elevá-la, acima de mim, afinal ela foi cortada por Perseu, ou levá-la como uma baguete, debaixo do braço. Sempre, o afã, é quimérico, ele me diz, aparecem e desaparecem num piscar de olhos.

Saúde a aquele que não lhe agrada sentar-se junto de Sócrates e falar com ele, a quem não condena a arte das musas e não olha desde acima com desprezo o mais elevado da tragédia! Pois é vã necedade gastar ciúmes ociosos a discursos vazios e quimeras abstratas. Aristófanes.    

O Saci e o Nesnás.


O Nesnás é fruto da interação, do comércio, entre homens e demônios. Não são todos iguais, nem homens ou demônios, por segurança, Aláh Akbar, Aláh Akbar. O demônio qual seja, não é, só é o homem, por tanto o Nesnás é meio homem, meia cabeça, meio corpo, um braço, uma perna e brinca como se fosse Saci. Habita o Nômeno do norte e partes solitárias do Meniã. Não fuma, mas tem a cara no peito como os Bilemias, outra ocorrência delicada é a calda de ovelha, e é capaz de linguagem articulada. Sua carne é doce e muito apreciada. Uma variedade rara de Nesnás voa com asas de morcego e abunda no Bornéu.

adaptação de Nesnás, Jlborges, 1001 noites, e outras poucas sabedorias.      

Lili do tanatório.



Lili foi a primeira antes de Eva e Adão. Lânguida Lili! Deus a deu a Adão e Lili a Adão lindos e radiantes filhos e filhas', foi sua primeira mulher. Mas Deus deu a Adão, Eva, segunda mulher. Lili, para vingar-se da mulher humana de Adão, a induz ingerir o fruto proibido e conceber Caim, assassino do irmão. Lili deixou de ser serpente para ser espirito na noite dos tempos. Por vezes rege angelicamente a geração de homens, outras endemoniadamente assusta os que dormem a sós ou andam por estradas ermas. Assustadoramente silenciosa e vasta e solta cabeleira loura, parada sob um poste de pouca luz, pede ao táxi traslado até o cemitério.

' "glittering sons and radiant daughters"
Adaptado de JLBorges.
Lilith

HANIEL, KAFZIEL, AZRIEL E ANIEL.





Na Babilônia, Ezequiel teve uma visão de quatro animais ou anjos, ““ e cada um Tinha quatro caras, e quatro asas e “ as figuras de suas caras eram a face de homem, e cara de leão a direita, e cara de boi à parte esquerda e os quatro tinham assim mesmo cara de águia””. Caminhavam para onde lhes levava o espírito, “ cada um em obediência a sua face”, o de suas quatro faces, talvez crescendo magicamente, ia aos quatro ventos. Quatro rodas “tão grandes que eram horríveis” seguiam aos anjos e estavam cercadas de olhos.
Memórias de Ezequiel inspiraram os animais da “Revelação de São João”, em cujo capítulo quarto se lê:
“ E diante do trono havia como um mar de vidro semelhante ao cristal; e no meio do trono; e ao redor do trono quatro animais cheios de olhos adiante e atrás”.
“ E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal, semelhante a um bezerro, e o terceiro animal tinha a cara de homem, e o quarto animal, semelhante à águia que voa. E os quatro animais tinham cada um para si seis asas em volta; e dentro estavam cheios de olhos; e não tinham descanso e passavam dia e noite dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir”
tradução não ortodoxa desde.
 livro de J.L.Borges.
Libro de los seres imaginarios.
segunda edición en Club: octubre 1982.
Ed. Bruguera SA. Barcelona.

27 de set. de 2012

Liberdade de expressão: Temos o que dizer?


Meu conhecimento no que diz respeito a 'liberdade de expressão' é empírico, me obriga citar alguns fatos do meu cotidiano.
O diretor do Google, no Brasil, foi preso hoje 27\9 e logo liberado ao se comprometer a 'pensar' seriamente a respeito de um vídeo postado por um mato-grossense. Não sei do conteúdo desse vídeo, mas é acusado de difamação, calúnias, abuso disso e daquilo etc. Não vem ao caso. Só não creio que o Google deva ser responsabilizado por tal coisa. Outro juiz de Ribeirão Preto também decretou a prisão do mesmo diretor brasileiro.
Hoje a candidata a reeleição à prefeitura de Ribeirão Preto fez uso do direito de resposta, referente a ataques verbais disferidos, pelo também candidato Chiarelli, numa entrevista levada ao ar pela EPTV RP. Neste caso vi a entrevista, que posteriormente foi postada no Youtube e correu mundo com mais de meio milhão de visitas. O quê, do sucesso, não está ligado à qualidade argumentativa do candidato, mas à forma, à moda de um Jânio endemoniado, para não dizer de um mendigo na disputa das Xepas de jilós maduros e chuchus abandonados num fim de feira.
Não sei qualificar a pertinência das alegações de Chiarelli, pode que sejam verdadeiras, mas não é o caso, pois no caso a verdade que poderia haver foi maculada pela forma. Como não é o caso, também, de Chiarelli aos berros chamar o PSDB e Nogueirinha de sócios do tráficos de droga na porta das escolas do ensino fundamental. Pode que, dado o largo tempo do governo paulista estar em mãos do PSDB, este ter culpa na questão do tráfico, mas isso não se transfere diretamente, é uma questão complexa que deve ser discutida, deve encontrar culpados, mas Chiarelli não tem essa paciência, não só ele, muitos de meus amigos virtuais têm essa dificuldade, a argumentativa, e partem furiosamente para os palavrões, ataques pessoais, criando um 'ruido' ensurdecedor na rede social, que pouco serve e acrescenta à questão política, servindo quando muito a um mero desabafo pessoal, e em grande parte a ofender velhos amigos, que tem posturas definidas politicamente.
Há imagens 'poéticas' como essa : … escarro da lixeira humana... , mas que nada acrescenta, pois o que testaria os limites da liberdade de expressão, seria fazer uma crítica contundente quanto à posição do governante, enfocando a outra ou outras possibilidades menos risíveis da tal posição, e em outras questões da pertinência que leva o 'comentarista' a tudo chamar de merda.
Nossa educação, principalmente a de 'gentes' que nasceram nos 60, 70 e meados dos 80, foi o curso complementar de jurado com Aracy de Almeida, Pedro de Lara e Cia, Mestrado com Dercy Gonçalves e doutorado no Programa do Chacrinha.
Tais manifestações que não passam de monossilábicos grunhidos e ruídos o que lhes dão verosimilhanças a uma buzina, latidos ou berros de vaca.
Enquanto o guru pergunta: Vai pro trono ou não vai?
Preciso de mais, quero mais. Gosto de debater, mas sem ter que ouvir ofensas pessoais.
A Razão falha em muitos aspectos relativamente a compreensão dos fatos, de outra forma, nem tudo pode ser racionalizado, temos sentimentos e sentidos a nos ajudar, mas mesmo eles, não integralmente, cabem em belos argumentos, ainda que contrários, ainda que me tirem da zona de conforto. 

26 de set. de 2012

Democracia: Informação. Virtude Cívica.



Na democracia deve haver um lugar para a oposição. Isso só ocorre se houver eleições regulares, competitivas, limpas, sob controle de instituição apartidária.
Não há contestação adequada se não houver participação equivalente. A participação depende em grande parte de acesso a informação. À boa informação não basta ser oficial, ou oficialmente oposta, deve ser alternativa, para permitir a formação de um amalgama, um cimento que possibilite a compreensão do funcionamento do sistema. O sistema é muito complexo, porque é composto de multiplicidade de interesses, por exemplo, o quê determina a posse de um pedaço de terra? Essa decisão já foi tomada à base da luta direta entre os postulantes, hoje se dá de modo mais civilizado, ainda com resquício da força, porque a posse está na base da discórdia, entretanto se aceita a regra.
A compreensão legitimada pela 'boa' informação, causa implicações nas decisões.
Por isso se faz necessário essa vindicação da virtude cívica. Porque, afinal, se trata de autogoverno. Mas no auto governo a representação é a exigência central, porque não podemos todos governar.
Cidadania. O sistema democrático é uma obra aberta. A participação já foi menor, mas as dimensões do exercício da cidadania se abre a possibilidades de ampliação dessa participação, com a evidente qualificação da cidadania.
Tudo começou com os Direitos Civis e evoluí a Direitos Políticos, Direitos Sociais, e outras dimensões, Sociais e Econômicos, Ambientais e afinal hoje falamos em direito dos Animais Domésticos e assim por diante, como metas a serem alcançadas e ampliadas.
A intervenção da cidadania é decorrente da igualdade politica, mas também, como já disse, da virtude cívica, da qualidade da cidadania etc.
Há que se notar e é fundamental que há uma diferença entre o governo do império da lei previamente estabelecida – submissão voluntária de modo consensual – e o governo do homem que depende dos interesses de quem comanda. Enfim, a lei submete, deve submeter a todos os cidadães.
Por que a democracia? Porque afasta a tirania.
Mas também é uma decorrência racionalista. Para os donos dos anéis, a segunda melhor, porque, impede a guerra de todos contra todos. Os que têm e os sem anéis.
A convivência pacifica, na impossibilidade da imposição de um grande poder. Pois há uma certa garantia mínima de sobrevivência a todos.
Garante direitos fundamentais, direito a vida, seu objeto central. E tem como objetivo do bom governo criar condições superiores àquele selvagem. Protege os interesses individuais de indivíduos diferentes reivindicando cada um a sua própria existência.
Autonomia moral dos indivíduos frente a ordem das prioridades públicos, supõe que assume-se graus de responsabilidade frente a estes interesses.
Isso quer dizer da existência de interesses individuais diferentes dentro da igualdade de condições. Isso se traduz em transparência de procedimentos e em antidoto a lei de Gerson.
Produz ainda a igualdade intrínseca, noutras, qualquer pessoa que sabe bem qual o seu interesse, saberá o que é bom para ele, e isto é o que o qualifica para a tomada de decisões nos processos de interesse particular e geral.
Havendo participação, contestação, virtude cívica, cidadania etc, implicam na desnecessidade de guardiães. Na verdade são os gestores devem ser dirigidos pelos políticos, porque o gestor entende do melhor processo de produção e organização de determinado mecanismo, e o politico dos interesses a que servem os produtos gestionados na melhor forma de produção.
O bom governo depende de virtude cívica e esta transmite-se de geração em geração, devemos educar, qualificar, procurar fontes alternativas de informação, porque as decisões são tomadas pelo Estado sobre as sociedade são vinculantes, agem o tempo todo sobre nós, e estas decisões são tensas. A relação entre Executivo, legislativo e judiciário é tensa, deve ser tensa, para não serem o mesmo, e se tratar de uma ditadura.
Enfim o Estado toma decisões – na democracia de forma legitima – organiza um conjunto de instituições que exercem poder sobre a sociedade, que atua na mediação do conflito politico, há conflito, interesses em disputa, buscando a legitimação. As instituições formam um conjunto tenso. 

25 de set. de 2012

A luta pela democracia. Celebremos!


A expansão da democracia é o grande evento do século XX.
A primeira onda democrática nasce na Inglaterra do XVII até a revolução liberal norte-americana e francesa.
Tem sequencia na segunda onda no pós segunda guerra e o pronto restabelecimento da democracia nos países do eixo. A terceira onda começa com Portugal e Espanha, América Latina e a queda do muro de Berlim e continua no século XXI no norte da África.
Pode-se colocar uma série de questões. Dentre elas: Qual o quê que caracteriza o ponto de vista democrático?
Há o caso inglês que ao longo de séculos consolida a democracia, onde o estado democrático de direito, e isso quer dizer o primado da lei, da lei consensualizada, isso quer dizer constituição, e tanto e a ponto de sua constituição quase não existir, efetivamente do ponto de vista formal, escrito. Isso quer dizer que o primado da lei cobre todo o estado inglês de modo democrático, permitindo a todos o acesso. Onde a politica pratica com o viés do governante o exercício do interesse público. Esse assentamento democrático não permite sequer o acosso a intenções totalitárias.
Outro caso é o de democracias, estabelecidas em pleno século XX, oriundas de sistemas totalitários. Não é possível e nem se pode sonhar, que com a retirada do totalitarismo anterior se estabeleça a imediata instalação – em sua plenitude – do sistema democrático. Com o primado da lei não igualmente distribuído – no nosso caso, há a lei – mas a lei no Brasil – ainda – vale para uns diferentemente do que para outros.
A tradição republicana democrática tem seu ideal na liberdade e igualdade. De todas as formas: liberdade, mas também igualdade de condições, fundamentalmente igualdade politica, mas igualdade.
Como indivíduos, o tempo todo nos nossos quefazeres, pensamos no ideal e na realização prática desse ideal. A democracia é a mesma coisa.
A ideia pela qual os sírios tem hoje travado uma guerra, e outros países do mediterrâneo afreicano travaram,  é a mesma, liberdade de escolhas, igualdade ainda que meramente política.    

João Guimarães Rosa. Saber, de saber, sei pouco, mas tenho muitas dúvidas.




24 de set. de 2012

Democracia. Redes Sociais x Velha Mídia.



De modo raso, democracia é a escolha dentre 'elites' disponíveis. Acho que é Schumpeter, na dimensão eleitoral, minimamente. Se é de fato só isso, e é talvez o âmbito que alcanço, ou alcançamos, a democracia se torna uma loucura. Devo, todavia, alcançar mais, ir mais fundo, porque senão, acabo por entender que sem mais instrumentos cognitivos, nós a massa, o povo, não conseguimos atingir as diferenças entre tais disponibilidades.

Profundamente, é difícil entender a coexistência, a compatibilidade da democracia com a pobreza e a desigualdade, apesar de não se tratar de uma promessa escancarada dela, sequer obrigação, mas está nela desde o nascimento, com a revolução francesa e outras revoluções, etc. Se a politica está a serviço do desenvolvimento humano, e isso foi transposto quase que literalmente para a nossa constituição de 1988, e estar lá ainda não é suficiente, mas talvez seja gerador de certa tranquilidade de nossos eleitos. O que quero dizer é que se requer, isso sim, a nossa participação, ainda que tenhamos que delegar a soberania individual nesse voto. Para tanto discutir é necessário.
Com o advento das redes sociais, nos deparamos com um modo novo de discussão em contrapartida ao da velha Grande Mídia e seu modo velho de discussão, qual seja, da democracia schumpeteriana de viés 'brasileiro' mas sempre da escolha de elites disponíveis. Que por razões de massiva alienação nos levou sempre à mais aprofundamento de discrepâncias preexistentes.
A situação é nova, e modernizadora, a Internet, mas ainda tem como fonte de argumentação para o debate a velha mídia, porque esta ainda é autoridade, e a autoridade requer altos níveis de confiança, ou comodidade, preguiça.
Ainda estamos citando frases, que mal sabemos a real origem, descontextualizadas, profundas por vezes, que supõe sempre, ou deixa no ar o verdadeiro entendimento daquilo que foi dito, continuamos a postar cachorrinhos com lacinhos, mas tudo passará porque tudo passa – é a única verdade – e deveremos passar a âmbitos mais complexos, dos interesses particulares ao interesse público, afinal estamos no mesmo barco, e tudo isso está baseado mais que na força, na confiança.
Entretanto, vejo que nesse primeiro momento está em disputa não só a liderança de elites regionais, mas, também em questão a autoridade dessas autoridades 'julgadoras' 'denunciadoras' e 'formadoras de opinião' que no seu conjunto fazem a 'grande mídia' regional.
Um fato singular a pensar é que, se além de delegar minha soberania de poder a representantes desse meu poder delegado, devo delegar minha capacidade de pensar, discutir, averiguar, avaliar, julgar valores, atribuir valores, às velhas raposas.
Na democracia clássica a eleição já se deu por sorteio....



12 de set. de 2012

Viver é equilibrar desejos. Alimentar instintos. Sem Aixopluc*!


Tudo que escrevo – com esperanças ou com medo, de gozação ou a sério – me mortifica.
Assim, o que sinto é desagradável. Faz tempo que sei do alcance funesto de meus atos, quais insisto frívolo e obstinadamente.
Tais atos poderiam ter se dado em sonhos, ou que fossem numa minha loucura... ou depois deste prosseco de 16,90 no sono que ele me trouxe, mas foi antes, longe apareceu este comentário simbólico, antecipado à sesta já reclamada, mas é nesse sonho que não dormi que: jogava uma partida de bilhar no bar do Zebrinha, na esquina de frente de casa. Preferiria em lugar do bar ter a Sartre na vereda de frente, mas enquanto jogava bilhar, soube que aquela tacada, bola oito no canto, estava matando um homem. Depois vim a saber que aquele homem era, irremediavelmente, eu.
Assim que o sonho não é improvisado, é de uma satisfação pulcra. Não posso cumprir meu projeto.
Mas a razão de escrever há de estar nos nervos, não noutra utilidade, como pensava, cooperar na produção de um futuro mais conveniente.
Do contrário tenho sido uma fraude, e me envergonho, ou como já disse acima: me mortifico.
Que devo fazer depois de haver escrito tantas coisas de mal gosto? Condenar-me? Serei justo ou não ?
Creio entretanto e sem rebeldia, que o feito não me põe a perder, porque posso, sim, criticar o já feito, depois olhar para tudo que fiz e dizer, Eu fiz. E fiz sabendo dos perigos de se criar algo, e ao mesmo tempo equilibrar diversas consciências. É perigoso viver. É equilibrar desejos. Alimentar instintos. Afiar unhas. Vestir máscara.
Mas pra que? De uma coisa sei, viver não é buscar consolo ou aixopluc*

* aixopluc em catalão é refúgio. 

11 de set. de 2012

Li Monteiro Lobato.
















Era época de doenças infecciosas de quem ia descalço pela vida, nem totalmente rural, ou urbana. Em Rusti certa urbanidade, mas em Urbe só rusticidade. Não sei se a obra é racista ou não, é preciso ser negro para sentir, sou branco, e como menino branco e pobre me sentia um espantalho ao lê-lo, a obra é agressiva. Se sei, é que como literatura, jamais li nada tão ruim. Sei que nem Fernão Capelo Gaivota, o Menino do Dedo Verde ou Meu Pé de Laranja Lima tiveram necessidade de tamanhas grosserias para, nem serem tão ruins quão.
Antes de ser racista, se for, não posso saber, posto que não posso verificar com a minha ciência da sensibilidade, mas Monteiro Lobato, a obra Monteiro Lobato é grosseira. Li uma ficção 'cientifica' de Monteiro Lobato que foi uma canseira Monteiro Lobato só aceita uma leitura, a linear, e dessa linearidade não há outra coisa que seu sempiterno deboche a 'seres tidos como inferiores', dada a voz à boneca, então Emília.
Mas como cachorro pelado por água quente tem medo de água fria, Paulo Coelho não li, não leio, não lerei, sabe por que não leio, li ou lerei? Só por birra, só de sarro, aliás quando a coisa é nula se pode dar a esse luxo, e permanecer ignorante.

Jovem.


O que é juventude?
Primeiro há que se saber se é natural ou cultural ser jovem.
Se natural, a maturação sexual, se cultural, produto das condições históricas e dos discursos?
Por natural entende-se o fenômeno programado geneticamente e dependente de certa maturação.
Se cultural estará dependente de influências do contexto cultural, fruto das relações culturais, econômicas e políticas. Alem dos discursos que circulam, são as “vozes” que dizem a esse jovem o quê ele é, influenciando aquilo que iria ser, e efetivamente irá ou não ser.
Assim mais que uma etapa de maturação dos órgãos sexuais, podemos acompanhar pessoas de mesma idade, locais diferentes e épocas diferentes e comportamento diversos.
Pessoas com doze anos de idade no início do séc. XXI e outras no séc. XIX. As pessoas de doze anos no séc. XIX estavam trabalhando e muitas casadas e com filhos. Hoje elas estão na escola, com maior tempo de ócio, lazer em grupos de iguais.
O que temos contemporaneamente de cultura\condição juvenis surge a partir da década de 50, pois na Grécia antiga, eram grupos de homens, que tinham direito ao ócio mais prolongado, desde que houvesse trabalhadores a fazerem o seus trabalhos. Era a elite que viria a governar, no devido momento. A juventude podia chegar até os quarenta anos de idade. Esse tempo de ócio era para se preparar para os cargos de comando.
No séc. XVII é dado o primeiro passo para a concepção atual de juventude.
Melhoram as condições higiênicas, reduz de mortalidade infantil e inventa-se a imprensa e a publicação de livros. A arquitetura das casas se modifica um pouco. Começa-se a se fazer o isolamento do mundo das crianças do dos adultos. Poque até então as crianças viviam todas as práticas da família junto com os adultos. Inclusive o sexo. Esse isolamento é que cria a infância.
Mais adiante essa condição foi reforçada pelas revoluções industriais. No séc. XVIII e no XIX.
Nesse momento passa a ser necessário mais que aprender a ler, escrever e contar;
são as necessidades para o mundo do trabalho. Para preparar e suprir as necessidades do mercado de trabalho é estendida a infância.
De 1945 e 1970, época auge do capitalismo, hemisfério norte, em pleno estado de bem-estar social os pobres começam a ingressar nas escolas, no Brasil quem ingressava em massa nas escolas era a classe média. Assim que o fenômeno de aceder em massa aos bancos escolares é muito recente, constitucionalmente desde 1988 que indivíduos tem 'direito' de acesso pleno às escolas, até os 16 anos.
São simultâneos ainda o crescimento econômico e o das mídias. São essas mídias que vão começar a discursar, principalmente por meio da TV e do Cinema – Hollywood – formas de ver o que é ser jovem. Nasce a ideia de jovem universal – rebelde, usar drogas, desejar e fazer sexo, gostar de Rock e de determinado tipo de roupa. É a representação tipica de James Dean no filme Juventude Transviada.
Acontece que com isso o isolamento do mundo do adulto e o mundo da criança vai pouco a pouco se rompendo. Porque as crianças começam a ter acesso aos segredos. Que estavam em livros para faixas etárias diferentes. Que estavam em livros diferentes para cada faixa etária, em compartimentos diferentes da casa. Sexo. Guerras. Violência. Corrupção. Dinheiro. Problemas no trabalho etc.
Dizem que a mídia é a vilã, porque influencia e altera comportamentos, mas a mídia só divulga aquilo, que já é prática de alguns grupos sociais, e ao os divulgar as crianças e os jovens podem se identificar, por conta do que já vivem nas suas culturas, e a partir disso desenvolver novos comportamentos.
Não é a TV, por exemplo, que determina comportamento, o que há é um processo de identificação. O jovem vê o que há de comum nesse discurso e naquele que já viveu. Então se posiciona, não necessariamente a favor. Podendo construir uma identidade contrária àquilo.
Entretanto não há um padrão universal de cultura juvenil. Músicas, roupas, comportamentos diferentes, não havendo um formato: odo “todo 'jovem' é assim”. São diferentes o jovem do campo ou da cidade, de regiões mais distantes da metrópole e os mais próximos, com mais ou menos acesso aos meios de comunicação, de um país central ou de um periférico, ocidente ou oriente, de comunidades com maior o menor grau de fidelidade à ancestralidade, com maior ou menor poder aquisitivo, condição de moradia.
Alguns desses grupos terão suas 'identidades' ligados ao padrão dominante divulgado pelas mídias –marcadas como valorizadas-.
Outras 'identidades' terão padrões de vestimentas etc que têm menor valor – desvalorizados e “marcados” como inferiores – a isso se chama “diferença”.
Hoje o padrão de jovens que é valorizado é o de jovem feliz, seguro, que participa de muitas festas, que é popular, geralmente, são rapazes cercados de mulheres, etc sempre divulgados com associação de imagens a determinados artistas, políticos, homens de negócios etc. Esta é a identidade dominante, e não ser assim é a diferença.
As mídias não conseguem, como já vimos, influenciar diretamente com seus programas, elas encomendam pesquisas para saber quais são os interesses, as práticas culturais dos jovens, e partindo desses dados realizam seus programas, a mídia não inventa padrão ela encontra 'tendências', mapeando as características existentes em grupos de jovens.
O que se percebe é que há muitos fatores que estabelecem a juventude, entretanto ser jovem é uma questão sociocultural.
A tecno cultura, é o ambiente dos jovens. A MTV em 1999 encomendou um dossiê\pesquisa para saber, que importância têm os aparelhos na vida dos jovens.
Em 1999 dos jovens entre 12 e 30 anos, 15% deles utilizavam e tinha celular e internet.
Em 2010 a faixa é maior que 90%.
Os aparelhos, para os jovens, tem funções especificas, assim que sabem qual é melhor usar em determinada circunstância, um e-mail, um blog, um foto-log etc, por exemplo, o celular evita um terceiro na conversa.
Alem de ter função especifica de cada tecnologia\aparelho, há linguagens diferentes, vídeos, músicas, fotos, isto é, muito mais que só a fala.
As culturas juvenis são pós figurativas, pois no passado, o jovem lutava muito para conseguir pequenas mudanças, que nem eram determinadas por eles, mas hoje não, hoje a cultura da geração anterior não ser para o presente ou o futuro do jovem, e é o jovem quem determina a mudança que quer e quanto quer.
Não é a tecnologia que faz a diferença, mas é a vida em si na cibercultura que é outra, com as trocas de informações das variações culturais em todo o globo, no ciberespaço se vive na tecno cultura, se cria, se produz, ainda que não seja trabalho, mas é como se fosse, é uma formatação possível.
Não se trata de usar aparelhos, mas de tecnologia embarcada no próprio corpo. Se hoje vemos os jovens com seus aparelhos celulares, ipod, etc pendurados junto ao corpo, não é mero exibicionismo, aquilo faz parte do corpo do jovem, como os seios, a genitália, etc. Porque esses aparelhos dão ao jovem um poder extra, que os permite ir alem daquilo que seu corpo humano pode.
Como a vida se dá efetivamente no ciberespaço, lá o jovem não precisa se apresentar com seu corpo real, pode fazer montagens, desnaturalizando o próprio corpo, com descrições diferentes montadas desde contextos diferentes sobre si mesmo, o tempo também é diferente, pode-se falar com uma pessoa em tempo real, mandar uma mensagem para ser recebida e respondida noutro momento, enquanto acessa um outro site, vê fotos em outro etc.
Os jovens usam outras formas de leitura, e se são outras formas de leitura, são outras formas de pensamento.
Tudo isso aumenta os poderes do jovem dentro do ciberespaço, mas também espelha os seu limites reais, com isso aumenta a sua insegurança. Dai os simulacros do corpo. Inseguros com a relação social, preterido o real ao virtual, medo da violência, preferindo o Shopping, o chat aos espaços públicos, inseguros quanto a outras formas de intervenção ( dai a extrema dificuldade de atuar no espaço democrático que é a escola, bares, boates etc)

10 de set. de 2012

A Consciência. em A Ideologia Alemã. por Karl Marx.



A produção da consciência está  direta e intimamente ligada à atividade material e às relações materiais entre os homens; é a linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio intelectual dos homens surge aqui como emanação direta do seu comportamento material. São os homens que produzem as suas representações, as suas ideias. Homens reais, atuantes e como foram condicionados por um determinado desenvolvimento das suas forças produtivas e do modo de relações que lhe corresponde, incluindo até as formas mais amplas que estas possam tomar, a consciência não pode ser mais do que o Ser consciente e o Ser dos homens é o seu processo da vida real.
Na ideologia os homens e as suas relações nos surgem invertidos, tal como acontece numa câmara escura. Isto é apenas o resultado do seu processo de vida histórico, do mesmo modo que a imagem invertida dos objetos que se forma na retina,  é uma consequência do seu processo de vida diretamente físico. Isto significa que não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam e pensam,  nem daquilo que são nas palavras, no pensamento, na imaginação e na representação de outrem para se chegar aos homens em carne e osso. Parte-se dos homens, da sua atividade real. É a partir do seu processo de vida real, que  representa o desenvolvimento dos reflexos,  e das repercussões ideológicas deste processo vital. Mesmo os fantasmas correspondem, no cérebro humano, a sublimações necessariamente resultantes do processo da sua vida material, que pode ser observado empiricamente e que repousa em bases materiais.
Assim a consciência perde imediatamente toda a aparência de autonomia, porque não há história, nem desenvolvimento; senão antes os homens, que desenvolvendo a sua produção material e as suas relações materiais, transformam, com esta realidade que lhes é própria, o seu pensamento e os produtos desse pensamento. ,,Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência.

8 de set. de 2012

Nada.


O neto foi convidado pela avó a morar com ela no casarão, logo depois da morte do avô. Eles se gostavam muito. A avó era metódica e passou-lhe as normas da casa, que por acaso nem eram tantas. Em especial mostrou ao neto o molho de chaves das  portas que davam a dependências já sem uso porque os filhos pouco a pouco foram se casando e saindo da casa. No molho só não tinha chave para uma porta, que a avó disse nada haver depois dela. O neto insistiu pela chave, ela dizia que não tinha a chave. Ele insistia no que havia depois daquela porta: Nada, ela dizia. O neto se angustiava a cada dia mais e mais. Começou procurar a chave  às escondidas. Procurou em cada canto do casarão e por fim a descobriu. Quando abriu a porta se deparou com o absoluto nada. Enlouquecido matou a avó com muitas facadas.   

7 de set. de 2012

Heidegger e o Nazismo: A noite dos longos punhais.




Em 1933 Hitler é eleito Chanceler da Alemanha, depois de uma caminhada complexa de suas próprias tropas. Uma combinação entre as SA e as SS. Nas SS estava Himmler e SA Ernst Rȍhm. SA os camisas pardas. SS cruz gamada.

Quando foi oferecida a Heidegger a Reitoria da Universidade de Berlim; Heidegger foi visitar um camponês; Heidegger valorizava muito, como o Nacional Socialismo, o homem do campo. Heidegger conta que ao encontrar seu amigo campesino, não trocaram palavras. O camponês, ariano, porque Heidegger fala de seus olhos azuis. Ambos prepararam seus cachimbos. Deram umas baforadas. Heidegger não havia dito o quê o levava àquele encontro, mas depois de um silêncio sábio, e umas baforadas o camponês disse: nicht, seja não. Então Heidegger declinou o convite pela urbe berlinense, e mantendo a lógica, aceitou ficar “pelo interior” na provinciana Friburg.
Acontece que o SA (Sturmabteilung, algo como departamento da tempestade, mas na verdade tropa de assalto). Os Camisas Pardas (SA) de Ernst Rȍhm é quem comandavam as universidades na Alemanha, respaldaram a Heidegger e nesse momento eram três milhões de militantes, e uma das utopias das SA de Ernst Rȍhm era corrigir o rumo, girar a revolução Nacional Socialista em direção ao socialismo. Mas aparece, por exemplo, Von Pappen que diz: Não fizemos uma revolução antimarxista, para levar, então, agora o Nazismo ao Marxismo. Então Hitler resolve as coisas à sua maneira, pouco amável digamos, e convoca a Himmler, Goebbels etc und consorten e produz o que se chama 'A noite das peixeiras compridas” “Nacht der langen Messer” e em quatro dias matam mais de mil pessoas e entre elas a Ernst Rȍhm.
Antes de assumir a reitoria de Friburg e em honra a um herói alemão, venerado pelos camisas pardas, Albert Schlageter que havia dado pela pátria sua vida em França, Heidegger faz um discurso, mui alemão, muito denso, e ao terminar disse: Agora levantemos nossa mão em silêncio, fazendo a saudação nazista.
Heidegger não podia naquele momento desconhecer que o Nacional Socialismo, o Nazismo, era um movimento racista, belicista....
Ao assumir, a reitoria de Friburg, Heidegger pronuncia outro discurso. A esse discurso estão presentes os SA camisas pardas, e os das cruzes gamadas SS, e o estudantado. Heidegger suprime as liberdades acadêmicas, impõe normas rígidas de trabalhos físicos para os estudantes, e logo ao conceito. O conceito fundamental é uma remissão aos gregos. O eixo Atenas Berlim. A remissão está condensada na frase: O começo ainda é. O começo ainda vige. Que nada mais queria dizer, que os alemães deveriam encarnar o espirito grego do ocidente, do mediterrâneo. Os alemães deveriam ser dignos desse inicio. Esta era a meta. A meta alemã de retomar ao espirito de Atenas, via Berlim, começá-lo, levá-lo adiante.
E para terminar o discurso lançou mão de uma frase poderosa, que Heidegger atribui a Platão: “Todo o grande está no meio da tempestade”. Deve-se lembrar que tempestade é Sturm, não é a palavra usada por Platão, mas Heidegger a adapta a sua circunstância, para fazer referência a SA 'Sturmabteilung', tropa de assalto. É uma frase poderosa para um auditório de militantes, depois disso como não atacar a Polônia!? Mas isso foi antes da Nacht der langen Messer.

Heidegger renuncia ao reitorado de Friburgo poucos dias antes desta noite.
Mas em 1935 dá um seminário fundamental que é: Introdução a Metafisica.
Habermas diz que os alunos inciavam o curso como soldados e terminavam como oficiais.
 Heidegger diz:
O mundo atual, a Europa de hoje, em atroz cegueira está se suicidando. Quando no mundo, o tempo é só para medir a rapidez, ou seja só rapidez, e quando o boxeador seja a grande figura de uma nação, quando as grandes massas são igualadas na URSS, quando a simultaneidade nos permite, escutar um atentado em Tóquio e um concerto em Londres, e quando a existência se há desvalorizado, então como velhos fantasmas votarão as velhas perguntas:
Por quê?
Para quê?
Para onde?
E acrescentou: Nós, a Alemanha, somos a última possibilidade do ocidente. Estamos rodeados por tesoura formada pelo mercantilismo americano e a massificação russa. Os americanos devorados pelo mercantilismo, pela conquistas das coisas, os russos pela massificação ditatorial. Alemanha necessita de espaço vital. Frase cara a Nietzsche. Bordão de Hitler. Nossas conquistas, as conquistas armadas alemãs devem ser espirituais. Somos o centro do ocidente e temos que salvar a terra, a devastação da terra pela técnica, a qual está submetida. Porque isto em que vivemos, já não é a terra, porque o homem se esqueceu de ser, e se consagra à conquista e manipulação das coisas, objetos,etc. Isto nada mais é que a coisificação da existência. Na qual o homem se perde como homem, na conquista dos objetos, e ao fazê-lo ele próprio se transforma em coisa. E como coisa já não encontra o ser. Zen. O absoluto. Uma clareira no meio da floresta e onde o homem se comunica com o mais autentico de si.









5 de set. de 2012

Construção do Conhecimento.

Professor Nilson José Machado, uma aula.
Chomsky und Piaget.

Inteligencia.

Acima do conhecimento, há a palavra ligada a todas imediatamente abaixo no gráfico piramidal. Trata-se de Inteligência.
Inteligência quer dizer diretamente Pessoas e pessoas com projetos, projetos capazes de nos lançar para frente.
Para aprofundar nesse particular pode-se ler: Teoria de la inteligencia creadora de José Antônio Marina, pedagogo toledano.
Como já foi dito anteriormente, neste blog, um banco de dados sem pessoa interessada, é inerte. Que o conhecimento pressupõe uma visão teórica. Mas, que só tem sentido se pode ser mobilizado para realizar projetos.
A escola está focada no conhecimento, senão totalmente, está mais focada no âmbito do conhecimento.
No âmbito dos dados e dos bancos de dados, a tecnologia é tudo, pouco se pode fazer em dias de hoje sem uma boa tecnologia, um computador, para tratar dados, guardar dados. Já no âmbito do conhecimento e inteligencia, a tecnologia, o computador tem pouco a dizer.
Há as metáforas como inteligência artificial, como há semáforo inteligente e por conseguinte semáforo burro. São sistemas programados para executar algo. Dizem: o Ipad faz isso... não faz nada, sem um dedo humano.
A inteligencia humana é a capacidade de projetar, inclusive, o semáforo burro ou inteligente.
O pulo do gato está na passagem de dados e informações para o conhecimento, há uma palavra-chave, que serve de interface entre dados e informação que é mapa, alias em todas as passagens de um nível para outro.
Mapa.
Trata-se de cartografia simbólica. Mapeia-se o que tem mais ou menos interesse. Mapa de relevância. Mapear informação relevante. Mapear conhecimento para o que interessa ao projeto.
Há empresas especializada em produzir Mapas.
Por exemplo, podemos pedir itum 'mapa' do Japão, tendo em vista, um projeto de produzir calçados em Kyoto, para saber-se se haverá matéria-prima, onde é produzida...
Mapa de relevância, onde a relevância não tem a ver necessariamente com hierarquia.
Somente põe em relação.
Bit.
Informação se mede em bit. Desde 1948, conceituado por Claude E. Shannon, criador da teoria matemática da comunicação informação, Shannon queria medir informação, dai resulta o bit. Na verdade o bit só é eficiente para medir dado. E irrelevante para medir conhecimento.
O Bit surgiu independente do computador. A teoria é simplificando a extremo, uma em duas igualmente provável. On\Off ( 1,0) A,B um bit, para um dado que contenha um bit, se faz necessário uma pergunta do tipo sim ou não. Para um sistema a,b,c,d é preciso duas perguntas, para a,b,a,b,a,b,a,b três perguntas. O bit é bom para dados.

Devlin propos o infum como medida de informação.
para o infun é 0 ou 1 porém dentro de circunstâncias. Sim ou não em determinado contexto. Na prática o que reina é o bit, quanto mais raro o evento, abcdef, a raridade a faz mais carregada de informação. É o que move a mídia.
Um cachorro mordeu o professor. Não tem raridade.
Já, se o professor mordeu o cachorro. A raridade é Máxima.
Toda a mídia é movida pela raridade.

Já para o conhecimento, e alem de entrar no conteúdo a unidade proposta é o Chunk of Knowledge, por Herbert Simon and Popet em 1998.
Em resumo para Simon and Popet. Num filme, as belas cenas são as informações. Mas um bom filme não vive de belas cenas, depende de amarrações, enredo, enfim conhecimento.
A sabedoria está no conhecimento daquilo que tem valor. Conhecer aquilo que é relevante.
O grande debate entre Chomsky e Piaget.
Para Piaget, o conhecimento todo ele se constrói. Construtivismo.
O grande debate se deu na decada de 70 entre Jean Piaget e Noan Chomsky.
De um lado Jean Piaget construtivista e do outro Noam Chomsky tido como defensor do inatismo.
Porem nenhum deles pensava que se nasce sabendo.
Piaget defende que o conhecimento se constrói de maneira isomórfica à organização das ações. Por exemplo se queremos ensinar a 'Comutatividade', Piaget nos diz que se vivenciando a comutatividade, o aprendiz constrói isomorficamente a ideia comutativa na cabeça. As estruturas cognitiva se constroem partindo-se das ações.
Chomsky diz que sem as ações não se constrói, mas a estrutura, são como o motor de partida de um carro, sem ligar o motor de partida, não se liga o carro, mas o motor de partida não tem nada a ver como o motor, não dá para procurar isomorfismo entre o motor de partida e o motor do carro.
Para Chomsky, ao menos no que diz respeito a linguagem, todos nascemos com esse 'motor de partida'.

Mas nenhum deles achava que o conhecimento é inato, o que não passa de uma simplificação sem sentido.
Para Piaget as estruturas cognitivas são todas criadas do zero, ao passo que para Noam Chomsky todo mundo nasce com a competência para aprender a própria língua. Nascemos com um órgão ( competência), um órgão 'abstrato' ,este é o inatismo do Chomsky.
Mas Piaget cede e concorda que cada um nasce com um 'funcionamento geral de conhecimento'. Esse funcionamento geral nada mais é que o ponto de partida, que aquele órgão de competência que nos diz Chomsky.
Construir o conhecimento é a verdade para ambos. Isomorfismo de Piaget permanece e para Chomsky não se trata de puro inatismo.
Filogênese. Na especie.
Ontogênese no indivíduo.
Hipótese de que há ontogênese recapitulando a filogênese.
Esta história de que num indivíduo se repete a humanidade, já foi fuzilada.
Piaget e Rolando Garcia. Escrevem Psicogênese e Estudo da Ciência.
Na filogênese o que vem antes, o trabalho ou a linguagem. E na ontogênese o que vem antes é a linguagem. Na especie o trabalho antecede a linguagem. Há paralelismos. Mas a recapitulação facilitaria nossa vida.
O conhecimento se constrói.
O importante é como se constrói.

4 de set. de 2012

Conhecimento.



Epistemologia. Teoria do conhecimento.

Hoje é muito comum acompanhar pela grande mídia a “economistas” falarem escreverem sobre educação. Nada mais, nada menos pelo simples fato de o conhecimento ter se tornado o maior fator de produção. Se na Grécia antiga a episteme, o logus, nada tinham a ver com o mundo do trabalho, com o fazer, com a técnica, hoje o conhecimento é tratado como valor de troca.

Então economista analista diz: A EDUCAÇÃO É FUNDAMENTAL. Com o argumento de que até 2020 o conhecimento no mundo será dobrando a cada 80 dias. É só uma confusão, pois ele está confundindo conhecimento, com informação. Conhecimento talvez esteja a crescer, mas difícil dobrar o volume, o que dobra de quantidade são dados de um banco de dados.
Diz-se também comumente: sociedade do conhecimento, mas na verdade é sociedade da informação, de dados e de banco de dados.
A base da sociedade são os bancos de dados. E a marca do dado, a característica do dado é a acumulação. Os dados de um banco de dados nos entopem, saturam, soterram. Quem dispõe de muitos bancos de dados, pode estar entupido de irrelevâncias.
Informação já envolve gentes, pessoas. A marca da informação é o veiculo e a comunicação que a faz circular entre as pessoas. Para se chegar a informação e preciso tratar os dados. Por exemplo, os gráficos, a estatística. Tudo que se faz na escola é tratar a informação. Trabalhar a informação para chegar ao conhecimento. O conhecimento se faz da informação, que se faz com dados. A vida do banco de dados depende das pessoas, do conhecimento.
A marca da informação é a efemeridade, e a efemeridade decorre da fragmentação.
Por isso a informação é caco, vidro estilhaçado. O jornal de ontem não serve para nada. A revista do mês passado está jocosamente associada a sala de espera.
O conhecimento é mais que isso. O conhecimento se constrói, evolui... não perde validade.
Conhecimento lembra primeiro teoria, que depois nos leva a compreensão.
Teoria é visão. Teoria e Teatro tem a mesma raiz grega, mas teoria é a visão que leva a compreensão. Teoria é uma visão organizada. Que nos faz entender. Para a educação agir sem teoria, é agir às cegas. A teoria mesmo que seja tácita, sempre há nela uma visão uma imagem que orienta, mesmo que seja uma proto teoria.
A escola nunca vai ser o melhor banco de dados, nem pode competir com a Internet. Nem significa “tecnologia embarcada” salas cheias de computadores, ipads, tabletes etc.
O foco da educação escolar, formal, é o conhecimento.
A primeira escola politécnica é francesa.
Para desempenhar tal profissão é preciso estudar tal coisa. Isso está na enciclopédia pela primeira vez. É o primeiro lugar que se encontra escrito, o mapa das matérias e das ocupações e suas bases curriculares. Porque anteriormente a universidade era onde se aprendia a cultura.
De nada vale tanta tecnologia a disposição se não se tiver nada a dizer.
Há uma enorme fragmentação. Mas a escola é multidisciplinar, apesar das fracas interações entre as disciplinas, por isso que depois se cria a interdisciplinaridade, é tentativa de melhorar.
O fenômeno mais recente – décadas recentes – é a intra disciplinaridade. Há disciplinas muito especificas, e de tão especificas, não convivem com a disciplina de origem, ampla.
Afunilamento não tem retorno, mas precisa ter conserto.
A busca moderna é a transdisciplinaridade. Ver alem da disciplina, objetos maiores.
Mapeamento genético é fundamental, mas Eutanásia pode? Clonagem pode? Essa resposta não está no DNA, nos genes, ou no aprofundamento da pesquisa, há momentos que há de tirar o olho do microscópio para ver além do pixel, ver a foto, imagem. Essa resposta é transdisciplinar. Por isso se fala em Bioética.
Há dois tipos de preocupação. Não se pensa em acabar com a disciplina. É preciso disciplinar. As disciplinas.
O primeiro currículo é o Trivium: lógica dialética, a gramática e a retórica, isso era o trivial. Era falta de civilidade tratar mal a língua. Era preciso argumentar. E preocupar-se com o outro, a retórica, convencer o outro, vencer com, junto, com o outro.
Curiosidade: A palavra 'autos' em latim é elevado e profundo.